O que vem após as mãozinhas dadas? O noivado? |
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, segue aplicadamente os passos do seu padrinho.
Quando foram juntos beijar a mão do Paulo Maluf na campanha eleitoral paulistana, captou o recado: ao sabor das conveniências políticas, deveria ele também abanar alegremente o rabo para os personagens mais execrados pelo PT de outrora.
Gente como Fernando Collor, José Sarney, Jader Barbalho, Renan Calheiros, Maluf e o finado ACM se tornaram amigos do Lula desde criancinhas. As chances de Haddad ser adiante ungido para dar continuidade ao reinado petista passam por bisar nos mínimos detalhes a postura (amoralidade inclusa!) dos monarcas anteriores.
Vai daí que no último mês de junho, quando ele e o governador Geraldo Opus Dei Alckmin estiveram na França fazendo lobby para que a Expo 2020 escolha a capital paulista como sede, Haddad não viu mal nenhum em ir muito além daquilo a que era obrigado pelo dever de burgomestre: confraternizou com o carrasco do Pinheirinho num momento de folga!!!
Depois de perdida a virgindade, liberou geral... |
Num dia, eles estavam cantando juntos o "Trem das onze", do grande Adoniran Barbosa, que deve continuar até agora se revirando na cova.
Emblematicamente, nem 24 horas depois começavam as grandes manifestações contra a parceria Alckmin-Haddad no aumento das tarifas do transporte coletivo.
Aí, como diria o velho boêmio, a imagem dos dois ficou igual a "tábua de tiro ao álvaro/ não tem mais onde furar"...
Vídeo inédito da dupla desafinada e desatinada será uma das atrações do TV Folha deste domingo (24), que a TV Cultura exibe às 19h30 e reprisa às 23h30.
Sartre dizia que fazer política é enfiar a mão no sangue e na merda. Isto não desestimula Haddad. Ele desde já está fazendo tudo que julga ser necessário para não perder esse trem que não passa agora às onze horas, mas só em 2018.
O jeito é nunca esquecermos de segurar um lenço perfumado no nariz quando ele estiver por perto.
* jornalista e escritor. http://naufrago-da-utopia.blogspot.com