Turma de 64 do Luiz Reid faz segundo encontro em Macaé


Em pé: Jorge Ribeiro, Niraldo, Marcos Duboc, Clinton, Manoel Antônio, Leandro, Márcio Vitola, Edilson e José Augusto
Sentadas: Carolina (Lola), Lúcia Thomáz, Sheila Agostinho, Lúcia Quinteiro, Nilcléa, Carmem Celsa, Rosane Nicolau, Ana Maria Paes, Maria Elena, Maria Isabel e Regina

No momento em que a ditadura militar se implantava no Brasil, submetendo ao total silêncio as liberdades democráticas por longos 21 anos, uma turma de 40 alegres adolescentes do Colégio Estadual Luiz Reid terminava o curso ginasial. A maioria das meninas, como era a orientação familiar na época e numa Macaé sem outras opções, ingressava na então prestigiada carreira de professor, o curso Normal. Já os meninos, pensando em voos mais altos e difíceis, optavam pelo chamado curso científico.

E lá se foram 48 anos de uma saudável convivência, de muito humor e de tão profunda amizade que os sessentões de agora, numa iniciativa dos médicos Edilson Barreto Antunes, Leandro Mattos Soares e Niraldo da Silva Ribeiro, da professora Lúcia Lobo da Silva e Lúcia Quinteiro, resolveram fazer um novo reencontro em Macaé, reunindo no último sábado (28) vinte colegas de turma para uma confraternização no colégio Alfa, com almoço, muitas recordações, gozações e ainda sob os acordes musicais de Gil Savana.


Lucia e Geraldo  diretores do  Colégio Alfa

A alegria foi tão contagiante que alguns resolveram expressar sua emoção, como o engenheiro Jorge Ribeiro, hoje residente em Florianópolis: -"É uma lembrança indescritívível, é como se estivesse rodando um filme de um distante passado. E encontrando essa turma aqui, parece que tudo volta como era, uma alegria imensa em poder reviver isso. Cheguei a mandar um e-mail para Lúcia, dizendo: vocês encontraram a chave do portal do tempo. Lembro-me muito bem de quando saí daqui para o Rio enfrentar o disputado pré-vestibular e fazer engenhaira na Universidade Católica de Petrópolis. Mas estou há 32 anos no Sul, sem deixar de voltar anualmente a Macaé, minha terra querida, onde ainda tenho familiares. E quando venho aqui não deixo de lembrar daquele gostoso hábito da então familiar Macaé dos anos 60, quando a prefeitura interrompia o trânsito de veículos entre o Belas Artes e a Marechal Deodoro para o vaivém dos jovens e suas paqueras. Sinto que nossa cidade perdeu sua identidade. É difícil encontrar alguém aqui de raiz".
A campista Regina dos Santos Brito disse que tem muitas recordações daqui: - "A vida nos deixa marcas profundas, e quando chegamos a uma certa idade, encontrando agora colegas de quando tínhamos quinze anos, vem-me à memória uma grande paixão que tive, que foi o colega Leandro. Então, é muito gratificante rever isso, lembrar saudosamente desse tempo de muita alegria, ingenuidade e sonhos. Há muito tempo sem voltar à Macaé, estive no Cavaleiros e lembrei muito do meu irmão (falecido) Renato. Isso para mim foi demais". Depois do Nornal aqui, Regina foi fazer Serviço Social na UFF, trabalhando por 17 anos no Sesi, em Campos, depois fez mestrado na área de educação, com atividade na Universidade Cândido Mendes.


Marcus Duboc e Celsa de grandes recordações dos tempos do Luiz Reid

O advogado e administrador de empresa Marcos Duboc é daquela turma "C" de 64: - "Não sou macaense de raiz como a maioria da minha turma, mas me considero como tal, pois vim para cá com apenas três anos de idade, em 1952. Na época, do Rio a Macaé, a estrada era de terra, mesmo assim viemos de jeep, com meu pai, minha mãe e meus irmãos, uma viagem longa, mas muito interessante, uma grande aventura para mim criança. Lembro do encatamento ao passar pela comprida reta de Barra de São João, com muita areia e a mata de ambos os lados. Macaé era uma pequena cidade em que praticamente todos se conheciam. Se alguém casava todo mundo ficava sabendo, assim como quando alguém falecia. Isso mudou e não é nada bom para os da terra. O Luiz Reid foi uma escola que teve professores muito especiais, como nosso professor de matemática, Pierre Tavares, Edith Arenari, que foi miss Campos, Dionete Lobo e dona Isabel Simão. Quando saí daqui e fui estudar no Rio num colégio muito puxado, só tive dificuldade em inglês porque aqui não tinha laboratório. A base que trouxe do Luiz Reid foi fundamental para o vestibular. Quando conto para amigos sobre esse nosso encontro, eles ficam com inveja".
Já aquela menina que acalentava o sonho de ser professora e hoje é dona do excelente Alfa, Lúcia Maria Lobo da Silva, disse, muito emocionada, que "esse reencontro é como se voltássemos a nossa Macaé antiga, aquela Macaé que conhecíamos as famílias, pai, mãe e irmãos. Essa nossa turma do ginasial foi muito especial, de forte amizade, que foi a razão desse segundo encontro. Depois do ginásio fiz o Normal e também Pedagogia, porque a educação sempre foi minha direção, o meu sonho. O universo conspirou, porque meu marildo Geraldo também tinha um sonho, por isso temos hoje o Alfa, com cerca de 300 alunos, com educação infantil e ensino médio, dentro de uma proposta que estimula a criança a buscar o aprendizado de forma prazerosa, com base em valores humanísticos".


