A vergonha de Geraldo Vandré Zé Ramalho e os “caras-sujas” de Campos

Semana dessas, recebi através do Orkut, uma notícia: “Geraldo Vandré está vivo!”. Confesso que não estava acreditando, mas tive que clicar no link da página para ler uma crônica de Humberto Almeida, do Jornal Crônicas Cariocas, para comprovar o fato.
Há um bom tempo, venho fazendo uma outra pesquisa e ouvindo a sua canção mais famosa, e comparando-a com a de um poeta português, diante da Revolução dos Cravos, em abril de 1974. As duas músicas são similares, no contexto, e até mesmo na musicalidade. Quem ouve Geraldo Vandré cantando “Pra não dizer que não falei das flores”, e comparar com Zeca Alfonso e duas de suas canções que foram a senha para a Revolução dos Cravos, (“E agora adeus” e “Grandola Vila Morena”), há de compreender e perceber a semelhança entre as três músicas. 

Mas quando lembro de Geraldo Vandré e o momento que ele viveu, em meio à ditadura militar. O antes, e o depois do AI-5, o fechamento do Congresso, e, a marca principal de sua geração, que foi as ruas para protestar contra o golpe militar, e esses mesmos estudantes liderados por Vladmir Palmeira, enfrentam a polícia. Vejo que, se Geraldo Vandré estivesse residindo em Campos dos Goytacazes, teria morrido de vergonha na semana passada.
Porque diferentemente dos caras-pintadas, vestidos de preto, em protesto contra um ex-presidente, os estudantes campistas, desconhecedores da história dessa Nação, foram as ruas sim, mas não para protestar, para defender um dos piores governos municipais que Campos tem visto.
Todos os dias, escândalos e mais escândalos jorram nas páginas de um jornal, que é contra o governo municipal. Se bem que é bom esclarecer, este mesmo jornal tem o casal de ex-governadores do Estado, como figuras de destaque de suas páginas. Enquanto os outros, jornais se posicionam contrários ao casal.
A duas semanas o ex-governador vinha utilizando os microfones de sua emissora de rádio para mostrar a população o que anda acontecendo dentro da prefeitura, que é fato e todo mundo sabe, a corrupção anda de mãos dadas com o prefeito e mais alguns assessores, que enriqueceram da noite para o dia.
Por outro lado, o secretário de comunicação que é simpatizante da comunidade GLS, incitou sua amiga, para que ela também fizesse uma passeata para defender os interesses da prefeitura.
Resultado: na quinta-feira, o trânsito de Campos virou o caos diante do trio elétrico do ex-governador que estava atravessado na avenida, e parado diante da Câmara Municipal. Salienta-se o fato de que, o ex-governador, sob o trio elétrico foi impedido de continuar o seu protesto, porque os vereadores dentro do prédio alegaram que não estavam conseguindo trabalhar. Anotem bem, “não conseguiam trabalhar”.
No dia seguinte, um dos jornais, contrários ao ex-governador estampava em letras garrafais: “Palhaçada!”, alegando que o protesto do ex-governador era irrelevante diante das circunstâncias. Enquanto o jornal, que abrigava o discurso do ex-governador, exibia em uma imensa foto, o trio elétrico e uma multidão em frente ao mesmo. Só quem trabalha com publicidade é que percebeu algo que os menos desavisados não puderam perceber, a foto desse jornal teria sido manipulada e duplicado o número de pessoas em frente ao trio elétrico para dar a impressão de que havia muito mais gente do que se esperava.
Mas fiquei admirado de ver no sábado último a manchete do jornal que é contrário ao casal de ex-governadores. O jornal em uma matéria especial mostrava que a Câmara Municipal só estava tendo uma reunião por semana. Das três que existiam na época em que o irmão do ex-governador era presidente. Com isso, o minuto de trabalho de um vereador em Campos estava custando R$ 112,00 (cento e doze reais) “por minuto”. E o salário do trabalhador comum, como é que fica?
Diante desse fato novo, não me restou outra alternativa em me perguntar “de quem afinal era a palhaçada?”. O que mudou de uma hora para outra nas editorias desse jornal para que ele acabasse revelando um fato que havia sido cantado, e mostrado pelo ex-governador? Teria sido a falta da verba da prefeitura ou da câmara? Ou o adiamento do pagamento de alguma fatura comercial dessas duas instituições?
Mesmo assim, pasmei quando soube que estudantes teriam defendido o governo do prefeito Mocaiber, quando em outras oportunidades, estudantes do Brasil inteiro, saíram as ruas para protestar contra governantes inescrupulosos.
Daí digo, que se Geraldo Vandré estivesse morando em Campos, teria ficado com vergonha diante da situação. E quem sabe em um outro trio elétrico ou carro de som, Zé Ramalho passasse cantando a sua célebre música “Admirável Gado Novo”, exaltando a massa de estudantes que havia virado massa de manobra de quem usurpa do poder para enriquecer ilicitamente, deixando o povo à míngua de obras e serviços que eles, autoridades municipais deveriam estar fazendo. E dos vereadores então, que deveriam estar trabalhando para fiscalizar o prefeito que vive viajando e sumindo da cidade, e não passa o cargo para o vice.
Sei não, talvez Geraldo Vandré, subisse no trio elétrico, e cantasse a sua música, nenhum dos estudantes absorveria e perceberia nessa canção o sentimento de patriotismo que incitou àqueles jovens do Rio de Janeiro a fazer uma caminhada pela Presidente Vargas e Avenida Rio Branco, revoltada contra as oligarquias que insistiam em se esconder por detrás dos seus escritórios, despachando sei lá o que, e fazendo o povo viver de quatro, comendo grama, e dizendo que aquilo é verdura de altíssima qualidade nutricional.
Porque se Campos dos Goytacazes, já foi conhecida nacional e históricamente como a terra da cana-de-açúcar, hoje pode se orgulhar, de ser a terra do gado humano.
Até a próxima!

* O autor é bacharel em jornalismo. 

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