A moeda – qual é seu real valor?

A economia monetária se apresenta como articuladora de recursos no atual cenário econômico global. Para que se possa compreender sua importância, temos que recorrer aos Acordos de Bretton Woods e suas consequências, assinados em 1944.

De forma breve, os Acordos de Bretton Woods foram acordos assinados entre as maiores economias do mundo em 1944, sendo que o principal resultado desses tratados foi que o dólar americano passou a ser a moeda oficial de troca do planeta, aceita em todas as transações. A maior motivação para esses acordos foi a destruição promovida pela Segunda Guerra Mundial e a afirmação dos Estados Unidos como maior potência mundial e sua capacidade de se transformar no maior credor da reconstrução dos países europeus por meio do Plano Marshall.

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Papel-moeda ou moeda-papel?

Naquele momento, o dólar americano era lastreado em ouro, constituindo a política monetária conhecida como padrão-ouro. Isto implicava que cada cédula de dólar correspondia a uma quantidade de ouro físico de valor equivalente, armazenada nos cofres do Banco Central dos EUA. O ouro foi utilizado como garantia ou lastro da moeda por seu alto valor, valor esse resultante de sua escassez, embora não fosse, a rigor, tão escasso como outros metais preciosos. Havia ainda outro problema com o padrão-ouro: o crescimento das economias americana e mundial poderia levar a uma situação em que não haveria ouro bastante para lastrear toda a crescente riqueza.

No entanto, em 1971, o presidente Nixon, dos EUA, desvinculou o dólar do ouro, fazendo com que a moeda americana deixasse de ter mais qualquer mecanismo de sustentação ou lastro, tornando-se um papel pura e simplesmente, cujo valor seria sustentado pela credibilidade da economia americana e pela atuação do FED (Banco Central dos EUA). Ou seja, um pedaço de papel passou a ser visto como mercadoria em si mesmo. Este conceito já tinha sido tratado, com o brilhantismo habitual, por Karl Marx, quando tratou da questão de que no capitalismo, alguns títulos seriam negociados como mercadoria.

Este modelo funcionaria enquanto a credibilidade da economia americana fosse preservada. O Banco Central Americano – o FED – não tinha liberdade para imprimir dólares à vontade. Todavia, não houve e não há quem possa fiscalizar esse processo e garantir que essa impressão não ocorreu e ainda ocorre. Esse simples fato reduziu a credibilidade da economia americana. É bastante possível e quase certo que haja mais dólares em circulação na economia global do que a credibilidade da economia possa assegurar.

Assim, nada mais natural que algumas economias buscassem escapar desse sistema defeituoso. O primeiro passo nessa direção foi a criação do Mercado Comum Europeu (MCE), em 1957. Esta organização teve como finalidade a integração dos países da Europa Ocidental e melhorar seu relacionamento econômico e social. A seguir, em 1992, foi criada, pelo Tratado de Maastricht, a União Europeia, um bloco econômico voltado para o estabelecimento da cooperação econômica, ambiental, social e política entre os países-membros. É um dos exemplos de blocos mais avançados apresentando uma integração econômica, social e política, uma moeda comum, livre circulação de pessoas e funcionamento de um Parlamento Europeu formado por deputados dos países-membros e eleitos pelos cidadãos.Um dos pontos de destaque da União Europeia foi a implantação de uma moeda comum, o euro. O euro segue também o modelo do dólar americano. Seu valor está lastreado na solidez da economia do bloco de países que cuidam de sua emissão.

euro tem aceitação ampla em 19 países da União Europeia, assim como o dólar tivera antes. Assim, vê-se que a implantação do eurocomo moeda de circulação no Bloco tem servido também para escapar ao monopólio do uso do dólar e das incertezas que isso pode trazer com a instabilidade atual da economia americana. Nem todos os países-membros da União Europeia, entretanto, adotaram oeuro como moeda. Dos 28 países-membros, 9 países do bloco estão fora da chamada Zona do Euro e permanecem usando suas moedas anteriores. São eles: Bulgária, Croácia, Dinamarca, Hungria, Polônia, Romênia, Reino Unido, República Checa e Suécia, uns por interesse econômico e outros por não terem ainda cumprido as exigências econômicas e sociais requeridas.

Há ainda outras situações em que outras moedas são utilizadas de forma a evitar uso do dólar como moeda de troca. Essas moedas ditas “fortes” são aceitas nas trocas entre países em função da sua conversibilidade, da credibilidade da economia dos países que as emitem e sua consequente aceitação como meio de pagamento. Assim, segundo esses critérios, são tidas como moedas fortes o iene japonês, o franco suíço e a libra esterlina. Espera-se para breve que o yuan chinês passe a fazer parte desse seleto grupo de moedas.

Resumindo o quadro vê-se que a moeda perdeu muito de sua validade nos últimos tempos. Da representação do valor real de algo que a lastreava, a moeda tem hoje seu valor vinculado a algo subjetivo, manipulável e, portanto, sem credibilidade.

Em tempos remotos, juntar moeda em cofres era uma forma de preservar riqueza. Atualmente, aplicar o fruto do trabalho em papéis cotados nos mercados é simplesmente uma forma de enganar a si mesmo, dado que mesmo as moedas que representam o valor desses papéis têm valor simbólico.

Este é o mundo do capitalismo financeiro no qual quer queiramos ou não estamos todos mergulhados. E assim caminha a humanidade. O verbo mais conjugado em nossa civilização é o “ter”. O “ser” foi apagado de nossos dicionários. Ter bugigangas passou a ser o objetivo de bilhões de seres que se esqueceram de ser.

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