Embora o que vou relatar agora, esteja com bastante atraso, é sempre bom esclarecer aos moradores do Mirante da Lagoa, aqui em Macaé, como também aos interessados de uma maneira geral. Um morador do bairro, levou 3 insetos para serem identificados lá na minha divisão de trabalho, no CCZ, afirmando que a localidade estava infestada.
Foram identificados por mim, um macho e duas fêmeas da Família Chironomidae.
Esta Família coloniza ambientes aquáticos como rios, lagos, fitotelmas de plantas, poças de água temporárias, estações de tratamentos de esgotos e ambientes marinhos. As larvas contém hemoglobina, não necessitando subir à superfície para respirar, por isso vivem em água pobre em oxigênio. Como a lagoa já vive por longos anos com um problema crônico de poluição, se torna um ambiente propício à espécie, que é considerada bioindicadora. Por que esta espécie nunca esteve em evidência como nesse dia 30 de dezembro de 2009? O que aconteceu para gerar esse desequilíbrio? Teve interferência humana para causar esse desequilíbrio? Este grande ecossistema que envolve a "lagoa doente"
existe uma interação entre os animais e uma cadeia alimentar que tendem a deixá-la em equilíbrio, mesmo que as condições sejam nocivas ou ameaçadoras. A lagoa mesmo poluída sempre foi um meio de sobrevivência de muitas pessoas, todos esses anos, mas nesse dia, com certeza algum tipo de efluente foi lançado no seu leito para economizar a ida ao Rio de Janeiro para ser descartado no lugar ideal.
Que eu saiba, até a data do acontecido, nunca teve uma mortandade tão numerosa de peixes, e como isso é explicado da noite para o dia? Ainda mais na véspera de reveillon, que ninguém fiscaliza nada e todos estão esperando ansiosos o próximo dia para "empurrar o pé na jaca".
Resultado: nuvens gigantescas de Chironomidae invadindo casas e causando pânico aos moradores do bairro. Atitudes e ações impensadas podem gerar transtornos, prejuízos ao meio ambiente e à saúde e também tirar o sustento e o alimento de muitas pessoas. A informação boa nesse episódio é que o inseto não é hematófago, ou seja, não precisa de sangue para se nutrir, mas causa incômodo e reações alérgicas em contato com a pele de pessoas sensíveis, além de deixarem as paredes imundas. Se fizerem a abertura da barra ou povoarem a lagoa de peixes, aos poucos, em dose homeopática, a situação se normalizará mesmo com a doença crônica que a lagoa possui. Até que ponto a lagoa é importante para o município? Próximo da lagoa tem uma estação de tratamento de esgoto pronta para operar e foi construída para ingles ver. Quanto tempo de vida a lagoa ainda tem? Vai existir algum dia vontade política de querer fazer, construir, melhorar, solucionar ou beneficiar o contribuinte que não consegue enxergar os investimentos obrigatórios dos seus impostos? Quando poderemos ter uma balneabilidade segura? Quando poderemos comer peixe, camarão ou siri da lagoa sem nos preocupar? A lagoa não serve apenas para ser um cartão postal ou uma bela fotografia, e sim, um lugar acolhedor, tranquilo, digno para relaxarmos, meditarmos, pescarmos, passearmos com a família e termos o orgulho de algum dia falarmos que esta paisagem é um eden ou um paraíso.
