A luta dos povos contra a tirania tem trilha sonora. Chama-se ‘A Marselhesa’, música composta pelo oficial Claude Joseph Rouget de Lisle, durante a Revolução Francesa. Hoje é o hino nacional da França. A melodia evoca os direitos de liberdade, igualdade e democracia e, a julgar pelo ritmo que caminha a humanidade, permanecerá atualizada para as gerações vindouras.
Observo a realidade e noto que os protestos de hoje encontram eco no movimento de 1789. Uma corte, vil e cruel, dispunha de pujança, enquanto que o povo, afrontado por severas indignidades, sentava e assistia o esfacelamento do tecido social. Não era uma boa época de se viver, exceto se você fosse um monarca. Ademais, entre a opressão de Luís 16 e os corruptores deste país noviço chamado Brasil há pequena diferença.
O mundo pós-moderno legislou os direitos humanos. Vivenciamos um período de respaldo legal, embora graves violações continuem a dominar as manchetes da mídia. Reis deram lugar a presidentes. A opinião pública é levada em consideração. O poder absoluto foi ramificado, mas continua imbatível. As decisões de um Congresso Nacional – financiado pelas grandes empresas – são voltadas menos para o eleitorado e mais para seus patrocinadores. Incontáveis desmandos levam o Brasil a desembocar em um corrosivo lugar: o oceano da corrupção.
O princípio da luta das massas é o mesmo. Quem os corruptos pensam que são para tomar o dinheiro público deliberadamente? Acham-se melhores que seus concidadãos por andarem de terno e limusine? Tanta riqueza, tanta podridão. A sociedade sabe quem são seus nobres. Eles pensam que podem viver pacificamente deixando tão pouco para o resto de nós. Metaforicamente, que o sangue impuro banhe nosso solo. Chega de pensamentos mesquinhos orientando o futuro.
Alguém controla a máquina das desigualdades. Não é por acaso que, diariamente, os jornais falam de credores implacáveis e devedores de bilhões. As pessoas comuns não podem ser penalizadas por uma corja de indivíduos que decidiu usar o Estado em favor das próprias ambições. Nossa fé é testada diariamente. A paciência está se esgotando. A Revolução Francesa vive como nunca, potencializada pelas novas tecnologias, que globalizaram o sentimento de esperança. Às armas da democracia, cidadãos!