Jaru, 08 de setembro de 2014
Desde a manhã do dia 4 de setembro, Daniel Sfalsini e Paulo Sérgio, dois camponeses do Acampamento Gilson Gonçalves estavam desaparecidos. O acampamento fica no município de Chupinguaia-RO.
No sábado (5/09) diversas entidades já haviam denunciado o desaparecimento preocupadas com a situação dos camponeses. Ontem (7/09) pela manhã, uma missão de solidariedade composta de 20 membros de entidades de defesa dos direitos do povo se dirigiu ao distrito de Boa Esperança para exigir da Polícia Militar local, que prestasse informações sobre o paradeiro dos camponeses, pois era sabido que viaturas da PM estiveram na sede da fazenda e no acampamento na noite anterior ao desaparecimento. Os policias alegaram não saber de nada e que não poderiam fazer nada sem autorização do comando do Batalhão de Vilhena.
No início da tarde a missão chegou na área do acampamento, para prestar solidariedade às famílias, mas foi proibida de entrar por um homem que soubesse depois era o genro do latifundiário (vulgo Katiça). Ele junto com outros homens armados vigiava a única estrada de acesso ao acampamento.
Katiça que ora se apresentava como “funcionário” e ora como da “família do patrão” disse eu não sabia sobre o paradeiro dos camponeses e também havia dito que o latifundiário Heládio Cândido Senn (Nego Zen) estaria em outra fazenda. Mas a mentira tem perna curta. Primeiro porque jornalistas da missão fotografaram o latifundiário ao lado de uma caminhonete ouvindo a conversa de longe. Também foram fotografados 3 veículos que haviam sido denunciados de participar do desaparecimento dos camponeses. Segundo que a noite os advogados, familiares e entidades receberam a informação que os dois camponeses haviam sido resgatados pela policia de Boa Esperança na sede da fazenda de (Nego Zen).
Os camponeses sequestrados foram ouvidos ainda ontem na delegacia de Vilhena e tiveram o primeiro contato com familiares e advogados.
Nego Zen “pioneiro” de Vilhena, responde a dezenas de processos na justiça trabalhista, agora deve responder também por sequestro, formação de quadrilha, cárcere privado e tortura. Diversas entidades estão tomando as medidas para que sua prisão seja decretada. Também vão pedir que a Ouvidoria Agrária e Comando Geral da PM tomem providencias em relação a possível participação de policiais militares no sequestro dos camponeses e de sua atuação com bandos armados.
Famílias resistem ao cerco de bandos armados
Acampados que conseguiram furar o cerco e sair do local, relataram que dezenas de disparos de armas de fogo foram efetuados durante três noites seguidas pelo bando armado que cerca o acampamento. A preocupação é com as famílias e crianças que estão acampadas na área e precisam de alimentos, roupas, remédios e utensílios de cozinha, pois tiveram seus pertences roubados pelos capangas do latifundiário.
Uma nova Missão de solidariedade será organizada nos próximos dias para arrecadar todo o material necessário e prestar apoio as famílias que seguem acampadas e que depois desta vitória estão ainda mais decididas a tomar e cortar as terras.
LCP - Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental