ECILA

José Milbs

Capitulo XVI

Quando se sentia só, procurava nos livro de Machado de Assis, Graciliano Ramos, Plabo Neruda e outros a companhia que aprendeu a ter neles quando trabalhou na reestruturação da Biblioteca Nacional na Cinelandia do Rio de Janeiro.

Conhecia e sabia de cor todos os encantamentos dos personagens de Machado. Quando trabalhou na Escola Nacional de Educação Física e Desportos sempre conversava animadamente com o professor e reitor Pelegrino Junior que, sabendo de seus conhecimentos de Machado, sempre preovocava discussão. Pelegrino e Ivonilde Sodré eram a espelhação cultural que Ecila iria levar para São Paulo quando resolveu ir morar nesta capital. Orgulhava-se de ter recebido Fidel Castro, quando quando de sua vinda ao Brasil e nunca deixava de dizer que Leonel Brizola era quem iria, se um dia governasse o Brasil, o seu maior estadista. Falava isso mesmo sabendo que seu filho mais velho, autor hoje deste livro/cronica era fundador do PT.Pior que ela tinha lá suas razões sobre Brizola e Lula.

Ecila tinha suas convicções político/ideológico calcada no afeto que ela via brotar nas pessoas. Era sempre um conhecimento vivenciado que fazia e se tornava bem vista quando destes assuntos tomava conta e falava. Macaé estava sempre ns frente de suas memórias e gente. Vira e mexe ela vinha com suas personalidades tiradas do baú de suas idas e vindas mentais. Falava na Bicuda Grande, distrito de Macaé, Norte do estado do Rio como os paulistanos falava em Tatuapé. Risos a todo vapor quando tentava caracterizar alguma pessoa e começava a citar Bicuda Grande de Chico Franco, Areia branca de Zélia a linda professorinha, de Henriquieta Marotti e seu Correia de Glicério. As pessoas não sabiam a geografia de sua fala mais entendia. Era o mesmo que, uma Campinense de Campinas como Nicinha, falar de Minhocão, Paulista, Brigadeiro ou Sé com algum macaense em Macaé.

Acontece que Ecila ia fazendo suas citraçoes humanas e comparava certos momentos com momentos existentes em são Paulo de modo que era intelegível suas narrativas. Muitas vezes, e disto Djecila sua fiel filha e companheira, era testemunha, a confirmação de locais tinha que ser minuciosamente dissecados em longas e deliciosas narrativas.

Assim como Motta Coqueiro, o fazendeiro que era contemporâneo de seus avós em Macabuzinho, lugarejo perto de Conceição de Macabu e Airys, Ecila falava muito num bandoleiro, lá pelas bandas de Carapebus e Rodagem, vilarejo pouco distante de Quissama e que fica perto de onde morava os Borbas.

Ecila dizia das atrocidades cometidas por este baixinho de nome Cadete de Araújo , numa região hostil como Carapebus, conhecida por todos como um lugarejo de gente valente e cuidadosamente justiceira.

Quando alguem mais curioso lhe indagava mais sobre cadete ela dizia que quem sabia de tudo sobre ele era Elbinho Tavares, seu primo e historiador das coisas de Carapebus. O que era extremamente dificil de se entender era como este Baixinho, de nome Cadete de Araujo, vindo do Nordeste do Brasil. Conseguiu se firmar como valente numa terra de valentes como era o Sertão de Carapebús. Ecila sabia tudo sobre este Sertão por que, além de ter todos os seus parentes nascidos neste lugar, ela sabia ser descendentes dos Urutús, indios bravios e antropofagos que seu primo Ruy Pinto da Silva sempre dixia serem descendentes.


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