O Ecosoc reconhece que o tabaco não só tem
conseqüências negativas para a saúde e o meio ambiente, mas também afeta os
esforços da ONU para reduzir a pobreza, diz o informe. O tabaco também está
ligado a uma variedade de enfermidades, entre elas vários tipos de câncer
(pulmão, traquéia, brônquios, boca, estômago, esôfago), algumas cardiovasculares
(isquemias e cerebrovasculares), respiratórias e digestivas. A prevalência de
jovens entre 13 e 15 anos expostos à fumaça do cigarro pode superar os 80% na
Europa, mais de 60% no continente americano e cerca de 50% na África: Ásia
meridional, do sudeste e Ásia-Pacífico, segundo pesquisa citada no
informe.
A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a
Alimentação estima que a produção de tabaco cai nas nações industrializadas, mas
aumenta nos paises em desenvolvimento. Na década de 70, as nações em
desenvolvimento respondiam por pouco menos de 60% da produção mundial de tabaco.
A produção poderá representar 80% em 2010. "Essas cifras dão conta do baixo
custo da produção e do acentuado aumento da demanda nas nações em
desenvolvimento", explica.
Os benefícios das zonas livres de fumo de
tabaco levaram muitos governos a promulgar leis que criam esses espaços. Entre
eles Butão, Estônia, França, Irã, Irlanda, Itália, Malta, Nova Zelândia,
Noruega, Suécia, Uganda e Uruguai. Uma pesquisa da ONU sobre proibições de fumar
mostrou "resultados animadores", entre eles que "a maioria das instalações da
ONU eram zonas livres de fumo". Quase todas as agencias da ONU operam nesses
ambientes, mas ainda resta impor a proibição total de fumar nos 39 andares de
sua sede em Nova York.
Em julho de 2006, o Ecosoc recomendou à Assembléia
Geral considerar em seu 61º período de sessões, de 2007, a "proibição total de
fumar em todos os locais da ONU, tanto na sede quanto nos escritórios regionais
e nacionais". A resolução também pedia implementar uma "proibição total de venda
de tabaco em todos os locais da ONU". Mas o plenário não tomou nenhuma decisão a
respeito. O informe reiterou a solicitação para o 63º período de sessões da
Assembléia, que acontecerá em setembro deste ano.
Ao proibir fumar em
suas dependências a ONU estará protegendo a saúde de trabalhadores, diplomatas e
visitantes, mas também mostrará que reconhece os perigos de fumar, segundo Kathy
Mulvey, da organização de análises de políticas empresariais Corporate
Accountability International. Mas, a ONU tem nas mãos um instrumento de maior
poder: um convênio global conhecido formalmente como Convenção Marco da OMS para
o Controle do Tabaco, um dos tratados de maior adesão na historia das Nações
Unidas.
"Cerca de 80% da população mundial em mais de 150 paises estão
protegidos por normas vinculantes que proíbem a publicidade, a promoção, o
patrocínio e a obrigação de desvincular políticas de saúde pública da
interferência da indústria do tabaco", disse Mulvey à IPS. Todas as agências da
ONU podem fazer mais para apoiar a OMS na implementação desse inovador tratado,
acrescentou. (IPS/Envolverde)
(Envolverde/IPS)
- Thalif Deen, da IPS