O drama dos refugiados pode ser contado de muitas maneiras. No filme “Styx”, produção austríaca-alemã, o diretor Von Wolfgang Fischer optou por uma ótica minimalista, colocando a responsabilidade na excelente atriz Susanne Wolf. Ela interpreta uma médica que faz uma viagem de lazer sozinha em seu barco entre Gibraltar e a Ilha de Ascensão.
Tudo corre dentro do esperado até o momento que, após uma tempestade, surge no mar um barco pesqueiro à deriva com africanos que buscam atingir a Europa. A protagonista, em sua pequena embarcação, pouco pode fazer a não ser informar autoridades e outras embarcações, mas todas se manifestam burocraticamente – e o tempo vai passando...
A situação se complica ainda mais quando um menino se joga no mar e consegue alcançar o microcosmos da aventureira. A relação entre ambos é ambígua, pois ela salva o jovem e, quando ele se recupera, exige dela uma atitude, inclusive porque a irmã dele está no barco prestes a afundar com centenas de pessoas sem comida, água ou atendimento humanitário.
A dificuldade da aparentemente autossuficiente protagonista lidar com a situação traz um poderoso questionamento. Dever-se-ia seguir as recomendações da guarda costeira e se afastar do navio? Ou priorizar uma percepção de auxílio ao naufrágio iminente? Quais os fundamentos morais e éticos dessas decisões? Não deixe de ver...
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.