Em Macahé o Tribunal de Justiça abre processo contra a Magistratura envolvida em desvio de dinheiro e associação ao tráfico de drogas. Juizes são afastados, a sociedade inteira, principalmente a Câmara dos vereadores, "useiro e vezeiro" em condecorações, chora nos cantos por ter sido envolvida e concedido Diplomas de Méritos aos acusados. Quem antes abrigada os envolvidos, agora abomina sua presença. “Tiram o deles da reta”, como dizia o meu amigo de infância Cláudio Moacyr. È a lei do cão... Um cão danado, todos a ele, sentenciava minha avó em sua sabedoria herdada dos sertões de Carapebus...
Longo é o processo, como tudo no judiciário que se vê emperrado numa lei arcaica. Como no velho chavão de que a “justiça tarda mais não falha” a coisa vai sendo empurrada como sempre. Neste caso foi até bom a demora judiciária.
João Barbeiro , com um trabalho lindo a frente de quatro comarcas e uma da capital é nomeado Desembargador. A vida para ele se torna mais cômoda. Sempre julgou a favor dos humildes e via sua nomeação ao alto cargo como um coroamento ao seu trabalho.
Acorda mais cedo nesta madrugada. Ele tinha que ir para o tribunal de Justiça para presidir um julgamento importante no judiciário. O presidente estava de férias e ele tinha que decidir. Tribunal cheio, advogados, juizes de todas as comarcas presente, autoridades civis, velhos delegados de policias e muita gente simples que, sempre que o Doutor Silvério Pacheco Dantas , tinha alguma causa a ser julgada, os pobres iam para ver seu rosto e seu olhar de doçura. Era sempre assim em todos os lugares e não seria diferente no TJ.
Entra na sala o Réu-Juiz. Cabisbaixo, olhar fixo no chão, como todo bandido vagabundo de sua laia. A gravata, símbolo de sua sacana vida, ainda está com ele. Ela simboliza o imbuste que encobre tanta bandalheira no Brasil. Dizem até um futuro presidente do Brasil, saído das “classes trabalhadoras”, ia usar gravata e esquecer o macacão de torneiro-mecanico e se venderia ao capital internacional que oprime o povo que o elegeria presidente. Mais isso é coisa para outro livro...
O Juiz réu senta no banco onde tanta gente condenou . Um longo silencio se faz sentir no recinto. O Desembargador Dantas se virá para o réu é diz em voz suave e firme: Olhe para mim e veja se reconhece no meu olhar algum delito em minha vida. Olhe e diga: se você encontrar algum delito eu peço sua absolvição. Do contrario você vai terminar seus dias mofando onde devo mofar todos que desrespeitam o direito.
Olhar do canalha se torna mais frio que a frieza de sua existência. Ajoelha-se, covardemente e chora. Trás para si todo rosário de crimes que cometeu e puxa os seus cúmplices que somados a outros marginais podemos contar nos dedos o Promotor que julgou João Barbeiro, o Delegado e toda a equipe de policiais e advogados daquela podre comarca...
O mesmo João Barbeiro que o tinha feito sentir-se pequeno no vagão da Longa Mentira Macaé-Campos o fez falar os crimes que ocultava nos autos para espanto de todo o conjunto do Tribunal e de seus famosos advogados pagos a peso de ouro com o dinheiro do crime organizado.
Condenado a perda da função e a mais de 20 anos este canalha é o exemplo vivo de como se comporta certos juizes, certas autoridades e muitos engravatados num regime capitalista e cruel ...
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