Onde está o petróleo mexicano?

Onde está o petróleo mexicano?

Argemiro Pertence                                03/08/2007

O México foi um dos maiores produtores de petróleo do mundo. Em 1995, o México era o sexto produtor mundial de petróleo, superando a Venezuela, país-membro da OPEP. Em 1983, as reservas provadas do México alcançavam 72,5 bilhões de barris. Em 1995 essas reservas somavam 50 bilhões de barris, segundo dados oficiais.

Em 1995, as exportações de petróleo do México – cerca de 1,4 milhão de barris por dia – eram assim distribuídas: 54% para os EUA, 25% para a Europa Ocidental e 11% para o Japão.

Entretanto, já em 1991, a imprensa noticiava: “O México, um dos maiores produtores de petróleo do mundo, precisará importar grandes quantidades de petróleo daqui a 10 anos, de acordo com um relatório que informa que o governo mexicano mentiu acerca das reservas provadas do país - Los Angeles Times, 10 de dezembro de 1991.

O que se passou? Qual é o quadro atual? No final dos anos 80 do século passado, o Presidente Lopez Portillo decidiu incrementar a produção de petróleo à custa de empréstimos externos, nos quais o petróleo a ser produzido seria a garantia dos pagamentos aos bancos estrangeiros. De fato, a produção cresceu. Cresceu, entretanto, de forma predatória, visando a exportação. Cresceu visando atender à demanda dos credores, ignorando a boa técnica e o interesse nacional. À época, cerca de 37% da dívida externa mexicana era representada por empréstimos à PEMEX (empresa petrolífera estatal). Como resultado, as reservas petrolíferas do México começaram a declinar.

Segundo o jornal mexicano “El Universal”, a petrolífera mexicana PEMEX “informou que as reservas do país se esgotarão em sete anos, segundo prognósticos entregues pela empresa na Bolsa de Valores de Nova York”. De acordo com dados da estatal mexicana, “mesmo que se invista no descobrimento de novas jazidas, elas demorariam de 6 a 8 anos para entrar em fase madura, com plena produção. A conclusão do relatório é de que o México terá que “importar petróleo” para satisfazer sua demanda interna dentro de poucos anos. O país possui uma produção anual de 1,3 bilhão de barris (3,5 milhões de barris/dia), segundo dados oficiais. As reservas de suas jazidas em exploração são de cerca de 9 bilhões de barris, enquanto que as reservas da Petrobrás, atualmente, atingem cerca de 13 bilhões de barris.

A atual situação mexicana tem muito de similar com a brasileira. A partir de 1995, após a reforma constitucional comandada pelo governo Fernando Henrique Cardoso, sob a batuta do atual ministro da defesa, Nelson Jobim (então residente da Câmara dos Deputados), o regramento do setor petrolífero brasileiro sofreu profundas modificações. Foi abolido o monopólio constitucional do petróleo exercido pela União. Passou a ser permitido que empresas privadas brasileiras e estrangeiras entrassem no negócio, permitindo-se mesmo que estas exportassem o petróleo e o gás natural por elas descoberto. A Petrobrás passou a ter suas ações negociadas em Wall Street, sendo forçada a aceitar pressões desses grupos para ampliar a produção visando a exportação e a entrada de divisas. Desde então, foram realizados oito leilões de novas áreas para exploração de petróleo e gás no Brasil. O atual governo que, à época da revisão constitucional, estava na oposição, decidiu encampar a idéia e, sem qualquer coerência política, já realizou duas Rodadas de Licitações de áreas para exploração e se prepara para realizar mais uma ainda este ano.

Petróleo não produz duas safras. Em breve, seus preços ultrapassarão os US$ 100 por barril. Mantendo-se a atual tendência, o Brasil, como México, se tornará também importador de petróleo. Vale aqui lembrar a avaliação de um patriota mexicano do século XIX: “Pobre Mexico! Tan lejos de Dios y tan cerca de los Estados Unidos” - Porfirio Diaz, Presidente da Republica de Mexico (1877-1880 e1884-1911).

 

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