Não sou especialista em climatologia. Por esta razão, preciso me
informar sobre o aquecimento global ouvindo e lendo os especialistas.
Como acontece com todo mundo, as conclusões e os juízos de uma pessoa
com espírito científico têm muito de objetivo, mas nunca se livram de
contaminações subjetivas. Não raro, alguém me traz artigos de
cientistas que atribuem o aquecimento terrestre a fatores naturais,
esperando minha resposta. Explico sempre que minha postura se apoia em
estudiosos competentes e responsáveis.
A meu ver, não é possível que tantos estudiosos tributem às
atividades humanas no planeta o aumento de produção de gases do efeito
estufa e o aquecimento global de forma irresponsável. Tenho plena
ciência de que já houve longos períodos de aquecimento da Terra não
provocados por atividades econômicas humanas porque simplesmente o ser
humano não existia. O último aumento prolongado de temperatura do
planeta sem responsabilidade humana direta, mas já com a nossa espécie
existindo, ocorreu entre os anos 800 e 1300 da era cristã. A partir
deste segundo ano, até 1860, consolidou-se uma pequena era do gelo,
como mostra Brian Fagan no seu livro “Aquecimento Global: a influência
do clima no apogeu e declínio das civilizações” (Larousse do Brasil:
2009).
Não basta usar gráficos que indiquem apenas a elevação da
temperatura. É preciso correlacionar este gráfico a outro que mostre a
acumulação de gases do efeito estufa. Isto já foi feito por Michael
Mann, demonstrando uma impressionante similitude entre as duas curvas
(ver gráfico abaixo). Mesmo assim, os céticos continuam a duvidar que
ações humanas estejam por trás ou por baixo do aquecimento planetário.
Na abertura da Conferência de Copenhague, a Organização Mundial
de Meteorologia (OMM) divulgou um novo gráfico comparando as
informações fornecidas pelo Centro Hadley e pela Universidade de East
Anglia com os dados provenientes da Nasa e da Administração Nacional de
Oceanos e Atmosfera, ambos dos Estados Unidos, um dos maiores países a
gerar gases do aquecimento. Estes dados, que parecem insuspeitos,
corroboram tanto os que foram contestados pelos céticos quanto o
gráfico de Michael Mann.
Mais ainda, este gráfico totalizador revela que os últimos nove
anos constituem a década mais quente desde 1860, sendo que a década de
90 foi mais quente que a anterior. 1998, por força de um El Niño
acentuado, foi o ano mais quente registrado na fase atual de
aquecimento. Assustador é que os anos mais quentes depois de 1998 foram
os de 2005, 2003, 2002 e 2009.
Para os céticos, nada podemos fazer senão ajeitar as coisas aqui por baixo. Para os ecocientistas, além desta nova arrumação, é preciso também reduzir as emanações de gases do efeito estufa. Acredito nos segundos, ou será que vivemos uma histeria coletiva, com cientistas renomados e delegações dos países que formam a ONU reunidos para discutir uma grande ilusão ou uma grande farsa? O pior é que os Estados Nacionais e seus governantes estão muito aquem da gravidade das mudanças climáticas e devem tomar decisões pífias em nome do crescimento econômico. Decisões que podem inviabilizar o próprio processo de crescimento defendido.