ECILA

José Milbs

Capitulo VI

Como Macaé, e toda cidade de interior funcionava, nestes anos remotos de l930, com toda a sorte de preconceitos, era comum, e disto todos podem imaginar a dificuldade para se adaptar a esta vida, uma menina com cabeça bem além de seu tempo.Ecila era uma espécie de menina diferente já disse e isto fazia dela alguns centros de atrações e aparentes olhares estranhos. Não era comum este tipo de raciocínio e maneira de viver. Procurava sempre, dentro do tempo que não estava no colégio. conversar com pessoas mais velhas, pessoas longe mesmo da relação de seus pais. Carmen Sólon, Etelvina Quinteiro, Inezita Garrido, Julita Oliveira, Fifi esposa de seu Jonas, Letícia Carvalho, Zilda Benjamim Aguiar faziam parte deste mundo maravilhoso de suas relações de menina/moça. Além de senhoras de velhos e jovnes ferroviários que aqui vinham viver. Concy Quaresma, seu irmão Valter, Jacy Siqueira, Seu Santos, pai de Wilson e Waldyr, Os Patrocinios, Seu Pequenino, enfim, Ecila i a assimilando conhecimentos de forma , as mais diversas sobre a existência humana.

Chegava em casa, as vezes tardes, quando o sol já se ia morrendo e seus raios faziam pequenos fios dourados nas árvores que haviam na Rua da estação. Como a Chácara de sua mãe era muito grande, este sol ainda ia espelhar-se nos vagões dos trens da estrada de ferro que ficava nos fundos de seu final de quintal.

Perguntas e mais perguntas de onde estava e com quem falava era comum. Afinal ela era filha única do capitão Mathias Coutinho de Lacerda, ex-proprietário da famosa Fazenda Airys que era a maior de toda a região. Diziam até que, quando foi vendida para um rico industrial do Rio de Jeneiro de nome sr. Rodrigo, este ficou abismado com tanta terra. Falavam em milhões de alqueires toda a Fazenda do Airys.

Nhasinha se conformava quando ela nominava as pessoas que ela tinha conversado. Eram todas gente de fino trato de conhecimentos profundos de todos. Apenas se preocupava o que era e é comum a toda mãe.

Ecila já estava de namorico com um soldado de Campos que tinha vindo servir em Macaé, no Forte Marechal Hermes. Nas matinées de radiola tocado a manivela, na casa de alguns meninos era comum ela dançar com este soldado de nome Djecyr, conhecido como Gama. Gama era gago, alto, magro, muito esperto, como todo campista e além de tudo isso um exímio dançarino. Quando sua mãe soube deste namoro foi logo dizendo-se contra.

Não era bom grado para ela saber que sua filha única estivesse namorando um soldado de Campos e alem disso um Sapateiro, sem eira nem beiras, como era comum se falar nestes anos. Mandou investigar através dos seus parentes que serviam no Forte. Mirnes Lobo, Waldyr Freitas, Roberval Pereira, Waldyr Siqueira, Joca Lobo e Sargento Pereira. Todos confirmaram o namoro e que sabiam que Ecila estava apaixonada pelo soldado Gama.

Não adiantava os olhares de furtiva elegância de Moacyr do Carmo nem os aconselhamentos de dona Cotinha, Lalate, Olga, Zinha e da mãe de Ruy Pinto. Ecila estava decidida a namorar o campista e, fim de papo. Não restava, então a Nhasinha outra alternativa senão aceitar que este namoro, ate então furtivo, nas fins de tarde da praça da igreja e nas manhaes na Imbetiba e na praia dos Beijos( hoje praia do Forte), se transferisse para o portão de sua casa. Como já pensava em mudar-se da rua Direita para a rua do Meio, Nhásinha começou a se proparar para este novo mundo que se avisinhava na vida de sua filha única.


anterior índice próximo

Jornal O Rebate