O Brasil passa por uma das maiores crises dos últimos anos. Diante de forte recessão, a classe trabalhadora está sendo pressionada, perdendo o poder de compra, o emprego etc. No entanto, com toda a dificuldade, nada é comparável à angústia e sofrimento das centenas de milhares de refugiados de várias partes do mundo, essencialmente da Síria. Como brasileiros, sendo considerado um dos povos mais receptivo do mundo não podemos ter outra postura a não ser acolher aqueles que buscam paz e dignidade.
A imagem do pequeno Aylan Kurdi, de apenas três anos, encontrado morto numa praia da Turquia, rodou o mundo e se tornou o símbolo de insensatez e vergonha para a comunidade européia que insiste em ignorar o drama dessas pessoas. Famílias inteiras que nada querem a não ser fugir da guerra, das perseguições e miséria. Mais de duas mil se esquivaram das bombas e tiros em seus países, mas acabaram morrendo no longo caminho atrás de terra segura.
Em verdade, mais que uma vergonha para os líderes europeus, essas mortes são sucessivas tragédias que envergonham a humanidade. Enquanto discutem exaustivamente as finanças da zona do euro, crise grega e tantas outras questões econômicas e políticas, vidas estão sendo perdidas embaixo dos narizes desses chefes de estado dos chamados países desenvolvidos.
Recentemente, mais de quatro mil refugiados estavam encurralados depois de autoridades Macedônias fecharem suas fronteiras. A Dinamarca mantém a posição de não recebê-los. Na Hungria, além da truculência da policia e das autoridades locais estudarem erguer um muro de arame farpado ao longo da fronteira com a Sérvia, uma cinegrafista chocou o mundo quando agrediram vários refugiados, inclusive um senhor com uma criança nos braços, derrubando-o no chão. Uma imagem que também correu o planeta pela internet.
Enfim, no chamado mundo globalizado, chegou a hora dos líderes demonstrarem sua força humanitária. Proteger os cidadãos de países com maior necessidade é o mínimo que se espera. E isso serve para o Brasil que, embora seja um país ainda emergente e com grandes dificuldades, pode e deve ter solidariedade, pois se silenciar diante dessas tragédias é inadmissível. Se somos brasileiros com muito orgulho e amor chegou a hora de demonstrar isso, acolhendo outros seres humanos em situações piores.
*Advogado especializado em Responsabilidade Civil