Distribuída aos compositores e à imprensa no final de maio, a sinopse tem as assinaturas do presidente Nilo Mendes Figueiredo, de seus diretores Marcelo Jacob (Harmonia), Alex Fab e Júnior Escafura (Carnaval), de Carlos Monte e do carnavalesco Paulo Menezes que são os responsáveis pela pesquisa e enredo. A sinopse é descrita em versos com propósitos musicais e históricos, pois, se inicia no Rio de Janeiro, ano de 1970, ao citar a frase “Nesta Avenida colorida a Portela faz seu carnaval” da letra de seu samba-enredo campeão intitulado (Lendas e Mistérios da Amazônia). Prosseguindo: Com o rosto molhado de suor e lágrimas, vejo a minha Escola conquistar a plateia com um desfile.
A sinopse prossegue dizendo: Agora com um sabor especial, me aquecendo para entrar na Avenida “senti meu coração apressado, todo o meu corpo tomado, minha alegria voltar” que é uma frase, um verso, do samba de Paulinho da Viola intitulado (Foi um Rio que passou em minha vida). Prosseguindo, a sinopse diz: E então pensei “Meu coração tem mania de amor”. A sinopse continua fazendo três perguntas. E que amor é esse que me conquista cada dia? Que amor é esse que move toda essa gente? De onde vem isso tudo e como essa história começou? A sinopse prossegue afirmando: É isso que vou descobrir, tendo a alma aquecida de emoções, lá em Madureira, de trem.
A sinopse continua dizendo: Cantando samba, assim como Paulo Benjamin de Oliveira fazia décadas atrás através desses versos musicais: “Eu canto samba/Porque só assim eu me sinto contente/Eu vou ao samba/Porque longe dele eu não posso viver”. Prosseguindo, a sinopse afirma que quer trilhar os caminhos desse povo como um ‘peregrino’, descobrindo sua gente, sua cultura, sua fé, o seu canto e o seu samba. Descobrir sua história. Pisar onde outrora pisaram tropeiros, boiadeiros, mercadores e imperadores, caminhos de trabalho e suor, onde antes só se viam fazendas, engenhos e fé. Afinal, toda essa história começa pela fé. E o povo dança, o povo canta, dança o branco e dança o negro.
“Pisei na pedra/a pedra balanceou/Levanta meu povo/Cativeiro se acabou” diz em versos musicais a sinopse, que prossegue firmando: Negros fugidos, negros forros. Festa, jejum e esmola. Samba, dança, música e religião. Enfrentar a dor através da arte. Casas de Umbanda e casas de Candomblé, liderança e mistério, atraindo a atenção para a ‘roça’. Caminhos de terra, caminhos de ferro. E o povo vai chegando de tudo quanto é direção. Imigrantes de dentro e de fora. Os caminhos viram estradas. Estradas de terra, estradas de ferro. Chega o progresso e com ele os ambulantes, que depois viram mercadinhos, os mercadinhos viram mercados e os mercados viram mercadões.
Continuando a sinopse diz: E eu... Vou seguindo meu caminho. Vou ouvindo batuques, ritmos e sons. Sons sincronizados, parecendo sapateado. Mas, são apenas sons de pés que dançam, chutam e pulam. Pés que vão construindo outros caminhos. Não importa se em um tablado, no asfalto ou na grama, o importante é a ginga que por vezes me lembrar da de um malandro como tantos que esta história construiu. Ou como tantos que aqui chegaram para construir outras histórias. Malandros loiros, brancos, mulatos, sararás e crioulos. Assim como as músicas, loiras brancas, mulatas, sararás e crioulas – ou como se diz agora, black.
“No carnaval, esperança/Que gente longe viva na lembrança/Que gente triste possa entrar na dança/Que gente grande saiba ser criança” prossegue em versos musicais a sinopse, que em seguida diz: E o batuque continua. Marchinhas, mascarados, coretos, baianas, blocos de sujo, carnaval... São os caminhos da Folia! Caminhos da fantasia, onde cada um é o que deseja ser, onde mulher pode virar homem e homem virar mulher. E é através da fantasia, do sonho que nascem duas das maiores Escolas de Samba da História. E que orgulho hoje ver Portela e Império juntos a cantar que esse nosso lugar “Que é eterno no meu coração. E aos poetas traz inspiração para cantar e escrever”.
Continuando a sinopse diz: Madureira é assim. Amor, atividade intensa, vivida com orgulho suburbano, lugar de morada da altiva nobreza popular, pois, aqui reside a Majestade do Samba. “Não posso definir/Aquele azul/Não era do céu/Nem era do mar”. Tantos são os caminhos e por eles vou atrás de suas histórias, me sentindo cada vez mais parte integrante dela, deste lugar e destes caminhos que hoje se encontram mais uma vez, afinal... Sou Paulo, Sou Paulinho, da Viola e da Portela. E tenho muito orgulho em contar esta história para vocês, afinal: “O meu coração se deixou levar”. E agora o mesmo trem que me trouxe, me leva de volta e continuo batucando, não mais como Paulo Benjamin fazia.
Concluindo a sinopse do enredo da Portela intitulado “Madureira... Onde o meu coração se deixou levar” diz: Mas, como todos os portelenses continuam fazendo ainda hoje, preservando a sua memória e o seu lugar, que eternamente será conhecido como a ‘Capital do Samba’. “Madureiraaa, lá, lá, laiá...” cantarola a sinopse, para finalmente dizer com o júbilo: Paulinho da Viola, pelas mãos do carnavalesco Paulo Menezes, mais uma vez os seus caminhos se cruzam, sendo que esse enredo é dedicado aos 90 anos da Portela, e a todos os portelenses que infelizmente não estão mais entre nós, mas, que continuam abençoando a Portela lá de cima, do Olimpo dos sambistas.
*jornalista e torcedor da Portela.