Até meados dos anos 80, eram raras as opções para quem precisava almoçar fora de casa. As alternativas restringiam-se aos restaurantes com serviço à la carte, lanchonetes ou pequenos estabelecimentos comerciais que ofereciam o prato feito, o popular “PF”. Estas alternativas deixavam a desejar pelo preço ou pela demora no atendimento. O cenário começou a mudar com a instalação de redes de fast-food e o surgimento dos restaurantes self-service por quilo. “Esta última opção permitiu ao consumidor escolher entre vários pratos de saladas, carnes e massas, pagando apenas pelo seu consumo individual. Foi uma mudança de comportamento que alterou a hora do almoço nas grandes cidades”, afirma a endocrinologista Ellen Simone Paiva, diretora do Centro Integrado de Terapia Nutricional, Citen.
Hoje, o ramo dos self-services é bastante disputado. De acordo com o
Sebrae-SP, existiam, em 2005, cerca de 800 mil estabelecimentos deste
tipo no país - o dobro do registrado em 2000 - 2,5 mil restaurantes por
quilo somente na capital paulista. “Assim, em duas décadas, o
brasileiro passou a contar, na hora do almoço, com uma opção de
alimentação prática, saudável e econômica”, diz a médica.
Almoçar no self-service é a primeira opção para quem quer fazer uma
refeição rápida, porque a comida servida é boa, já está pronta e tem um
preço médio atrativo: R$ 10,00 por pessoa, independentemente do
cardápio. “Estes restaurantes também buscam oferecer todos os grupos de
alimentos, com várias opções de frutas e hortaliças, carboidratos e
proteínas de origem animal e vegetal, preparados de diversas maneiras,
indo desde o grelhado ao empanado, possibilitando uma escolha de
alimentação saudável, de acordo com as preferências e as necessidades
nutricionais de cada um”, explica Amanda Epifanio, nutricionista que
integra o corpo clínico do Citen.
A nutricionista recomenda que antes de se servir, a pessoa deve dar uma
olhada em todas as opções disponíveis, saladas, pratos quentes e
sobremesas, possibilitando assim a escolha de um alimento de cada grupo
e evitando os excessos diante de opções tão variadas.
Como escolher?
A seguir, a endocrinologista Ellen Simone Paiva e a nutricionista
Amanda Epifanio fornecem orientações para que a escolha dos alimentos
no restaurante self-service possa se tornar uma refeição balanceada:
(1) Para montar um prato equilibrado devemos iniciar com uma salada bem
variada de folhas e legumes ocupando metade do prato, ficando a outra
metade reservada à uma opção de carboidrato (arroz, batata ou massas),
proteína (soja, peixe, frango ou carne vermelha) e leguminosa (feijão,
grão de bico, ervilha ou lentilha). “Não é recomendável se servir duas
vezes, pois corremos sempre o risco de consumir grandes volumes de
alimento devido à variedade de oferta”, diz Ellen Paiva;
(2) As proteínas de origem animal são sempre bem vindas, principalmente
as opções menos gordurosas, uma vez que esses alimentos trazem consigo
a maior parte da gordura da refeição. Diferente do que pensam muitas
pessoas, elas são ricas em calorias. Peixe, frango ou carne, o que
importa mesmo é a escolha da carne vermelha mais magra, uma vez que
esta é rica em gordura saturada e a observação das formas de preparo,
devendo ser evitados os molhos gordurosos como o madeira e o
estrogonofe, as frituras, principalmente, empanadas como o peixe a
doré, o bife à milanesa e as diversas preparações de frango recheadas
com farofa, bacon e queijos. “Para atender às recomendações de um
cardápio variado, a melhor opção seria a escolha de um tipo de carne
para cada dia da semana”, informa a nutricionista Amanda Epifanio;
(3) O peso do prato não é tão importante, basta analisarmos dois
exemplos, onde um deles mais pesado pode ser muito mais saudável e
menos calórico do que outro mais leve:
Prato 1 – duas colheres de arroz, uma concha de feijão, legumes refogados e uma sobrecoxa de frango;
Prato 2 – uma colher de salpicão de frango, um pastel de carne e outro
de queijo, um pedaço pequeno de lingüiça calabresa e uma colher de
farofa.
“Apesar da primeira opção ter quase o dobro do peso da segunda, ela é
muito menos calórica e muito mais saudável”, afirma a diretora do
Citen, Ellen Paiva;
(4) Diante de diferentes tipos de massa, prefira as sem recheio, do
tipo espagueti ou nhoque, tendo cuidado na escolha dos molhos, uma vez
que, muitas vezes, estes são mais calóricos do que a própria massa,
como é o caso do molho à bolonhesa, quatro queijos e certos molhos
brancos enriquecidos com nozes, castanhas e embutidos. Uma boa opção de
molho é o de tomate fresco. Depois de tantos cuidados, não abuse do
queijo parmesão;
(5) Para temperar as saladas, procure não ceder à tentação dos molhos
prontos, utilize o vinagrete, o shoyo e o vinagre balsâmico. Cuidado
também com o excesso de azeite, pois, apesar de saudável e “da famosa
gordura boa”, ele é tão calórico quanto a banha de porco;
(6) Impossível convencer as pessoas a não ingerir líquidos durante as
refeições. Parece até que se tornaram parte do cardápio. Se for água ou
refrigerantes light ou diet, o problema não são as calorias, mas a
interferência no processo digestivo, tornando-o mais lento e difícil.
“Sempre que possível, evite a ingestão dos 350ml de líquido gasoso das
latas de refrigerante, dividindo-os com alguém”, aconselha a
nutricionista Amanda;
(7) A ingestão de sal é sempre maior quando comemos fora de casa.
Sabendo disso, evite adicionar sal à salada e abra mão de frios, como
presunto e queijos amarelos, azeitonas, alcaparras e preparações
gratinadas. No caso dos hipertensos, esses cuidados devem ser
redobrados;
(8) Se uma sobremesa fizer parte do pacote do almoço, lembre-se que uma
gelatina tem o mesmo valor calórico que um bombom. Se existir uma
preocupação em perder ou manter peso, faça a opção pelas frutas e deixe
o doce ou o sorvete para o final de semana;
(9) Não há nenhuma vantagem nutricional na opção pelos restaurantes self-services que oferecem apenas alimentos orgânicos;
(10) Alem do sabor da comida, é importante observar a limpeza do
ambiente, dos pratos, dos talheres, do uniforme dos funcionários, assim
como a proteção dos seus cabelos. “Os consumidores também devem ser
orientados a evitar conversas durante o ato de servir o prato devido à
possibilidade de contaminação das travessas de alimentos pelas
gotículas de saliva. As mulheres, em especial, deveriam evitar mexer em
seus cabelos, próximo ao balcão de alimentos. Os demais consumidores
agradecem”, recomenda a endocrinologista Ellen Paiva;
(10) Devido à grande variedade de saladas e preparações, os
restaurantes self-service possibilitam perfeitamente o consumo de uma
dieta de baixas calorias, variada e completa em nutrientes. “Basta
saber escolher e resistir às muitas tentações calóricas ao longo do
trajeto de nossas bandejas”, afirma Amanda Epifanio.
SERVIÇO:
CITEN - Centro Integrado de Terapia Nutricional
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