Já passou a o tempo de e arte discutir a existência ou não de Deus. A questão parece ter sido superada pelos radicalismos extremistas do sim e no não que estão tomando conta da sociedade. Por isso, o filme “Calmaria”, dirigido por Steven Knight, deve ser visto com renovados olhos curiosos.
A questão que ele coloca é outra: seriam os deuses programadores de computadores? A pergunta ganha sentido numa trama em que somos enganados o tempo todos, pois acredita-se inicialmente que o tema central seja aluta de um homem para pescar um enorme peixe, tema aliás recorrente na literatura universal.
Logo em seguida, pensa-se que o assunto é um caso e amor entre o pescador é sua antiga namorada, com quem gerou um filho antes ir para a Guerra do Iraque. Mas percebe-se que a dramaturgia é conduzida por esse menino, que acabará por assassinar o padrasto, que bate e humilha sua mãe constantemente.
É esse menino que ergue universos paralelos em seu computador, programando e estabelecendo as mais variadas situações, com reviravoltas constantes e nuances de personalidade aparentemente inconsistentes, mas que podem ser interpretadas justamente por serem fruto de uma mente adolescente. Seria esse menino um novo Deus a adorar?
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.