Será que é sina: pais obesos, filhos obesos?

"Não quero crescer assim
não quero ser pipotinho
ser rei eu também não quero (...)
Eu quero é ficar magrão
e esticar as minhas pernas
pra tocar o Céu com a mão."

A História do A, livro de Ziraldo, editado pela primeira vez em 1990, conta a história do A minúsculo, gordinho e baixinho, mas que sonhava grande.

Em Portugal:

“A partir de julho, ao abastecer o automóvel numa bomba de gasolina, o consumidor português será surpreendido por uma mensagem de alerta contra a obesidade num outdoor ou na bomba do combustível, em folhetos ou no circuito interno de televisão. É que, de acordo com a Lusa, a Direção-Geral da Saúde e a petrolífera Galp têm tudo a postos para uma campanha ‘sistemática’, a ser desenvolvida nos próximos três anos, de alerta para a obesidade infantil e de apelo aos pais para que incentivem seus filhos a fazer exercícios físicos. Segundo o diretor-geral de Saúde, Francisco George, a campanha terá como público-alvo os 300 mil clientes diários dos postos Galp. ‘Temos que utilizar o potencial da comunicação para poder mudar comportamentos’, disse, assumindo que a informação sobre obesidade infantil ainda é insuficiente”, informa o Diário de Notícias de Lisboa.

Em Londres:

“A Masterfoods, companhia que produz as barras de cereais e os chocolates Mars e Snickers não fará mais comerciais dirigidos a crianças com menos de 12 anos de idade. A empresa anunciou que tomou a decisão em resposta às ‘preocupações expressas por jovens e pais’. O bloqueio será em escala mundial até o fim de 2007. Até então, a Masterfoods promovia os produtos Mars e Snickers em programas de televisão, sites e publicações que tinham como alvo crianças de mais de seis anos de idade. Obrigada a rever suas estratégias de marketing diante da crescente preocupação com a obesidade infantil, a empresa continuará a promover os produtos da linha Better for You a todas as crianças acima de nove anos”, destaca a Ansa, de Londres.

Nos Estados Unidos:

“Com o pior índice de obesidade infantil nos EUA, o Estado de West Virginia está seguindo com os planos de usar o videogame ‘Dance Dance Revolution’, da Konami, para combater o problema nas escolas. No Brasil, o jogo é popular em shopping centers. O Estado norte-americano planeja colocar o videogame em cada uma de suas escolas públicas, isto porque uma pesquisa sugere que o jogo ajuda a evitar ganho de peso. Resultados preliminares de um estudo de 24 semanas que acompanhou 50 crianças obesas com idades entre 7 e 12 anos mostraram que os jovens que jogaram o game em casa por pelo menos 30 minutos, durante cinco dias por semana, mantiveram seu peso. Elas registraram também uma redução em alguns fatores de risco de doença coronária e diabetes”, informa a Reuters.

No Brasil:

A obesidade infantil é um tema preocupante também, que mobiliza diversos segmentos da sociedade: pais, professores, médicos, representantes do Governo, publicitários, indústrias alimentícias, entidades de defesa do consumidor... De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 30 anos, a proporção de crianças e adolescentes do sexo masculino acima do peso subiu de 3,9% para 18%. Entre as meninas, o salto foi de 7,5% para 15,4%. A obesidade, já encarada em todo o mundo como epidemia, atinge seis milhões de jovens brasileiros.

A diferença entre excesso de peso e obesidade é identificada a partir do cálculo do Índice de Massa Corpórea (IMC). Para se chegar a ele, basta dividir o peso, em quilos, pela altura, em metros, ao quadrado. Se o resultado ficar entre 25 e 30, a pessoa está com excesso de peso. Acima de 30, é obesa. O cálculo vale para adultos. Em crianças e adolescentes, além do IMC como referência, a idade é fundamental para se chegar a um resultado através de gráficos específicos.

