Sob o tema “A luta contra o racismo e as reformas neoliberais” será realizado dias 02, 03 e 04/11 na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), em São Gonçalo (RJ), o Encontro de negras e negros da auto-intitulada coordenação nacional de lutas (Conlutas). Segundo os organizadores, o evento tem como objetivo “Construir um programa de raça e classe contra o presidente Lula e o FMI”. A despeito desta retórica ultra-esquerdista, as negras e os negros da Conlutas ajudam Lula e o imperialismo na manutenção do racismo quando defendem as ações afirmativas como cotas raciais sejam as universitárias ou através de estatutos (raciais ou civis), discriminações positivas ou supostas reparações históricas conforme identificamos na programação do evento.
Como quase todos os movimentos negros no Brasil, as negras e os negros da Conlutas não se inspiram na célebre “Racismo e Capitalismo são as duas faces da mesma moeda” do líder negro sul-africano Steve Biko Bantu. Daí o porquê das reparações – isto é engodo em relação ao racismo, capitalismo e imperialismo - estarem programadas como vitais (centrais) nos grupos de trabalho, durante toda à tarde no segundo dia (sábado, 03/11). No denominado “Encontro Nacional de negras e negros da Conlutas” também irão a debate “raça”, “classe”, reformas, cultura afro-brasileira (religiões, capoeira, arte), além dos movimentos (sem-terras, sem-teto e quilombolas) e as questões atinentes à violência contra a juventude e mulheres negras.
Por não ser uma central sindical de massas e, agravado pelo fato de não ter implantação na classe operária, a Conlutas tem praticado divisionismo em relação à Central Única dos Trabalhadores (CUT). Como conseqüência de seu sectarismo ultra-esquerdista, a Conlutas tem encontrado adeptos somente entre os autoproclamados “revolucionários” do PSTU e PSOL. O curioso é que ela também não é uma central de movimentos como a Central de Movimentos Populares (CMP). A autoproclamação “revolucionária” da Conlutas quase sempre mescla sectarismo ultraesquerdista com oportunismo. Já, no caso do “Encontro nacional de negras e negros”, fica explicado não apenas o oportunismo, mas sim, o engodo da pura retórica do “combate ao racismo”.
Nós, do Movimento Negro Socialista (MNS), reafirmamos somos contrários aos PL-3198/2000 (o maldenominado Estatuto da Igualdade Racial) e PL-73/99 (Cotas universitárias raciais para negros e indígenas). Reivindicamos: Educação em todos os níveis pública, gratuita e de (excelência na) qualidade, Idem a tudo relacionado às Creches e à Saúde inclusive à anemia falciforme, Reforma Agrária sob controle dos trabalhadores com demarcação de terras para os quilombolas, Fim dos ataques do “caveirão” e dos assassinatos da juventude pobre e negra da periferia, Liberdade para o jornalista negro estadunidense Múmia Abul Jamal e Fim da ocupação militar do Haiti pela farsante Minustah da ONU com o conseqüente retorno das tropas a começar pela brasileira.
*jornalista – é coordenador nacional de Organização e Formação Política do Movimento Negro Socialista (MNS).