Campos terra das “delícias”, da corrupção e da inoperância.

Meus amigos, pra início de conversa eu sinceramente não sabia o que escrever essa semana. Mas diante dos fatos que foram acontecendo, resolvi colocar em clichês, os fatos abaixo descritos para que vocês tenham em mente uma fotografia do que está acontecendo em Campos dos Goytacazes. Vamos aos fatos:

1º clichê – Tribunal de Contas do Estado comprova que dos R$ 200 milhões gastos pela Prefeitura Municipal de Campos dos Goytacazes, R$ 151 milhões foram gastos em obras desnecessárias.

 

2º clichê – Quinta-feira, 26 de outubro. Uma chuva torrencial desaba sobre a cidade por algumas horas, deixando-a completamente alagada e causando transtornos à população. Muitas pessoas que deveriam sair do serviço no início da tarde/noite, só conseguiram chegar em casa depois das 23 horas.

3º clichê – Jornal O Diário publica em sua edição de 28 de outubro, cópia do Extrato Contratual onde a Codemca – Companhia de Desenvolvimento do Município de Campos, contrata a empresa EQUATEC CONSTRUÇÕES LTDA, para o serviço de exumação e inumação, limpeza com capina, varredura etc. ao valor de R$ 1.414.000,00 (hum milhão, quatrocentos e quatorze mil reais). Mas o Edital só publica a relação dos cemitérios que serão atendidos, e não informa o prazo de execução do referido contrato.

4º clichê – Sábado, 27 de outubro. Debate em curso de pós-graduação mostra que assessores da Prefeitura não conseguem enxergar o óbvio diante de duas situações antagônicas. No primeiro momento é mostrado uma revista de alto custo onde a sociedade campista exibe seus banheiros. No segundo momento, em uma foto de um jornal, publicada em uma coluna social, uma socialite exibe um tijolo em uma festa de “Pagode na laje”, e com um capacete de pedreiro na cabeça.

5º clichê – Domingo, 28 de outubro. Um Guarda Civil Municipal proíbe skatistas de praticarem sua arte na Praça do Santíssimo Salvador. Um dos Guardas, chega a dizer em público que, “ali não tem prefeito, quem manda é ele”. Detalhe: a cena foi gravada pelo editor de um programa de televisão, que dois meses antes, cuja apresentadora entrevistou o prefeito da cidade este declarou que apoiaria o skate, porque “é uma maneira de tirar os jovens da favela”.

