Por mais descrente que um homem possa parecer, há vezes em que toda força falha. Incapazes de disciplinar nossos sentimentos, buscamos auxílio em coisas que não podem ser vistas ou tocadas. Esse é o significado da fé: mover de montanhas, motivar legiões. Afinal, existe um Ser Superior ou somos vítimas de conspirações humanas que durante milênios nos conjuraram mentiras?
A religião, assim como supostamente nos deu o começo, nos trouxe também o final. Primeiro o homem é homem, depois vira herói e, milhares de anos após, se torna lenda. No último estágio, as disputas começam. Caminhadas e peregrinações transformam-se em palácios dourados. A palavra, simples e pura, é substituída por sessões de controle religioso nos quais princípios de fé se tornam uma força política dentro do Estado.
A ramificação das crenças ao longo da história foi tão tangente que todos os deuses são creditados como divinos apesar de, na verdade, todos serem pagãos. Afinal, o que é divino? Andar sobre as águas, profetizar o futuro e passar uma mensagem bonita para seus semelhantes? Nada disso. Ser divino é ser humano, no sentido benfeitor da coisa. Não precisamos de livros de regras. Quando a fé é pura, ela se sucede sozinha.
Religião, qualquer que seja, é feita de três elementos: um profeta convincente que espalha sua palavra; um campo atemporal no qual os melhores de nós merecerão a eternidade; e o juízo final. Pode parecer uma visão simplista, mas aí está a verdade. Apesar de violentas discordâncias, a única certeza de nossa espécie é que não existe um Deus certo e inequívoco. Como dito, todos são pagãos, até que se prove o contrário.
Assim, se alguém disser a você que siga essa ou aquela religião, olhe para o seu coração e pense no que você quer para a sua vida. De um lado, podem lhe dar um caminho; do outro, podem lhe fazer uma grande lavagem cerebral. Sua fé depende de você e das ações que fará hoje para colher um mundo melhor amanhã. Acredite, é o que Deus diria. A religião nos traz o começo e o final. A fé não tem tempo.