REALENGO – UMA SEMANA DEPOIS

Uma semana após a morte de doze crianças e mais de vinte feridos na Escola Municipal Tasso da Silveira, bairro do Realengo – cidade do Rio de Janeiro – num massacre promovido por um ex-aluno Wellington Menezes de Oliveira, boa parte da mídia privada continua a buscar relações entre o ataque à escola e uma eventual inspiração de “terroristas islâmicos” para a ação do Wellington, cuja família é ligada à seita Testemunhas de Jeová.

Nos primeiro momentos da tragédia as primeiras notícias, assim do nada, já falavam em atentado praticado por “muçulmanos” contra uma escola no Rio de Janeiro, na capital do Estado.

O site CONVERSA AFIADA, do jornalista Paulo Henrique Amorim reproduziu as insinuações mentirosas e deliberadas feitas pela mídia e compiladas por Stanley Burburinho em seu blog.

O jornal FOLHA DE SÃO PAULO, edição de sete de abril – “irmão de atirador diz que ele era ligado ao Islamismo e não saia muito de casa; ele deixou carta suicida”.

O jornal EXTRA, das Organizações GLOBO, no mesmo dia sete de abril – “autor do massacre em escola de Realengo se interessava por assuntos ligados ao terrorismo, Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, identificado pela Polícia como autor do massacre da Escola de Realengo, estava com uma carta suicida, que falava sobre islamismo e terrorismo. O assunto interessava ao assassino, que estudou na escola”.

Em colunas da revista ÉPOCA e do jornal O GLOBO, “homem entra em escola e atira em alunos no Rio de Janeiro”. E no corpo da matéria – “segundo a GLOBONEWS, a polícia informou que a carta tinha referências á religião muçulmana. O site do jornal O GLOBO cita entrevista do secretário de Segurança Pública, Djalma Beltrame, à BANDNEWS , que afirmou que o conteúdo da carta teria características fundamentalistas. Ele entrava na internet para ter acesso a coisas que não fazem parte do nosso povo. É um louco. Só uma pessoa alucinada poderia fazer isso com crianças”.

“Homem entra em escola e atira em alunos no Rio de Janeiro

10:53 AM, ABRIL 7, 2011

(…)

Segundo a Globo News, a polícia informou que a carta “tinha referências à religião muçulmana”. O site do jornal O Globo cita entrevista do comandante do 14º Batalhão da PM, Djalma Beltrame, à Band News, que afirmou que o conteúdo da carta teria “características fundamentalistas”. “Ele entrava na internet para ter acesso a coisas que não fazem parte do nosso povo. É um louco. Só uma pessoa alucinada poderia fazer isso com crianças”.

O jornal O GLOBO – “Atirador que invadiu escola municipal em Realengo é identificado (...) Beltrame acrescentou, inclusive, que Wellington costumava entrar em sites de cunho fundamentalista”.

“O pastor Marcos Feliciano, o mesmo que afirmou que “africanos são homossexuais”, tenta tirar proveito da tragédia em seu twitter.

Segundo uma “especialista” arregimentada para falar no jornal das seis da GLOBONEWS, “Wellington poderia ter sido equipado com uma estrutura psicológica que evitasse esse tipo de situação”. Já o psiquiatra também rotulado de “especialista”, no mesmo jornal e no mesmo dia, sete de abril, fala em “oferta de segurança psicológica”.

Foi a vez do mercado da Psicologia entrar em cena.

A exceção de jornalistas descomprometidos com o processo venal e corrupto da mídia privada, em poucos instantes, ou quase nenhum, se discutiu o mercado ilegal de armas, a força feita por latifundiários e grupos econômicos voltados para a indústria bélica para a proibição da venda de armas à população civil, em referendo feito anteriormente no País.

A latifundiários interessam as armas, pois é com elas que pagam pistoleiros para matar trabalhadores rurais sem terra e manter trabalhadores em regime de escravidão em suas fazendas. À indústria bélica pelo simples e lógico fato que fabrica e vende tais armas.

Neste momento, do alto da sua pirâmide que se estende do Maranhão ao Amapá, o senador José Sarney (que ocupa um trono em Brasília) quer um novo referendo “traumatizado” com o fato.

http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2011/04/07/irma-de-atirador-diz-que-ele-era-ligado-ao-islamismo-e-nao-saia-muito-de-casa-ele-deixou-carta-suicida.jhtm

http://extra.globo.com/casos-de-policia/autor-do-massacre-em-escola-de-realengo-se-interessava-por-assuntos-ligados-ao-terrorismo-1525139.html

http://colunas.epoca.globo.com/falabrasil/2011/04/07/homem-entra-em-escola-e-atira-em-alunos-no-rio-de-janeiro/

http://www.marcofeliciano.com.br/site/?page=materia&MA_ID_MOD=1172

http://twitter.com/marcofeliciano/status/56012339455070209

Todos as mentiras sobre o fato podem ser vistas nos endereços acima.

O telegrama 1435 de 2009, da Embaixada dos EUA e Brasília, divulgado pelo site WIKILEAKS e publicado pela REDE CASTORPHOTO mostra como os EUA influenciam seus “jornalistas implantados na VENAL imprensa brasileira”.

O telegrama fala em “estratégia dos EUA para engajar o Brasil na difamação de religiões”. O alvo preferencial é o islamismo.

http://redecastorphoto.blogspot.com/2011/04/wikileaks-estrategia-dos-eua-para.html

A espetacularização do massacre a partir da grande mídia, a mídia privada, tem esse objetivo. Não há nenhuma preocupação com as vítimas, suas famílias, uma investigação séria e minuciosa sobre o assunto. O espetáculo preside o noticiário e esse se adapta e é parte do processo de alienação, desinformação e distorção dos fatos por objetivos bem diferentes das fingidas comoções de jornalistas do modelo de comunicação concentrador e mentiroso – mídia privada – no Brasil.

Desde os primeiros momentos se sabia que Wellington não tinha nada a ver com o Islamismo. Pelo contrário, sua família e o próprio texto da carta encontrada com ele revelam o caráter fundamentalista característico da seita Testemunha de Jeová.

Mas é necessário, recebem para isso, achar pretextos para culpar e incriminar o Islã e as razões são de ordem política. As vítimas? Para a GLOBO, FOLHA DE SÃO PAULO, ÉPOCA, VEJA, etc, são as que menos contam. Se prestam apenas ao jogo sórdido que praticam todos os dias.

É preciso “ofertar” e “equipar” os telespectadores com instrumentos de absoluta e total alienação. Para isso existe um sem número de “especialistas” e jornalistas dispostos a aceitar o papel de amém, sim senhor.

Uma semana depois poucos debates sérios se produziram na mídia (não na privada), sobre o assunto.

O fundamentalismo religioso que assola o Brasil tem outro viés, não tem nada a ver com o Islã, mesmo porque, no Islã não se encontra nem ódio e nem passagens de barbárie como a que aconteceu em Realengo.

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