Sinceramente, diante de tantos fatos e tantos absurdos fica difícil imaginar o que escrever. E lembro que semanas atrás neste mesmo jornal eu já havia dito que “Campos é uma cidade sem perspectivas”.
Não vou repetir o que disse naquele artigo, apenas relembrar que a primeira vez que ouvi falar de qualidade de vida da população foi em Vitória, através de um subordinado do Ministério do Planejamento, um jovem capixaba, que tempos depois se tornaria o prefeito da capital capixaba, Luiz Paulo Vellozo Lucas. O que poucos sabem é que ele havia contado um pouco sobre essa nova visão administrativa dos governos para a revista que meu pai, Paulo Ourives, editava naquele estado.
Diante do que ele disse, compreendi que os governantes deveriam acabar de uma vez com esse olhar provinciano, de achar que a população só serve ou só pode ser atendida às vésperas de uma eleição e que os governantes tem a obrigação de zelar pelos serviços públicos. Dar melhoria de qualidade de vida para a população nada mais é do que criar mecanismos e obras que viabilizem os serviços públicos, como obras de contenção de encostas, construção de canais de esgotamento sanitário; limpeza e manutenção do sistema fluvial, para que em épocas de chuva, a cidade não fique alagada. Construir casas populares em locais seguros para as populações ribeirinhas ou em áreas de risco, evitando a perda e os prejuízos dessas mesmas famílias. Construção de abrigos de emergência, para que em casos como esses dessa chuva, a prefeitura tenha como socorrer as primeiras vítimas. Manter em estado de alerta todos os secretários municipais para que cada um dentro de sua área de atuação esteja pronto para dar a sua parcela de contribuição para a população desabrigada. Afinal, o prefeito foi eleito pelo povo, os secretários nomeados pelo prefeito, “e depois, a galinha pôs?”.
Diante dos acontecimentos fiquei sabendo através do vice-prefeito - que não comunga e não senta mais com o prefeito -, que nas ruas, durante a chuva somente a equipe de Defesa Civil do Município estava trabalhando. Mas que em alguns bairros, ex-vereadores estavam com suas caminhonetes boiando nas fortes águas da chuva que caíam. Não tenho nada contra o ex-vereador. Mas no final das contas vejo que ele fez o que os secretários deveriam estar fazendo.
O vice-prefeito, Roberto Henriques, disse nessa mesma emissora, que chegou a ligar para todos os secretários e nenhum deles respondeu as suas ligações. Das duas uma: ou porque não quiseram por questões de política, ou porque estavam seguindo as ordens do prefeito, ficando em casa porque era lugar mais seguro, e com isso a população se viu abandonada.
Em meio a tudo isso, um dos jornais da cidade, mostrava que as obras emergenciais que custaram aos cofres públicos R$ 200 milhões de reais, não serviram para nada.
Depois da tempestade, quando imaginávamos que viria a bonança, eis que esse mesmo jornal publica um outro escândalo, a prefeitura através da CODEMCA, contrata uma empresa para fazer a limpeza dos cemitérios públicos da cidade, ao valor de R$ 1.414 milhões. Ao ir até um dos cemitérios mais importantes da cidade, a equipe desse jornal fica sabendo que os funcionários da empresa contratada pediram para sair mais cedo e foram atendidos. (sic)
Estranhamente, desde que trabalhei no Jornal A Cidade, e de vez em quando passava em frente ao cemitério do Caju, os únicos funcionários que via trabalharem ali, eram as mulheres e crianças residentes na favela ao lado, que íam para lá para limpar os túmulos daqueles que já se foram. Funcionário da prefeitura, ali? Trabalhando? Sinceramente, nunca vi. Até porque, por causa da favela ao lado, eles morrem de medo de levar um tiro.
Tudo isso acontecendo, e os asseclas do prefeito, na assessoria de comunicação parece que padecem do mesmo mal: a cegueira. E isso não é de hoje. Já tem muito mais tempo que eles são assim, ceguinhos, ceguinhos.
Porque em um debate em sala de aula um dos colegas de pós-graduação mostrou uma revista onde a classe mais favorecida da cidade, exibia seus banheiros luxuosíssimos. Cheguei a solicitar a revista para dar uma olhada, mas ao invés de olhar os banheiros luxuosos fui olhar o expediente da revista, e reconheci que uma revista daquele porte só poderia ter sido feito por uma das gráficas mais caras do estado do Espírito Santo. Espera aí! Do Espírito Santo?
Mas é! Como eu disse aí em cima eu já residi no Espírito Santo, e conheço um pouco daquele Estado, e a referida gráfica é realmente uma das mais caras. São poucos os empresários que possuem cacife para imprimir serviços ali. Na verdade, só mesmo as grandes empresas capixabas é que contratam os serviços dessa gráfica.
