Pesquisadores britânicos desenvolveram um teste baseado em nanopartículas de ouro que permitem detectar a olho nu as fases iniciais de uma doença ou infecção, tais como o câncer da próstata ou o HIV.
Este detector, constituído de pequenas partículas de ouro depositadas sobre uma base de plástico, pode analisar o soro do sangue do paciente. Se o soro contiver marcadores biológicos característicos de doenças, tais como o P24 associado à infecção pelo vírus da AIDS ou o antígeno específico da próstata (PSA) para o diagnóstico de câncer da próstata, as nanopartículas de ouro reagem, dando uma característica tonalidade azul ao detector.Na ausência destes marcadores, as partículas se separam para formar uma espécie de pequenas bolhas que dão ao detector uma coloração avermelhada.
UM TESTE BARATO
De acordo com os inventores, o protótipo é dez vezes mais sensível que os métodos atuais e tem custo de fabricação dez vezes menor, o que o torna de particular interesse para os países da periferia. "O teste foi projetado para ser montado em suportes plásticos descartáveis e não requer o uso de equipamento caro, pois a presença das moléculas alvo pode ser detectada de imediato, a olho nu," informou à AFP Molly Stevens , do Imperial College de Londres.
Sua alta sensibilidade permite também detectar os estágios iniciais de uma infecção ou de uma doença, onde os métodos existentes falham e, portanto, oferecem melhores chances de tratamento, por exemplo, para pacientes HIV-positivos. "É importante que esses pacientes sejam testados periodicamente para avaliar o sucesso das terapias anti-retrovirais e identificar novas infecções", informou Roberto de la Rica, co-autor do estudo, publicado no domingo 28 de outubro, na revista Nature Nanotechnology.
TESTES EM GRANDE ESCALA
Como reverso da moeda, o detector não fornece informações sobre a concentração dos biomarcadores pesquisados. "O teste responde sim ou não. Ele não informa especificamente a quantidade de cada um dos marcadores existente no sangue; informa apenas se eles estiverem presentes, mesmo em ultra-baixas concentrações", explica Molly Stevens. Os inventores agora querem avaliar a validade de seu método por meio de testes em larga escala para os pacientes, em parceria com ONGs que trabalham em países pobres.
Tradução:Argemiro Pertence