Além de envolver vários agentes sociais, a discussão sobre as causas da obesidade abrange muitas possibilidades. O que leva ao aumento de peso, ao sobrepeso e à obesidade? Nem sempre a causa da obesidade infantil é a falta de prática de esportes ou o consumo exagerado de alimentos muito calóricos. A razão do descontrole na balança das crianças está muito além da gula. Para a endocrinologista, Ellen Simone Paiva, diretora do Centro Integrado de Terapia Nutricional, Citen, “a principal causa do problema são os próprios pais, embora dificilmente eles se dêem conta disso. Características genéticas e hereditárias como padrões de metabolismos e gasto de energia passam de geração para geração e interferem no acúmulo de gordura no corpo”, diz a médica.

“Mas a herança genética tem papel menos importante quando comparada com o estilo de vida dos pais, o que é fortemente assimilado pelos filhos”, alerta Ellen Paiva. No caso da obesidade, como em outras diversas situações que envolvem a criação dos filhos, o exemplo conta muito. Se os pais são sedentários, dificilmente conseguirão exigir que as crianças façam exercício. Se os pais comem mal, é pouquíssimo provável que consigam disseminar bons hábitos alimentares aos pequenos.

Aliando fatores genéticos e comportamentais, a medicina chega, hoje, a duas probabilidades preocupantes: ter o pai ou a mãe acima do peso significa até 50% de risco de o filho ficar gordo; e, se o pai e a mãe forem obesos, a chance é de até 90%. "As doenças do metabolismo ou doenças hormonais são causas raras de obesidade na infância. O que vemos na maior parte dos casos é uma associação da redução do gasto calórico causada pelo sedentarismo com erros alimentares, propiciando uma maior ingestão de calorias", diz a diretora do Citen.

Do leite materno ao prato

A melhor época para se adquirir bons hábitos alimentares é logo após a retirada do leite materno. Nessa fase da vida, a criança tem os primeiros contatos com a papinha de frutas e a papinha salgada. Ela aprende e cultiva o vínculo com o alimento saudável, passando a consumi-lo de maneira prazerosa. “A partir de então, mesmo quando provar o sabor forte dos alimentos industrializados, ela não abandonará esse hábito”, defende a nutricionista do Citen, Amanda Epifanio.

Passada essa fase, quando a criança passar a fazer suas opções alimentares, ainda caberá aos pais a organização das refeições diárias, evitando forçar a criança a consumir o que ela não gosta e oferecendo a ela opções de preparo e versatilidade que facilitem a aceitação do cardápio. “Nada melhor do que ter fome na hora das refeições, para que o alimento seja consumido de maneira fácil e divertida. E para ter fome é preciso evitar os beliscos entre elas”, recomenda a nutricionista.

A equipe multidisciplinar no tratamento da obesidade infantil

Os pais normalmente demoram a perceber que o filho está fora do peso ideal. O fazem normalmente quando a criança começa a ganhar apelidos desagradáveis na escola - a obesidade também pode deixar seqüelas psicológicas - ou quando surgem as primeiras queixas de mal estar físico. Muitos pais acreditam que o filho vai emagrecer quando chegar à pré-adolescência e ganhar altura. "Entretanto, é bom reforçar que a obesidade não é um problema que se resolve sozinho. O jovem que chega à puberdade obeso tem 80% de chance de se tornar um adulto obeso", alerta Ellen Paiva.

“Por entrar muito profundamente no seio da família, o tratamento da criança e do adolescente obeso requer o suporte de uma equipe multiprofissional. São muitos aspectos físicos, psicológicos e comportamentais que precisam ser alterados, em todos os membros da família, para que a criança consiga emagrecer, preservando a saúde e mantendo o ritmo de crescimento”, afirma a endocrinologista. Inicialmente, diz a médica, devem ser afastadas as causas endócrinas da obesidade infantil, com a investigação da função tireoideana, da resistência insulínica, das disfunções da puberdade, das doenças ovarianas na menina e das alterações de comportamento, como a ansiedade que predispõe à compulsão. Posteriormente, uma conversa com a nutricionista pode esclarecer erros e práticas alimentares que podem ser corrigidas e, posteriormente, implantam-se as modificações no cardápio infantil.

