Novidades recém apresentadas em congresso americano podem melhorar significativamente as chances de cura para a hepatite C
Buscar soluções para os portadores de hepatite C em início de tratamento e para aqueles que falharam às terapias iniciais são, atualmente, prioridades de muitos pesquisadores. Isso porque, apesar dos avanços significativos no tratamento da doença, certos grupos de pacientes ainda apresentam características que dificultam as chances de resposta à terapia. Novos estudos, apresentados no 59º Encontro da Associação Americana para o Estudo de Doenças do Fígado (AASLD), em São Francisco, revelaram estratégias para esses desafios. Em relação aos pacientes em primeiro tratamento, dois estudos merecem destaque:- Estudo comparativo
Um novo estudo independente, realizado na Itália, demonstra que o esquema de tratamento com Pegasys (alfapeginterferona-2a) proporciona melhores resultados em pacientes com hepatite C, se comparado ao tratamento com outro interferon peguilado. A diferença entre as duas terapias foi ainda mais evidente em portadores das formas do vírus de mais difícil tratamento, ou seja, os genótipos 1 ou 4.
- Pacientes com resposta lenta
Pacientes que respondem mais lentamente ao tratamento da hepatite crônica C podem melhorar as taxas de cura da doença quando recebem a combinação Pegasys mais ribavirina por um tempo maior. Uma das pesquisas apresentadas foi feita com 552 pacientes austríacos infectados pelos genótipos 1 ou 4 da hepatite crônica C com vírus ainda detectável no sangue na 12ª semana de tratamento. Estes pacientes apresentam maior chance de sucesso da terapia com Pegasys quando tratados por 72 semanas. Atualmente, o tratamento padrão dura 48 semanas.
Sobre pacientes que falharam ao primeiro tratamento, as seguintes alternativas devem ser comentadas:
- Pacientes recidivantes ao tratamento
Existe outro grupo de pacientes, chamado de recidivantes, que, apesar de responderem ao tratamento, não conseguem manter essa resposta mesmo após o término da terapia. Ou seja, eles voltam a ter o vírus detectável no sangue seis meses após a suspensão do tratamento. Um estudo realizado na Alemanha constatou que 50% desses pacientes podem alcançar a cura se forem novamente tratados com Pegasys e ribavirina por 72 semanas.
- Pacientes não-respondedores ao tratamento
No caso de pacientes não respondedores, um estudo de grande porte, chamado REPEAT, avaliou o retratamento com Pegasys em 942 pacientes que não apresentaram resposta a outro interferon peguilado. Os resultados demonstraram que, ao receberem a terapia com Pegasys por 72 semanas, pacientes não-respondedores, que antes não tinham praticamente nenhuma alternativa de tratamento, podem agora ter cerca de 20% de resposta. Em alguns casos, até 60% de cura pode ser conseguida.
Sobre a hepatite crônica C
A hepatite C (HCV), a mais comum infecção crônica veiculada pelo sangue, é transmitida primariamente através do contato com sangue e derivados contaminados. O HCV afeta cronicamente 180 milhões de pessoas em todo o mundo, o que torna esse vírus quatro vezes mais prevalente que o HIV. A hepatite C é uma das principais causas de cirrose, câncer do fígado e insuficiência hepática, embora muitos pacientes possam ser curados da doença.