Zé Bonito
Manél Cotôco
Bino
Generino
Zé Honório,
Pagé
Ary Careca
Azuíl
Capitão Waldyr...
Amigos de farda ou de trabalho de meu pai, Djecyr Nunes da Gama, deram-me o conhecimento exterior de sua personalidade. Filho sempre procura espelho e neste sempre está à presença paterna. Não é de se estranhar esta projeção. Faz parte da própria genética. Era muito comum se ouvir: “O pau não fica longe do cavaco”, ou “se parece muito com o pai, mesmo não sendo criado junto”. A mistura dos sangues e a presença dos caracteres dos antepassados estão ai a desafiar a ciência e a cada instante surpreende mais e mais os mais sábios.
Gostava muito de ouvir os comentários sobre meu pai das pessoas que conviveram com ele, já que não tive este privilégio e que hoje dou aos meus filhos. Companheiro de sua profissão de Sapateiro como o “seu” Zé Bonito, um homem extremamente sincero que sempre quando se referia ao meu pai era com um brilho de carinho nos olhos profundamente puros e com uma voz extremamente saudosa, fazia-me bem conversar. Às vezes ficava horas e horas, menino de calças curtas, cabelos arrepiados e canelas finas, sentados nas bancadas das antigas sapatarias a ouvir os “recuerdos” destes “hombres” de fina memória e alegres sorrisos.
Seu Zé era pai de Ceny que mais tarde veio ser mãe de Braulinho, Juca, Rita e Ana Lúcia.
Eu conseguia descobrir quem de fato era amigo dele, quem o tinha com olhar critico e como era sua vida em Macaé.
Pude observar essas pessoas e com a convivência fui vendo que ele era um homem extremamente humano e bom. Para um filho saber de seu pai é muito importante e ele sabe diferenciar no riscar de olhos quem o tinha como amigo ou não. Cimentei minha formação sobre ele em fatos ouvidos e sentidos.
Com isso fui tendo uma vasta e proveitosa análise da sociedade em que vivia ao tempo de, facilmente, saber separar as pessoas que eram de fato bondosas ou más. E olhe que cidade de interior nesse campo era, é, e acho que ainda será por muito tempo, vasta.
MACAÉ TEM SUA HISTORIA e esta tem o forjamento em pessoas simples, sangue vermelho de fato e que construiu seus alicerces em andanças puras por estas ruas, hoje asfaltadas, mais que não apagam as passadas nas poeiras puras sem a contaminação social que a elite que se tranca em mansões pode oferecer.
Era bom conversar com Waldyr Siqueira, Assis e Waldyr Azevedo, Capitão Waldyr Freitas, Mirnes, Antônio Benjamim, Carolino e Azuil. Todos colegas de fardas do velho Gama quando veio prestar Serviço Militar no Forte Marechal Hermes nos anos 30.
Confortante ter informações macaenses vinda de Zilda Benjamim Aguiar esposa de Sidney que era também pai de "Sidiroca". Destes primeiros vinham informações de meu pai distante e de suas brincadeiras de quartel e de vivências macaenses.
Dos últimos o carinho de entendimento que a cidade pouco podia oferecer nos limites de sua própria dimensão social e repressiva. Estes dias estive na casa de Zilda e ela dizia das tantas horas de alegrias quando de sua infância macaense. Sua filha, mãe de Carla recordava com brilho divino nos olhos ainda lindo os momentos de juventude nos clubes e nos carnavais dos anos 50.
Waldyr Freitas deixou uma longa história em Macaé. Casou se com uma irmã de Amélia Pinto Brasil e espalhou sua raça morena e linda por toda a cidade.
Carla ainda mora onde Sidney morava. Num sitio onde se pode ainda ver a casa de Azuil seu cunhado e a estrada de Linha Verde recentemente construída e que quebra muito a tranqüilidade da região e destoa das palmeiras plantadas por Sidney Aguiar. Ele previa um futuro ecologicamente destruído pelo progresso de um bem não renovável. Existe uma ligação muito forte entre o socialismo e o meio ambiente que rompe as barreiras dos anos e fica claro nas ações que os homens de ideal mais sério e, profundamente voltado para a vida, atuam...
A luta pela sobrevivência humana, cimentada na preservação natural, esbarra no capitalismo barato de uma espécie humana que não prevê futuros. As Palmeiras, plantadas carinhosamente, ainda esperam os anos para que sua existência seja Imperial.
OS VULTOS POPULARES DA CIDADE PURA
Uma cidade tem que tTer recordaçoesrecordações de seus vultos populares e notadamente conhecidos puros. Eles são a verdadeira noçaonoção de sua história.Como esquecer o velho “Manél Cotôco”? Durante uma longa permanência entre nós se fez presente na Rua da Estação onde crianças, moços e velhos aprenderam a admirar sua forma humana de se comunicar com todos. Grande em sua sabedoria poupular e conhecedor de nossas ruas e praças. Seus filhos foram meus amigos.“Mariski”, “Depe”, Reinaldo, Roberto e Marlene são alguns destes.
