Dedico a música do dia ao PSDB e a Geraldo Alckmin, pela relevante contribuição que deram aos ideais igualitários...
Após quase 20 anos de governos tucanos, não será mais exclusiva do morro a situação descrita na marchinha "Lata d'água", de Luís Antônio e Jota Jr., que fez muito sucesso no carnaval de 1952 e foi incorporada ao filme Tudo azul (tal trecho pode ser acessado aqui), cuja atriz principal era exatamente sua intérprete, a cantora Marlene.
Quem imaginaria que, meio século depois, esta velha pérola da MPB fosse se tornar novamente atual?!
LATA D'ÁGUA
Lata d'água na cabeça
Lá vai Maria
Lá vai Maria
Sobe o morro e não se cansa
Pela mão leva a criança
Lá vai Maria
Maria
Lava roupa lá no alto
Lutando
Pelo pão de cada dia
Sonhando
Com a vida do asfalto
Que acaba
Onde o morro principia.
Lata d'água na cabeça...
Agora, vai haver racionamento em São Paulo e pessoas de todas as classes terão de carregar latas d'água na cabeça. Não era bem o que Marx pretendia, mas a nivelação por baixo parece ser a única possível no Brasil de hoje...
Isto cerca de 25 anos depois da entrevista que fiz com o então titular da Secretaria de Obras e Meio Ambiente. Ele alertou que a situação ficaria crítica com o crescimento caótico da Grande São Paulo (principalmente), o custo proibitivo da captação da água em lençóis cada vez mais distantes, a contaminação dos mananciais por esgotos e dejetos industriais, o desperdício generalizado.
Tudo se sabia, pouco se fez e a bomba relógio se aproxima do momento da explosão.
Merecidamente, num ano eleitoral. Será o justo castigo para quem preferiu investir nas obras mais vistosas do que nas mais necessárias. Que os tucanos paguem seus pecados nas urnas!
O mesmo se aplica aos petistas, que completarão 12 anos no Palácio do Planalto sem terem adotado medidas prementes para garantir a continuidade do fornecimento da energia elétrica, hoje à beira do colapso.
A Copa das Maracutaias ameaça se tornar também a Copa do Pandemônio, com o povo sedento e os estádios às escuras.
Na boca dos nossos governantes caberiam frases semelhantes àquela que celebrizou a rainha Maria Antonieta (mesmo sem tê-la, verdadeiramente, proferido): Não têm água? Que bebam futebol. Falta luz? Que acendam velas!
Além, é claro, da agourenta possibilidade de que as Forças Armadas venham a ser acionadas para reprimir manifestantes, com o previsível saldo de defuntos padrão Fifa.