Estudo indica que a fertilidade masculina está em declínio. Foto: Reprodução/Internet
Mais um estudo sugere que o número de espermas está caindo em países ricos.
A ideia de que a contagem de espermatozóides está despencando no mundo industrializado, provavelmente como resultado da poluição química, que provoca um efeito hormonal adverso, se tornou motivo de pânico e também foi duramente questionada. Em 1992, uma meta-análise de 61 estudos, publicados no British Medical Journal, sugeriu que esta havia caído à metade no meio século anterior, de 113 milhões por ml de sêmen para 66. Desde então, tudo indica que o declínio tenha prosseguido. O estudo mais recente, que acaba de ser publicado no periódico Human Reproduction, assinado por Joëlle le Moal, Matthieu Rolland e sua equipe do Instituo de Monitoramento da Saúde Pública, é também um dos mais completos já realizados até hoje.
Suas conclusões são duras. A contagem de esperma do francês médio, afirmam os pesquisadores, caiu em 32,2% entre 1989 e 2005. No mesmo período, a proporção de esperma formado adequadamente também caiu de 60,9% para 52,8%.
Esse estudo é uma contribuição importante para um debate vívido. Porque apesar de a ideia de contagens de espermas decrescentes terem penetrado no inconsciente coletivo como um fato estabelecido, especialistas em fertilidade permanecem divididos em relação à magnitude deste efeito. O novo estudo é maior que a média: mais de 26 mil homens participaram, convocados a partir de 126 clínicas de fertilidade por toda a França.
Allan Pacey, um andrologista da Universidade de Sheffield, na Inglaterra, acredita que boa parte do efeito poderia ser causada por mudanças no método de medição da contagem de esperma. Ele assinala que o manual da Organização Mundial da Saúde sobre o assunto foi revisado quatro vezes desde ter sido publicado pela primeira vez em 1980.
Mas mesmo que mudanças metodológicas sejam responsáveis por parte da queda observada na qualidade do sêmen, nem tudo se deve a este fator. Pacey assinala que há outras evidências que sugerem que tanto a incidência de câncer de testículo e de anormalidades em genitálias de garotos estão crescendo. Isso é consistente com a ideia de que há alguma força zombando da fertilidade masculina.
* Publicado originalmente na The Economist e retirado do site Opinião e Notícia.