Curiosamente, esse mesmo colega, em seguida, mostrou-nos uma foto publicada em uma coluna social de um outro jornal. A foto fazia parte de um momento acontecido em uma festa feita por um desses empresários cuja foto foi estampada na revista citada, e a socialite que posou de modelo para a foto utilizava um capacete de pedreiro em sua cabeça, e um tijolo em suas mãos.
Debate à parte, as assessoras do prefeito chegaram a dizer que uma coisa não tinha nada a ver com outra. Ai, ai, ai!
O que vi, foram duas fotos antagônicas. Onde a classe alta se exibia em uma revista de alto custo, e num outro momento, tripudiava sobre a população trabalhadora, principalmente para essas pessoas que trabalham em sol escaldante para construir nossas casas, e vivem na miséria, em casas de madeira, e em locais de risco.
Daí pude perceber que enquanto a alta sociedade tripudia a classe mais baixa, ainda tem gente, que não se enxerga e tenta viver uma vida que não condiz com suas posses. Gastam o que não possuem para desfilar pela Avenida Pelinca acreditando que serão vistos ao lado dos socialites, que na verdade estão bem longe do point mais nobre da cidade. A alta sociedade campista está curtindo São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Salvador, ou Guarapari. Na Pelinca? Nem ousam passar mais, porque essa área já é visada pelos “malandrinhos” que roubam os celulares de quem tenta ostentar o que não possui.
Mas o fato mais impressionante aconteceu nesse domingo. Só fiquei sabendo, porque o editor do tal programa chegou cedo na tv, para editar o que estava gravando e tentar levar ao Comandante da Guarda Civil Municipal, o que aconteceu.
De todos os secretários municipais, creio que o Comandante da Guarda Civil Municipal seja o mais sensato. E num caso desses, quando um guarda ultrapassa os próprios limites, certamente uma punição o “prefeitinho em exercício” terá.
Aliás, a cidade está tão abandonada, que qualquer autoridade fica “se achando”. Acha que é uma coisa que não é na prática. Os skatistas não estavam ali para fazer zoeira, não havia som, não havia evento nenhum. Eles apenas queriam praticar a sua arte e serem filmados pelo editor de um programa sobre skate. Nada mais. Mas daí um guarda civil praticamente partir para a agressão de um jovem, a coisa muda de figura.
E pensar que ao ouvir Washington Novaes perguntar a um índio do Xingu, sobre a sua casa que fora atingida por um incêndio causado por um dos seus filhos. Washington pergunta ao chefe se ele bateu ou deu uma surra no filho. O chefe índio, com a mesma tranqüilidade que falava com Washington, disse que, “índio não bate em criança, não castiga. Aconteceu, aconteceu”.
O que fica diante de todas essas situações é que o município infelizmente vive um momento atípico. Não me recordo de ver uma cidade assim tão apática, acéfala, e com um governante tão medíocre.
Vivi no Espírito Santo, e tenho de lá bons exemplos do que é administração pública. E não acredito que numa cidade que respira política, o povo de Campos continue de quatro para os políticos.
Entendo que o servidor público é um agente público do local onde mora. Ele, para mim, é uma extensão dos olhos e dos braços do prefeito, e como tal, deveria colaborar para construir uma cidade mais moderna. Evitar que a própria imprensa acorde e mostre as falhas da administração, se bem que, como disse anteriormente em outro artigo, parece que vivo em uma outra cidade completamente diferente daquela cidade vivida por quem está na prefeitura e pela população.
Quando olho para trás e vejo o que já fiz como repórter do Jornal A Cidade, quando fui até as últimas conseqüências para “dar a César o que é de César”. Como no caso do rapaz desmemoriado que veio parar em Campos, e um mês depois resolvi por meios próprios enviar uma correspondência e solicitar ao Luis Datena, na Tv Record uma ajuda, senti que estava fazendo nada mais do que a minha obrigação como jornalista.
Relembrando uma frase de Hipólito José da Costa, “o primeiro dever do homem em sociedade é ser útil aos membros dela”, o que estou vendo em Campos, é que, àqueles que deveriam zelar pela cidade, não o fazem. Não são úteis a quem os elegeu.
Diante dos fatos só posso concluir dizendo que o povo de Campos tem o que merece. Porque a partir do momento em que eles venderam seus votos por R$ 50, R$ 100, o que está acontecendo nada mais é do que fruto de suas ações. Se tivessem feito outra opção, talvez as coisas estivessem melhores. Mas infelizmente o que vejo em Campos, é que os políticos locais ainda continuam provincianos, e pensando bem pequeninho, porque esse é o tamanho dos seus cérebros.
Até a próxima!

* O autor é Bacharel em Jornalismo.

 

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