A Rua da Estação nunca mais foi à mesma com a ausência deste vulto alegre e nosso.
E o jornalista, escritor e poeta José Honório que trocou as festivas páginas do “O Fluminense” de Niterói por uma vida tranqüila nas nossas ruas com sua velha “Mobilet”? Depois que sua filha faleceu numa enxurrada na Serra das Araras ele ficou triste, perdeu a vontade de escrever e partiu sem dizer quando nem para onde.
E quando se vai na “Virgem Santa” e a ausenciaausência do bravo Generino é sentida? É fruto de uma vida de luta em favor da comunidade que ele viveu. O colégio que ostenta seu nome nem de longe imagina o quanto este senhor fez pela transformaçaotransformação de nossa sociedade. Fernanda, uma linda professorinha e neta de “Pagé” faz parte da comunidade Educacional de “Virgem Santa”.No Mathias Neto Conheci uma doce e linda menina de nome Luiza de 12 anos neta do velho Generino. Tem seus olhos. Ela se chama Luisa e lembra das conversas que falam em seu avô.
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E “Bino”, pai de Sebastião o alegre professor que foi morto misteriosamente na reta de Barra de São JoaoJoão nos anos 60? Como deixar de perpetuar sua presença firme e seu olhar determinado com o pese de uma dor insana?Os momentos que ele desabafava com Ary Carvalho, o carinhoso “Ary Careca” e Wilson Wantil no bar de Ruy se podia ver a transparência de sua dor de pai. “Tião” ao era um grande amigo, liderança nata e deixou saudades. Eliane Simões Gil, “Marilu” e tantos outros amigos ficaram tristes e custaram a acreditar na prematura ausência do Sebastião Carvalho. Muitas noites andei, juntamente com Ronaldo Madeira ,pesquisando sua morte em busca de indícios. Nada encontramos de diferente do que foi divulgado.
Foi neste pequeno Fiapo de Memória que passo algumas lembranças que dormiam. Lembranças que, talvez batendo em outras pessoas, possam criar novas lembranças de um tempo que habita a mente de cada um de nós.
Das Ruas Empoeiradas de Conceição de Macabú até Macaé anos 50 de uma Cidade Pura
Telmo, Gaguinho.Miltonsilis,Edvar,Geraldo
As vezes fico imaginando como era difícil e fácil a localização das pessoas. Havia uma espécie de código na hora em que se fazia referencia a elas. Como haviam 4 Nelsons na rua do Meio era fácil citar. Nelson de dona “Doca e seu Zezinho” do carro de praça; “Nelson de dona Pequena”; “Nelson de dona Elsa e Sto. Darcy” e “Nelson de Darcilio e Irene”. Com isso a gente sem querer dava aos amigos a genética pura e inocente das identificações quando das perguntas de “onde vocês estávamos até aquela hora e outras tantas interrogativas maternas”.
“Telmo de Seu Thiers” e “Telmo de Seu Zica” dividiam estes dois nomes difíceis mais tão perto um do outro. A diferença eram duas ruas que distanciavam um do outro. Thiers era um respeitado eficiente Fiscal da Prefeitura e um boémio das antigas. Seu “Zica” era o barbeiro que morava em nfrente a casa de seu “Pepeu” e fazia parte da tinha história desta nesta bela e acolhedora região de Macaé.
Quando pequeno o nosso “Telmo da rua do Meio” era “Telmo Cabeção”. Ao crescer e se tornar jovem era “Telmo Batatais”s por ser um bom goleiro nos treinos do Independente. Quando foi para o SENAI virou “Telmo Jurubeba” e quando morreu em Conceição de Macabú, este meu velho amigo, era Telmo Pereira de Azevedo que se casou com a filha de Mesquita líder da UDN de lá. As históorias se entrelaçam de uma forma tão afetiva que as vezes creio muito em formação anterior aos fatos existentes.
Telmo nasceu no carnaval e morreu tambemtambém no Carnaval. Foi “PiaoPião de Obras”, militante de Esquerda e gostava deassumia ser dizer-se Comunista numa época em que muitos fugiam e se furtavam em assumir e dizer.
OS JOVENS DE MACABÚ
Os jovens vindo de Conceição de Macabú para estudar em Macaé vinham de mansinho, de vagarinho e iam se acomodando em nossos corações ao ponto de se transformarem em quase irmãos. Foi assim com Miltonscillis, Edvar, “Gaquinho” e Geraldo.”Gaguinho” era de uma docilidade que a todos cativavam. Fez concurso para Policia e soube, no meado do ano de 2001 que tinha falecido. Quem me falou foi Edivar num café do Centro da cidade. Eles passaram a ter os mesmos desejos que os nossos e participavam do nosso social, político, esportivo e afetivo.
Conceição de Macabú e Macaé sempre estarão unidas embora com cidades estejam separadas. As famílias de Macaé e de lá se misturam nas raízes e no afetivo onde o tempo jamais irá desunir.
(José Milbs, memorialista e editor).