Acabamos de atravessar uma das eleições mais disputadas dos últimos tempos, tanto nas urnas quanto nas divergências de opiniões. O que vimos foi o fenômeno das mídias sociais nesta eleição se transformar em palco de debates, e até de batalhas entre amigos. Muita gente saiu ferida e magoada, sentindo-se ofendida indiretamente por opiniões um tanto “pesadas” e amizades foram desfeitas.
Muitas balas perdidas foram disparadas e encontraram a quem acertar do outro lado do teclado. Acontece que a maioria não estava acostumada em discutir política, não participa de atividades de militância, talvez nem gostem de falar sobre isso, mas como as chamadas mídias sociais foram tomadas pelas opiniões, não tinham como deixar de se apresentar para a guerra, foram arbitrariamente convocados para o front e tiveram que deixar seus memes de animaizinhos de lado e partiram para o confronto.
Depois de passado o dia D, ainda vemos alguns comentários por aí, meio parecido com a quarta-feira de cinzas, quando ainda encontramos alguns foliões caminhando perdidos pelas ruas, ou dormindo nas areias das praias de ressaca. O ato da avenida paulista, no sábado, foi a demonstração de que as pessoas foram tocadas pela necessidade de atuar mais, de gritar suas inconformidades, mas é claro, sem os excessos que cometeram e sem desejar que o país caia nas mãos de fascistas.
O lado positivo que fica do rescaldo é a certeza de que, pelo menos, as pessoas estão falando sobre política, estão se instruindo para os debates, acompanham com interesse os rumos que o país pode tomar. Isso por si só, como diria um amigo, vale sacrificar algumas amizades, tem quem sacrifique a vida, e numa “guerra” sempre haverão feridos e mortos. Se for pelo bem de uma nova consciência e se for o primeiro passo para uma iniciativa baseada na democracia, então saímos todos como heróis.
Ricardo Mezavila.