Petróleo não é solução para nada

O petróleo é uma fonte de energia empregada como combustível em ampla escala desde meados do século 19. Todavia, pouca coisa mudou de lá para cá. Somente no início do século 20, o petróleo passou a ser processado a fim de que fossem obtidos derivados mais adequados a algumas aplicações específicas. Até ali, o petróleo era simplesmente queimado em usinas e caldeiras no estado em que era extraído do subsolo.

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Os processos iniciais de utilização do petróleo tinham como principal característica a baixíssima eficiência térmica, ou seja, muito pouco da energia gerada na sua combustão era de fato aproveitada no processo em questão. Estima-se que as caldeiras industriais de fins do século 19 desprezavam cerca de 90% da energia gerada, liberando esse volume para a para a atmosfera ou sendo absorvida e dissipada pelas paredes do equipamento. Apenas 10% do calor produzido era de fato transferido ao processo.

No início do século 20, entretanto, surgiu o automóvel, veículo de transporte individual que, como seu nome diz, se movia sozinho. Como no caso das caldeiras do século 19, os automóveis eram equipados com motores de combustão interna de baixo rendimento, ou seja, desperdiçavam muito da energia gerada com a queima do combustível. A diferença agora era que o combustível passou a ser um destilado do petróleo, a gasolina. Ainda assim, o rendimento da máquina continuava muito baixo, ou seja, produzia muito pouco trabalho útil, a saber, o transporte de passageiros e de carga.

Passou-se mais de um século desde então e a grande evolução do automóvel é que ele foi transformado em bem de consumo e símbolo de status. Seus motores continuam com baixo rendimento – algo próximo de 26 ou 27% - o que é incompatível com o atual estágio da tecnologia em muitas outras áreas. Continuam sendo veículos de transporte para somente, em média, 1,7 pessoas, o que causa grandes congestionamentos nas grandes cidades do mundo. Os governos, os fabricantes de automóveis e as empresas petroleiras ignoram solenemente que a relação-limite entre automóveis e espaço disponível para a circulação deles nas grandes cidades já foi, há muito, ultrapassada.

Diariamente, milhões de veículos passam horas parados em meio ao trânsito das grandes cidades, com seus motores funcionando, contaminando o ar e os pulmões de motoristas e passageiros.

Há ainda um outro relacionamento bastante nocivo para as pessoas que vivem em grandes cidades sem um planejamento mais sério: a proximidade de interesses entre empresas de petróleo e empresas fabricantes de automóveis ignora o conforto de muitos milhões de pessoas que precisam se deslocar em cidades afogadas em trânsito urbano caótico. Seu único objetivo é o lucro.

Já passamos da hora de repensar o modelo de consumo de energia em nossa sociedade. É hora de reduzir nosso consumo de energia convencional. Há à nossa disposição diferentes fontes de energias alternativas como a eólica, a solar, a das marés, a hidrelétrica e outras. O uso de energia produzida por essas fontes somado a uma redução do nosso consumo pessoal de energia será capaz de tomar o lugar de grande parcela da energia do petróleo e do carvão mineral. Poderemos fazer caminhadas para nosso deslocamento em distâncias a nosso critério. As bicicletas são outra excelente opção para deslocamento em nosso dia-a-dia. Enfim, está na hora de sair da dependência maligna do petróleo e seus derivados. Esses modos de deslocamento, além de contribuírem com o espaço livre e a redução da poluição ambiental traz bons resultados para nossa saúde pessoal.

Para finalizar, temos que abordar a questão da soberania dos países detentores de grandes reservas de petróleo. Esta é uma falsa questão. De início, é preciso frisar que o Brasil não é um país soberano, assim como não o são os países árabes grandes produtores de petróleo, a Arábia Saudita, Emirados, Kuwait, Iraque, que não passam de protetorados dos EUA. Também não são soberanos os países africanos em situação idêntica, a saber, Nigéria e Angola, além da Indonésia no sudeste da Ásia. Embora tenha hoje volumosas reservas de petróleo, o Brasil é largamente subordinado a outros interesses nos campos econômico e financeiro.

Portanto, nos dias atuais o petróleo é mais um problema do que uma solução. 

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