São inúmeros os estudos que tratam da distinção entre o público e o privado. No entanto, estamos vivendo um novo momento da humanidade em que essa fronteira, tão importante em diversos momentos, se dilui completamente. Somos o que somos ou o que os outros que querem que sejamos?
É o que ilustra o filme 'O Círculo'. Dirigido por James Ponsoldt e baseado no livro homônimo de Dave Eggers, conta a história de uma jovem (Emma Watson) que consegue trabalhar na maior empresa de tecnologia do mundo ('O Círculo' do título), liderada pelo personagem interpretado por Tom Hanks.
A empresa desenvolve produtos e serviços que permitem que a vida privada se torne pública online praticamente sem restrições. Desse modo, a privacidade praticamente deixa de existir não só em termos de ações cotidianas, mas também no que diz respeito a dados. Tudo pode ser compartilhado o tempo todo.
O filme é um ponto de partida para discutir questões morais e éticas. Se a vida que consideramos real passa a ser um reality show, como ficam as pessoas que não desejam participar desse big brother permanente? Haveria espaço para elas? O filme parece indicar que não... E você? Por que me ler em vez de escrever seu próprio texto?
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Oscar D'Ambrosio, Doutor em Educação, Arte e História da Cultura e Mestre em Artes Visuais, atua na Assessoria de Comunicação e Imprensa da Unesp.