O preparo do cardápio de uma criança obesa requer a participação de uma nutricionista hábil em realizar trocas inteligentes e saudáveis para que a criança não se sinta prejudicada. “Através de um cardápio que atenda às necessidades individuais de cada criança e ofereça à ela opções saborosas de alimentos, a equipe multidisciplinar consegue a adesão desse pequeno paciente à dieta, pois a criança não se verá obrigada a trocar batata frita por rúcula, quando ela detesta rúcula, mas batata frita por batata assada,” diz Amanda Epifanio. Além de diminuir o consumo de guloseimas e estimular o consumo de alimentos saudáveis, pai e mãe precisam ficar atentos ao quanto obrigam os filhos a comer. “A mania de exigir que o filho não deixe no prato nem um grão sequer de arroz deve ser abandonada. Cada criança sabe seu limite. Os pais precisam respeitar isto”, afirma a nutricionista.

“Finalmente, a equipe se completa com o trabalho da psicóloga, que escuta e compreende o pequeno paciente e sua família de uma forma que, nós, médicos, não dominamos. Através do alcance de sua interferência, é possível atingir bons resultados com este paciente, pois obtemos subsídios sobre o quanto a obesidade influencia a vida dessas crianças e de que maneira ela interfere nos seus relacionamentos sociais”, afirma Ellen Paiva.

Tratando a família

Além de transferir gens aos filhos, os pais transferem também o seu próprio estilo de vida. As crianças observam atentamente e repetem as ações dos pais. Muitas se negam a absorver um comportamento diferente do que o que foi ensinado pela família. “Não há como fazê-los mais ativos, se os pais são sedentários. Não há como obrigá-los a tomar café da manhã, se os familiares saem em jejum para trabalhar. Não há como fazer com que eles comam menos guloseimas, se os próprios pais abusam do chocolate”,diz a nutróloga Ellen Paiva.

Não é da criança a obrigação de fazer as compras do supermercado e ela come o que os pais compram. “São os pais os responsáveis pelo cardápio da família e é tarefa deles oferecer opções saborosas e saudáveis de alimentos às crianças. Quando não há organização por parte dos pais, as crianças ficam à mercê da propaganda de alimentos, comem guloseimas e beliscam fora de hora. Dessa forma, é claro que não vão comer direito nos horários das refeições”, observa a nutricionista Amanda Epifanio.

“Quando investigamos o preparo dos alimentos nas residências dos pacientes, as causas da obesidade infantil tornam-se mais claras. Em muitos casos, os erros não estão na forma de preparo dos alimentos, mas na escolha dos mesmos”, afirma a nutricionista. Na maioria das vezes, segundo Amanda, a família consome alimentos industrializados em excesso, são sopões, macarrões instantâneos, lanches monótonos e pouco nutritivos... E os pais alegam não ter tempo para cozinhar e não saber preparar uma refeição. Dizem ainda que a criança não gosta de verduras e legumes e que prefere o hambúrguer. “Certamente, esta criança não foi habituada, ainda bebê, a apreciar o sabor suave dos alimentos saudáveis e os acha muito sem graça, sem sabor”, afirma Ellen Paiva.

“Quando os pais trazem os filhos obesos ao consultório, devem estar dispostos a fazer também a sua parte no tratamento do filho. Devem assumir o papel na organização e no preparo dos alimentos. Devem entender que o fato de trabalharem muito não pode justificar a ausência de uma mesa posta e da família à sua volta, se alimentando corretamente”, conclui a médica.

CITEN

O CITEN - Centro Integrado de Terapia Nutricional – é uma clínica voltada à terapia nutricional de doenças crônicas em nível ambulatorial. Está apta a atender adultos e crianças, pois conta com equipe multidisciplinar altamente qualificada composta por médicos, nutricionistas, psicólogos e psicanalistas, devidamente credenciados junto às sociedades e instituições de classe nacionais e internacionais.

SERVIÇO:
CITEN - Centro Integrado de Terapia Nutricional
Endereço: Rua Vergueiro, 2564 Conjuntos 63 e 64 - Vila Mariana, São Paulo-SP
CEP: 04102-000

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