Chefe comunitária da Londres 2012 quer que Rio 2016 seja um Carnaval Olímpico

Mulher negra, 48 anos e pela 2ª vez no Rio a serviço do governo britânico, a chefe de relações comunitárias das Olimpíadas 2012 a designer, Giorgia Sharpe, foi entrevistada pelo jornalista de O Globo, Bruno Calixto da seção Conte Algo Que Não Sei, dia 31/03/2015. Ao determinar: “O Rio tem que fazer um Carnaval Olímpico”, ela explicou sua filosofia de política econômica, que é uma característica imperialista de si própria, britânica e europeia: “Liderei um programa para engajar moradores, comerciantes e Escolas da região leste de Londres próxima aonde nasci, que era degradada. Hoje é uma das principais frentes de expansão londrina, com Universidades e o maior Shopping da Europa”.
Conte Algo Que Não Sei. Propôs o jornalista de Globo, Bruno Calixto.
“Em 2007, quando o projeto começou, o maior desfio era remover do local mais de 100 felinos, gatos. Isso ganhou fama. Uma mulher liderando uma equipe de caridade quis recolhê-los. Tentamos impedi-la, mas ela juntou gente e fez uma campanha contra nós. Foi uma batalha política, pública.  Recebemos cartas de todo o mundo. No final, sobrou no Parque Olímpico um gato preto que ficou famoso. Pessoas protestaram: “Tragam o Black Jack de volta!”. Afirmou a designer Giorgia Sharpe.
Uma cama de gato... Fale de outros problemas, sugeriu o jornalista.
“Não foi tudo maravilhoso para Londres. Enfrentamos protestos a dois meses dos Jogos em um local temporário construído sobre uma área verde. Foi uma grande marcha. Usaram até caminhões. Um dos maiores desafios foi remover duas famílias de ciganos da área do Parque Olímpico. Foi bem difícil”; disse a designer.
Você crê que o Rio cumprirá os prazos? Perguntou Calixto.
“Claro que sim, o Rio necessita. O mundo inteiro estará de olho. Se tiverem que trabalhar 24 horas por dia, vão fazer isso. O que vocês fazem no Carnaval é incrível. O Rio tem que fazer um Carnaval Olímpico. Todo mundo deve participar. Em cinco anos, levamos cerca de 300 mil pessoas para visitar o Parque. Assim que ficou pronto, organizamos um piquenique para 100 moradores. É o único jeito de fazer as pessoas pensarem ‘estamos prontos”; enfatizou a designer.
Carnaval e Olimpíadas são modalidades um tanto distintas, não? Provocou o jornalista de O Globo.
“Eu acho que o Carnaval é diferente porque o Brasil é o melhor. Vocês sabem planejar muito bem. Em termos de Jogos Olímpicos, mais de 100 líderes mundiais estarão aqui. A Segurança é gigante. São muitas coisas para pensar ao mesmo tempo”; salientou Giorgia Sharpe.            
O Esporte é capaz de fortalecer um País em crise? Questionou Bruno Calixto.
“É um catalisador de desenvolvimento. O que você vê na Londres pós-Olimpíadas é o Parque mais bonito da cidade, com crianças correndo ao redor da água, pessoas mergulhando no Parque Aquático. Às vezes, até mergulhador vem treinar. O maior Shopping da Europa foi instalado por lá por uma empresa australiana. Hoje 10% dos empregados são moradores da área”; ressaltou de forma apelidada como legado de ação afirmativa (AA) social a designer.
Como fazer tanto com tão pouco? Quis saber Calixto.
“Vocês são sortudos por terem tido a Copa do Mundo, então, já têm algumas instalações que podem ser usadas. Londres teve de construir tudo do zero. Com oito milhões de habitantes, só tínhamos uma Piscina Olímpica. Nossas instalações são um legado. Vocês podem jogar Vôlei de Praia, porque vocês têm praia! (Risos). É incrível, sentimos inveja”; confessou Sharpe.
Você torceu para o Rio sediar? Quis saber o jornalista de O Globo, Bruno Calixto.
“Quando vim aqui há 10 anos, achei que era o lugar mais mágico que vira. Há tantas pessoas de cores diferentes, e são tão calorosas. Fiquei animada pelo Rio quando ganhou a disputa tanto quanto fiquei por Londres. Pensei ‘isso vai engrandecer tanto o Rio!´. Como dissemos em Londres, só acontece uma vez na vida. É muito raro uma cidade ganhar duas vezes. Ficamos exaustos. Mas acho que todos querem passar os melhores momentos nos melhor lugar do Planeta! É assim que deve funcionar: A sede anterior ajuda a próxima, e assim segue. Londres foi, e, agora é a vez de o Rio ser a cidade mais bem sucedida”; concluiu a chefe comunitária das Olimpíadas 2012 a designer Giorgia Sharpe.

*jornalista – é militante do Movimento Negro Socialista (MNS) e da seção brasileira da Corrente Marxista Internacional (CMI) a Esquerda Marxista (EM).     

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