O zinco é um cofator nas reações enzimáticas e, portanto, participa de diversos ciclos bioquímicos das plantas, incluindo fotossíntese e formação de açúcar, síntese de proteínas, fertilidade e produção de sementes, regulagem do crescimento e defesa contra doenças.
Estudo conduzido pela Organização de Alimentos e Agricultura (FAO), da Organização das Nações Unidas, mostrou que a deficiência em zinco é uma das mais comuns no mundo. A deficiência de zinco afeta as funções bioquímicas, impedindo que a planta se desenvolva corretamente. Isto resulta em colheitas com piora na qualidade e menor rendimento da produção.
Muitas espécies de plantas são afetadas pela deficiência de zinco, entre elas a maior parte das lavouras de grãos (arroz, trigo, milho, sorgo, etc.), diversas árvores frutíferas (espécies cítricas, maçã, goiaba, abacaxi, etc.), sementes oleaginosas (nozes, avelãs, etc.), cana de açúcar, café, cenoura, batata e tomate, dentre outros.
O zinco foi identificado como um nutriente essencial para as plantas na década de 1970. Assim, o uso do óxido de zinco em fertilizantes tem a principal finalidade de fornecer às plantas a quantidade adequada deste micronutriente para seu melhor desenvolvimento. Isto porque, devido às colheitas sucessivas e intensivas, o zinco vem sendo progressivamente retirado do solo em quantidades superiores - em certos casos, muito superiores - à sua reposição natural.
A quantidade de zinco necessária para as plantas é infinitesimal, o que caracteriza esse elemento como um micronutriente. No entanto, essa quantidade mínima regula todo o crescimento vegetal, uma vez que entra na composição de diversas metaloenzimas e de hormônios essenciais para o desenvolvimento da planta.
Essas enzimas e hormônios têm papéis fundamentais em diversos ciclos bioquímicos das plantas relacionados ao metabolismo de carboidratos tanto durante a fotossíntese quanto na conversão de açúcares em amido, ao metabolismo de proteínas e de auxina (regulador de crescimento), à formação de pólen, manutenção da integridade de membranas biológicas e resistência às infecções por agentes patogênicos. O zinco também participa do metabolismo do nitrogênio.
Plantas com deficiência de zinco apresentam folhas pequenas e com formato distorcido, com encurtamento das brotações e aglomeração de folhas na região de crescimento. As plantas apresentam ainda déficit de clorofila, fazendo com que as folhas fiquem mais claras e até mesmo brancas. No caso da deficiência de zinco, essa descoloração ocorre perto das nervuras, elas podem apresentar também partes mortas e pintas de coloração bronze. Essas deficiências foliares são encontradas em folhas velhas e novas, diferentemente de outras deficiências de nutrientes.
A deficiência de zinco também pode ser detectada em nível celular, por meio da malformação de organelas como cloroplastos e mitocôndrias. A ausência ou deficiência desse elemento pode ocasionar ainda problemas na divisão celular e raízes retorcidas e com pontas alargadas.
É importante ressaltar que a deficiência de zinco pode reduzir em até 40% o rendimento de culturas. Para evitar esses problemas, devem ser realizados estudos no solo e nas plantas para identificar suas causas, pois alguns dos sintomas relatados são comuns tanto à deficiência de zinco quanto à de outros micronutrientes.
As principais causas de deficiência de zinco em lavouras são: baixa concentração total em solos (principalmente arenosos calcários ou sódicos); baixa disponibilidade (alto pH, solos calcários ou sódicos), altos níveis de fosfatos e nitrogênio e zonas de crescimento de raízes restritas devido à compactação do solo.
Assim, a aplicação de fertilizantes contendo macro e micronutrientes pode ajudar a resolver problemas que afetam o rendimento e a qualidade da produção agrícola, elevando inclusive a repercussão positiva na saúde dos consumidores finais dos produtos (beneficiados ou não) pela presença desses elementos, como reconhecem a FAO e diversos institutos de pesquisas internacionais.
Carolina de Barros Aires é engenheira química formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pós-graduada em Qualidade, Segurança e Meio Ambiente pela Universidade Otto von Guericke, em Magdeburg, Alemanha