Campos dos Goitacazes, Macaé e Casimiro de Abreu fazem da saudade a tristeza na perda de José Cláuder Arenari

São momentos em que a história pede licença a vivência humana e se debruça nas paredes dos muros que cercam a saudade e nos remete a recordações de um mundo que só quem viveu e teve a alegria de participar pode sentir-se contemplado pela competição da essencia do belo.

Tento, neste texto falar da presença alegre, bonita e cordial de José Cláuder Arenari que, na beirado dos 80 anos, sai de cena no palco da vida. Como bom Campista, que sempre tinha tempo para recordar com os amigos passagens memoráveis desta lindissima Planincie, fez de Macaé sua paixão e de Casimiro de Abreu, o arqueamento de seu arco no flechar de sua companheira Therezinha que evitou que Zé alçasse outros vôos longincuos como outros campistas fazem no desejo de conhecer mundos...
Zé Arenari,não teve como fugir ao encanto da irmã de meu amigo Itamar Santos e baixou às suas asas em nossa cidade onde criou filhos, trouxe outros irmãos e fez centenas de amigos que, no curso de sua trajetória humana, estão ai, pelos cantos da cidade e em suas esquinas, falando de suas histórias e da presença de Zé Arenari em suas vidas. Presenças que se fazem saudosas em muitos jovens que tiveram a alegria de poder falar e sentir o afeto que emanava de sua fala e ia direto ao coração.
Homem simples, herdado de seu pai, Seu Arenari, ele era sempre visto nas rodas de pessoas do POVO e contando suas vivencias. Acho que era um Socialista nato sem falar que era...
" Sou Canella, mais não sou Canella em pó. Sou filho de minha mãe e neto de minha avó". Poucos, como eu puderam ouvir deste amigo, histórias como este poema, feito pelas crianças, como ele, nos anos 20, em Campos, na Praça São Salvador. Meninos como Zé,Paulo Rodrigues Barreto, Manduca, Pé de Valsa, Piquira, Dilson José dos Santos - Dilson Batatinha - , ficavam sentados e apostando qual seria o primeiro carro que iria romper as bairreiras do seus silêncios infantis. Campos tinha poucos auto-motores e era mesmo o carro Ford 19, dirigido pelo Senhor Otavianno Canella, outro amigo comum que sew foi, que cruzava toda a extensão da Praça da Matriz, dobrava e seguia para a Rua do Gáz, dos Bondes rumo ao Turf....
Zé e os demais meninos fiziam suas "operetas" seus "poemas" como todas as crianças do mundo. Era salutar ver esta Pérola de Infâncias Campistas, ser falada na vóz firme de José Cláuder Arenari em seus vários momentos de saudades...
Galista, Funcionário do Judiciário, boêmio assumido e feliz, grande pai, apaixonado por therezinha e lider nato sem nunca ter se envolvido em politica, tev uma intensa vida social, participou de centenas de carnavais e foi testemunhas visual das alegrias de seu pai, nas distribuição gratuita para centenas de macaenses, dos produtos que era representante nos anos 50.
Acho que veio dai a sua maneira despreendida da matéria. Nunca, nenhum amigo de Zé, o viu deixar transparecer algum desejo material. Sabia dividir, sabia somar e, na simplicidade das coisas que dividia, se podia aquilatar o seu carater de homem e de grande amigo.
Testemunho o que escrevo por que fomos visinhos na Rua Visconde de Quisssamã, 741. Eu na casa 1 e ele na 3... ali, criamos nossos filhos e fortalecemos um afeto que fez com que pudesse, com conhecimento de causa e vivência, escrever esta despedida em meu nome, em nome de minhas familia, dos meus filhos e do "O REBATE" que ele sempre gostava de ler e levar meus textos para Therezinha ler...
Quem me falou da saida de cena do palco alegra da existência de Zé, foi meu filho Luis Cláudio que era por ele tratado como se dele fosse filho. Sabia acariciar Aninha e Zé Paulo com o mesmo semblante que acariava Cláuder, Glicia e Gláucia. Zé sabia distribuir afeto e isto ficou patenteado em sua longa existência.
Avalista da presença de seus irmãos Edith e Capristano no ingresso na vida social e comunitária de Macaé, sempre se orgulhava da mistura Macaé/Campos de Edith com Joel Garcia e de Capistrano com Dayse de Dona Tiuca...
Posso dizer, sem nenhum temor de erro de cronista e momorialista, que José Cláuder Arenari deixa seu nome gravado no "Memorial das Mentes do Povo Simples de nossa Região de Petróleo". Afirmu: poucos souberam entrar e sair em palácio e nos casebres populares sem se deixar arranhar pelos vicios e pela arrogência. Viveu como sempre quis e fez de sua vida um exemplo de paz e de alegrias.
Em nome de "O REBATE" os sentimentos a todos os familiares com uma frase de meu filho Luis Cláudio:
- "Pai, o Seu Zé dizia que um dia a gente ia viajar para Buenos Ayres. Nunca fomos mais acho que ele está indo para uma viagem muito linda".
Que ele curta este inicio de verão onde deve, se assim o for, o lugar das pessoas boas...
Meus sentimentos, em especial a minha querida Therezinha, grande guerreira...
José Milbs de Lacerda Gama, editor de www.jornalorebate.com

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