Jornal do Brasil | Jorge Lourenço
Uma criança de oito anos da etnia Awá-Gwajá foi queimada viva por madeireiros no município de Arame, a 476 km de São Luís (MA). Ela faleceu no local. A informação, inicialmente divulgada pelo jornal "Vias de Fato", foi confirmada pelo representante do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) no estado, Gilderlan Rodrigues da Silva.
Mídia muda
De acordo Gilderlan, a Fundação Nacional do Índio (Funai) foi alertada pelos Awá-Gwajá várias vezes a respeito da proximidade dos madeireiros da região no território indígena, mas não se mobilizou. "Qualquer questão de abuso contra os indígenas daqui pouco sai na mídia. Os madeireiros são muito blindados pela imprensa para não sujar a imagem das invasões das terras indígenas", disse o representante do CIMI, ao Informe JB. Jornalistas do "Vias de Fato" disseram que a influência do senador José Sarney (PMDB-AP) nos jornais locais é muito forte para que os problemas da questão indígena sejam divulgados.
Ação
O Conselho Indigenista informou que alguns membros da tribo já entraram em contato com a Funai e com o Ministério Público. Eles procuram um índio que afirma ter filmado a criança carbonizada, mas encontram dificuldade graças ao isolamento dos Awá-Gwajás. A tribo vive numa região de difícil acesso e receio de manter contato com o homem branco.
Velha história
De acordo com o "Vias de Fato", a complacência da mídia e do poder público com os abusos cometidos contra tribos indígenas e quilombolas no Maranhão é recorrente. Recentemente, um quilombola maranhense teve seu poço d'água envenenado e vários animais morreram. A ação teria partido de fazendeiros.