Afora a já conhecida problemática de agressão ambiental produzida pela queima dos derivados de petróleo, a cada dia são vislumbrados novos efeitos nocivos da utilização dos derivados de petróleo no dia-a-dia de nossa sociedade.
Este caráter nocivo do uso dos derivados de petróleo torna absolutamente clara a primazia dada ao lucro das empresas e de seus dirigentes em detrimento da vida da população.
Recentemente, a Organização Mundial da Saúde (OMS), agência da ONU que visa a consecução, por parte de todos os povos, dos mais altos padrões de saúde possíveis, informou que a fumaça e as partículas lançadas no ambiente por motores diesel são altamente cancerígenas, atingindo especialmente os alvéolos pulmonares.
No entanto, o diesel (derivado de petróleo) continua sendo produzido e os veículos equipados com motores diesel prosseguem sendo fabricados, em total desrespeito às recomendações da OMS, assegurando somente o lucro das empresas petrolíferas e das empresas do ramo automobilístico.
Recentemente, temos de público uma campanha alertando contra os danos provocados ao ambiente e à vida pelos pesticidas aplicados particularmente nas plantações de grãos. Na Califórnia (EUA) já se percebe a crescente redução da população de abelhas fruto do envenenamento por agrotóxicos. A redução da população de abelhas tem reflexos na polinização de árvores frutíferas e muitos outros vegetais. A redução da produção de frutas e vegetais afeta a vida de muitas espécies animais e assim por diante. Fenômeno semelhante está a ocorrer, por certo, no nosso cerrado.
Nenhum destes fatos, entretanto, é considerado. O que permanece importante é a produção de grãos envenenados pelos pesticidas e o lucro de seus plantadores. Mas que relação tem este problema com os derivados de petróleo?
Bem, o veículo utilizado para solubilizar os princípios ativos dos agrotóxicos e pesticidas é o querosene desodorizado, um derivado de petróleo, graças a seu alto poder de solvência e baixa tensão superficial. Sua baixa tensão superficial faz com que o pesticida penetre nos mais apertados espaços dos vegetais. O querosene desodorizado tem poder de solvência suficiente para dissolver alguns dos princípios ativos mais agressivos à vida e ao ambiente, como as piretrinas e os piretróides.
No entanto, as empresas de petróleo prosseguem fornecendo querosene às fabricantes de pesticidas sem qualquer interferência ou fiscalização estatal.
Outra vez, vê-se neste caso a prevalência do lucro em detrimento da vida. E ainda há quem defenda o petróleo. No Brasil, estes são tidos como patriotas...
Argemiro Pertence (engenheiro mecânico)