Os meninos dos anos 60, Edilson, Niraldo e Leandro, hoje médicos

Da turma "C", Macaé ganhou três excelentes médicos, oriundos de famílias de grande prole e limitados recursos, como Edilson Barreto Antunes: - "Terminamos o ginasial quando a ditadura abriu suas asas sobre nós, em 64. Com ela, sofremos o dissabor de ver vários queridos professores sendo denunciados sem razão, presos e humilhados. Eu e Niraldo fomos para Niterói fazer o pré-vestibular em 68, depois de terminado o científico. Aliás, eu e Niraldo temos uma história de vida interessante, porque desde o primário até a faculdade de medicina estivemos juntos. Altamente politizada, a UFF foi palco de muita discussão e reação e, como consquência, tivemos vários colegas de turma perseguidos e presos. Pegamos o período mais duro da ditadura, entre 69 e 74. A gente era jovem, pobre e muito focado em ser médicos, por isso mantivemos um prudente distanciamento. Eu, Niraldo, Daniel Galiza e Roberto Pires fomos da mesma turma,. Então, quando a gente consegue reunir nossos colegas da turma "C" de 64 é de extremo valor e alegria, reavivando nossas memórias e vendo que todos foram bem sucedidos".
Niraldo lembrou que naquele tempo "nós éramos filhos de família grande e pobre. Lembro que vivia praticamente à base da sanduiche e comendo macarrão, que a gente mesmo preparava, grudando sempre no fundo da panela. Meu pai (Pierre) era professor e eu sabia o duro que era receber algum dinheiro de casa. Felizmente, no primeiro ano já comecei a trabalhar em Banco de Sangue, em Pronto-Socorro, e então pude aliviar a situação".


Armando Barreto e o amigo Jorge Ribeiro do tempo da FEM

Lembra Leandro: -" Quando saí de Macaé em 67 para estudar na faculdade de medicina, que era na Alvaro Alvim, na Cinelândia, o Rio era a capital do Brasil. Apanhei muito por causa de um tal de Vladimir Palmeira (líder estudantil das passeatas da UNE), porque todos os dias ele agitava o povo com seus discursos contra a ditadura, onde é hoje a Câmara dos vereadores. Então, quando saía da faculdade e passava por ali para pegar as barcas de volta a Niterói, a borracha comia solto. Com apenas dezessete anos, saindo de uma cidade pacata como Macaé e sem nenhuma formação política, a gente só queria estudar e não tinha nenhuma ideia do que havia por trás daquilo. Só que quando tomei pé da situação, com a estudantada revoltada com a truculência da ditadura e a falta de liberdade, passei a fazer o que a maioria fazia, enchendo os bolsos com bolinhad de gude e rolhas para jogar sob as patas dos enormes cavalos que a polícia usava para dispersar a turma. Mas até chegar às barcas o pau comia em nosso lombo. O importante é que a ditadura, apesar do longo tempo, não conseguiu podar e nem alienar nossa geração. O que me entristece hoje é que não temos o Luiz Reid, um colégio público, como antigamente".
Edilson, Leandro e Niraldo falam da felicidade que foi sair daqui, numa época difícil, e poder voltar para o nobre exercício da medicina. Com justo orgulho, Edilson não esqueceu a importância desse retorno: - "Nós três voltamos e fomos atuar no Hospital São João Batista, uma Casa de Caridade, onde estamos até hoje, desde 1974. Fazemos medicina privada, somos aposentados, mas até hoje estamos atendendo doentes ali. Leandro, por exemplo, foi Provedor durante vinte um anos e eu fui por nove anos, E Niraldo foi sempre muito ativo na enfermaria do hospital. Esse é o prazer que temos, porque somos daqui, porque para ser Provedor tem que ter uma história de Macaé. Temos orgulho disso".

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