A Mocidade Independente tentará em 2018 através do patrocinado enredo indiano e samba-enredo intitulados: "Namastê... a estrela que habita em mim saúda a que existe em você" um bicampeonato diferente do que conquistou em 1990 e 1991. Pra ter-se ideia, a Mocidade é detentora de cinco títulos de campeã na 1ª divisão/Grupo Especial do Carnaval Carioca (1979, 1985, 1990, 1991, 1996 e 2017) e foi fundada em 10/11/1955. Suas cores oficiais são verde-branco e sua madrinha é a azul-branco Beija Flor que é detentora de 13 títulos e foi fundada em 25/12/1948. Ambas agremiações são comunitárias e contam com massivas e apaixonadíssimas torcidas, quase fanáticas pentecostais.
Por isso, ambas comunidades e torcidas são exploradas e dominadas por presidentes de "honra" nefastos empresários zootécnicos condenados à prisão, mas que permanecem em liberdade graças à grana que possuem e propiciam "comprarem" advogados corruptos, para impetrarem recursos de última instância na suprema corte de justiça. Não por outra razão, o título de campeã 2017 da Mocidade ocorreu um mês depois da quarta-feira de cinzas quando a campeã pela 22ª vez Portela já tinha sido declarada, recebido a taça e comemorado. Ou seja, o título de também campeã 2017 da Mocidade foi dupla virada de mesa que rasgou o estatuto da LIESA e o regulamento do carnaval do ano.
Isto é, o título de co campeã 2017 da Mocidade foi dado "de graça" (?) por sete votos favoráveis dos dirigentes da própria Mocidade, Mangueira, Grande Rio, São Clemente, Tuiuti, União da Ilha e Unidos de Vila Isabel, abstenções da Beija Flor, Império Serrano, Salgueiro, Imperatriz e Unidos da Tijuca e o isolado voto contrário da Portela. Em junho deste ano, o jornal burguês o Globo publicou notícia informando que a Polícia Federal passou a investigar, que corre em segredo de justiça, se o dinheiro sujo das atividades criminosas praticadas pelo presidente de "honra" da Mocidade teria sido usado para a "compra" de tal título de campeã. Cuja réplica de taça só foi entregue aos dirigentes dia 14/10/2017.
Aproveitando a seletiva "moralização" que tem livrado o presidente da República de denúncias de corrupção, a comunidade, a torcida e os dirigentes da Mocidade Independente estão empolgados de que o desfile oficial 2018 da agremiação merecerá a conquista do título de bi campeã conforme ocorreu em 1990 e 1991. Em cuja época áurea por apresentar desfiles competitivos, épicos e vitoriosos, a agremiação se sagrou campeã 1990 obtendo notas 10 unânimes em todos os quesitos. Na oportunidade, desenvolvido pelo então casal de carnavalescos Lílian Rabelo & Renato Lage este atualmente na Grande Rio, o título do enredo e do samba-enredo de coautoria dos compositores Jorginho Medeiros, Tiãozinho da Mocidade e Toco foi: "Vira, virou a Mocidade chegou".
Apesar de não ter conseguido notas 10 unânimes nos quesitos enredo e samba-enredo por ocasião do já citado título de campeã 2017 conquistado no tapetão, no Carnaval 2018 através de enredo "Namastê... a estrela que habita em mim, saúda a que existe em você" que será desenvolvido pelo carnavalesco Alexandre Louzada, dessa vez a Mocidade Independente objetiva conquistar o título de bi campeã, sem necessidade da dupla virada de mesa conforme ocorreu neste ano. Por último, a íntegra do samba-enredo 2018 da Mocidade cuja parceria é liderada pelo compositor-bamba Altay Veloso é a seguinte:
"Kamadhenu/Derrama leite em nosso terreiro/
Ganesha tem licença do cruzeiro/Desemboca o ganges/
Cá no Rio de Janeiro/Os filhos de Gandhi/Hoje são brasileiros/Brahma foi quem guiou/Velas de Portugal/E trouxe a Índia/Ao gantois da mãe querida/Padre Miguel chamou/Shiva pro carnaval/E namastê pra todo povo da avenida/Hora de se benzer/Hora de ir ao mar/Do sal à doce liberdade/Há tempo ainda!/Desobedecer pra pacificar/Como um dia fez a Índia! Theresa de Calcutá/Ó santa senhora/Ó madre de luz/Venha pra iluminar/Esse povo de Vera Cruz. Clama o meu país/À flor do lótus/Símbolo da paz/E a vitória régia/Da mesma raiz/Pela tolerância/Entre os desiguais/Nesse "Holi"/Eis o triunfo do bem e da fé/Nerhu, Dom Helder, Chico Xavier/Olhem pra Índia e pro Brasil!ÔÔ/Bendita seja/A santíssima trindade/Em Nova Deli/Ou no céu tupiniquim/Ronca na pele/Do tambor da eternidade/O amor da Mocidade/Sem início meio e fim!".
*jornalista – é torcedor da Portela