O comandante em chefe da Revolução cubana, Fidel Castro, era a maior personalidade viva do século passado. Sua trajetória todos sabemos, suas guerras contra o imperialismo, contra a opressão capitalista e a guerrilha desenvolvida em Sierra Maestra contra o exército de Fulgencio Batista, que levou Cuba a ser o primeiro país socialista do hemisfério ocidental.
Antes da Revolução, que teve êxito em 1º de janeiro de 1959, Cuba era quintal dos norte-americanos, parque de diversão de milionários, artistas e políticos. O capitalismo fazia a dança dos dólares na ilha ao mesmo tempo em que oprimia e humilhava seus habitantes.
A proclamação da República de Cuba, a implantação do Estado Comunista, a aproximação com a União Soviética, que instalou armas nucleares em território cubano, aliado ao ‘perigo’, segundo a CIA, de que a revolução cubana fosse parâmetro para outras revoluções no continente, levou os Estados Unidos a promoverem o maior bloqueio econômico da história, além de tentarem assassinar o líder cubano por diversas vezes.
Em uma das tentativas, há muita lenda nisso, os EUA enviaram charutos envenenados para Fidel, também tentaram contra a vida do Comandante presenteando-o com canetas tóxicas. O que vai ficar para a história foram a invasão da Baía dos Porcos e o embargo que fez com que a Organização dos Estados Americanos – OEA – excluísse Cuba dos acordos comerciais. Fidel morreu várias vezes e em todas conseguiu ficar de pé e sair andando.
Apesar de todas as tentativas de desmonte do que passou a ser a ‘pedra’ no sapato imperialista, Cuba tornou-se referência para intelectuais e artistas, referência na medicina e na educação. Um país, tratado como ‘uma ilha’, conseguiu sobreviver com o que tinha, sem ficar de joelhos para o mundo ocidental e suas aberrações e injustiças sociais.
O povo cubano tinha admiração, respeito e carinho por Fidel. Ele recebeu o apelido de “El Caballo’ durante inflamado discurso de horas, logo após tomar a cidade de Havana com seus companheiros. Em meio ao discurso, uma revoada de pombos circulou sobre sua cabeça e um deles posou em seu ombro tendo ficado aí por muito tempo. O pombo é símbolo de Oxum em Cuba e o povo começou a gritar: ‘El Caballo de Oxum”.
Fidel Castro não era imortal, pelo menos fisicamente, e foi acometido de grave doença que o afastou das Praças e do Povo. Depois de sobreviver aos vários atentados e conseguir sustentar um governo a base do nacionalismo e da bravura, teve que pedir licença da vida e subir Sierra Maestra mais uma vez, sem as metralhadoras, mas ao lado de camponesas guerrilheiras que desceram para conduzi-lo à eternidade.
“Hoje, milhões de crianças dormirão nas ruas. Nenhuma delas é cubana” (Fidel Castro)
Ricardo Mezavila é escritor.