O título pode ser agressivo, mas é verdadeiro, e quem disse isto foi o filho de um alemão nazista que morreu lutando contra tropas soviéticas que davam o golpe fatal na loucura de Hitler. Foi o jornalista e escritor Fritz Utzeri, que esteve em Macaé fazendo palestra na Fafima, à convite da Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPET), em agosto de 2001.
Crítico do sociólogo presidente Fernando Henrique, a bordou o sério problema da corrupção no Brasil. Considerando uma situação endêmica, histórica, disse que cadeia apenas não é a solução para reduzi-la a níveis aceitáveis, e deu um exemplo de como se poderia fazer contando uma pequena e curiosa história:
-"Bem oportuna neste governo de FHC, gosto de contar a história de um ministro da Fazenda do Rei Luiz XIV. Ele estava novinho ainda, tinha acabado de assumir o trono e vinha de uma guerra perdida para a Espanha. E, para pagar as dívidas contraídas, porque naquela época já havia banqueiros que financiavam as guerras, ele teve que mandar derreter suas preciosas baixelas de ouro. Mas seu ministro da Fazenda resolveu fazer um castelo, uma obra lindíssima que está lá ainda hoje, próximo a Paris, para os turistas se encantarem com sua beleza e harmoniosa arquitetura, que inclusive, por ironia serviu de inspiração ao próprio Luiz XIV para construir seu Palácio de Versailles. Então, acabada a obra, o ministro resolveu dar uma festa em sua inauguração, com banquetes enormes, teatro e muito foguetório. E sua majestade, com sua mãe dona Ana, da Áustria, sentada ao lado, era servido em baixelas de ouro. Perplexo e intrigado, resmungava: -"Puxa! Esse cara anda me roubando, não é possível! Se eu tive que que derreter as minha para vender e pagar as dívidas do país, esse cara está aqui com essa riqueza nessa crise toda! Vou prender". Mas sua mãe, com ardilosa e sutil sabedoria, redarguiu: -"Não, meu filho, a festa está muito boa, deixa para fazer isso amanhã de manhã. E no dia seguinte lá estavam os mosqueteiros do Rei batendo na aldrava do castelo para conduzir o ministro ladrão a uma torre, onde ficou preso durante 65 anos, até morrer, numa cela 3x2, com seis metros de altura, por onde só podia ver a luz entrando. O Rei nunca perdoou o ministro corrupto"
Macaé Jornal, e nenhum outro, fez questão de publicar essa história, por não ser um dado isolado e cristalizado no tempo, mas um exemplo de efeito dinâmico como é o processo histórico, que nos faz refletir sobre os momentos conflituosos que estamos vivendo. Os bilhões de royalties que escoaram por caminhos estranhos sem deixar sinais ao longo de vários mandatos, não seriam desvios refletidos nas baixelas do ministro ladrão? Com tantos ministros corruptos no poder, não seria bom uma reflexão neste ano de processo eleitoral?