Vamos supor que os dirigentes da principal confederação futebolística de um país futebolístico estivessem juntando os cacos depois da pior humilhação sofrida pelo dito cujo em 100 anos de história e mais de mil partidas disputadas, daí resultando a demissão dos integrantes da comissão técnica responsável pelo fiasco.
Se fossem homens decentes, escolheriam os profissionais mais aptos para tirarem o prestígio de seu selecionado do fundo do poço.
Se fossem o contrário, certamente aproveitariam as chances propiciadas pela renovação que se impõe.
Como quase todos os jogadores da última campanha teriam sido reprovados, não causaria estranheza se um grande número de promessas fosse testado nos amistosos e competições seguintes.
Depois de eles vestirem algumas vezes a camisa amarelinha, um agente hábil poderia colocar esses jovens a peso de ouro no mercado internacional. Grana preta à vista!
Evidentemente, tal atividade seria incompatível com o exercício de uma função de comando sobre as futuras seleções, mas bastaria o fulano fingir que abandonou a antiga profissão, passando a esconder-se atrás de testas-de-ferro. Para quem conhece todos os pulos-de-gato do submundo esportivo, isto é facílimo de fazer.
Só que o novo técnico precisaria fazer parte do esquema, ou, pelo menos, ser com ele condescendente.
É bem provável que treinadores respeitados --os preferidos pelos torcedores nas pesquisas encomendadas por jornalões-- não quisessem sujar as mãos. Mas, sempre haveria algum velho conhecido para assumir tal papel, talvez sem sequer participar do rateio do butim.
Poderia ser alguém que quisesse dar a volta por cima de um retumbante fracasso anterior, mas que nunca teria tal chance pela via da competência ou por ser um profissional atualizado, pois não a possui nem o é.
E, como parece ser mais difícil efetuar a desratização de entidades esportivas do que derrubar presidentes da República, é bem provável que um quadro semelhante a este se apresentasse em 2018 --supondo-se que o selecionado em questão não sucumbisse nas eliminatórias. Para tudo há uma primeira vez.
Por último: esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência... embora um Sherlock Holmes talvez pensasse o contrário, e até visse motivos para uma conversinha com o inspetor Lestrade.
Por Celso Lungaretti, no seu blogue