A imprensa e os políticos reagiram exatamente como esperado à violência extrema que a Polícia Militar paulista desencadeou contra manifestantes, jornalistas, transeuntes e até fregueses dos botecos na 5ª feira negra: houve os que protestaram, houve os que justificaram, ordenaram-se investigações e é provável que um ou outro gato pingado venha a ser punido. Depois, o esquecimento.
Inconcebivelmente, nem a própria Folha de S. Paulo deu a devida importância à contundente denúncia do seu renomado colunista Elio Gaspari, de que tudo transcorria de forma pacífica até que duas dezenas de policiais engendraram o caos:
"Num átimo, às 19h10, surgiu do nada um grupo de uns 20 PMs da Tropa de Choque, cinzentos, com viseiras e escudos. Formaram um bloco no meio da pista. Ninguém parlamentou. Nenhum megafone mandando a passeata parar. Nenhuma advertência. Nenhum bloqueio...
Em menos de um minuto esse núcleo começou a atirar rojões e bombas de gás lacrimogêneo...
Atiravam não só na direção da avenida, como também na transversal..."
Em outras palavras, foi a provocação da tropa de choque que deflagrou as agressões e o descontrole policial.
Então, o que tem mesmo de ser investigado é o seguinte: quem deu a ordem para eles agirem desta forma, e por quê?
Pois vários episódios anteriores já demonstraram que há uma linha dura dentro da PM, articulada em torno da Rota e composta por oficiais que tiveram a cabeça feita pela ditadura militar e até hoje atuam com espírito de Gestapo e não de polícia democrática.
Se nada for feito para identificar e expor esta corrente, outras provocações virão, pois seu objetivo último é o de minar a democracia, abrindo caminho para um novo golpe de Estado.
Do blogue Náufrago da Utopia