Uma mulher egoísta, mesquinha e incoerente. A sogra quase destruiu o filho na tentativa de separá-lo dela. Da mulher de baixo nível, negra, de boca dura, calça jeans e camiseta, sem lenço na bolsa, aliás sem bolsa, pois ela vivia pendurada em uma mochila.
A velha senhora, que tinha aquela tola ilusão de que era especial, diferente, melhor, odiava a menina e depois a mulher, a ponto de transformar o que deveria ser amor pelo neto em ódio também.
Agora Beatriz estava distante, não fazia mais parte da vida do filho e do neto, ou melhor, o fazia muito raramente... Assim, o que a velha senhora desejara a vida toda finalmente acontecera. O filho estava separado da mulher imprestável que ela julgava ser Beatriz...
Beatriz apenas esperava que, agora, estando ela fora do caminho, a velha senhora deixasse antever um coração e se aproximasse do filho e do neto... O neto que tanto perguntava por que ela não gostava dele... Que questionava as razões que a haviam levado a deixar ele sofrer tanto, quando ela tinha o poder de minimizar toda dor e dificuldade...
Beatriz não queria saber... continuava com sua vida de escrever, viajar, ser feliz... amar... Ela achava que esse era o grande problema, depois de anos de prisão, ela se libertara, de tudo e todos, agora era realmente feliz e isso ficava claro nos olhos brilhantes e no sorriso espontâneo... Ela achava que até ficara mais bonita... Sorriu..
Beatriz lembrou de dois homens que haviam dito isso a ela: um indiano e um turco... Ambos, quase com as mesmas palavras, disseram que ela precisava acreditar que era uma mulher bonita... muito... Ambos, haviam dado a ela amor e esperança, ambos partiram... mas deixaram uma mulher mais segura, que descobriu em suas dobras quem realmente era...
(Diário de uma Mulher)