Ecila afirmava com convicção que de fato o Motta Coqueiro tinha sido autor das mortes em sua Fazenda e, o que esta sendo escrito por ai, numa citação irônica ao amigo se seu filho José milbs e autor deste livro/cronica, Carlos March que escreveu um livro negando a autoria a Motta Coqueiro, como uma coisa comum.
Um contraponto na história e que tem que existir em qualquer causa jurídica. O sim e o não. Engraçado, e aqui fala o autor, que quando o Carlos March me procurou, nos anos 70/80 em sua busca sobre os dados do seu livro O ULTIMO INFORCADO, eu lhe adverti que haviam pessoas que conviveram com o Motta Coqueiro, inclusive meus bisavós, que afirmavam do delito, Disse ainda que o meu amigo, advogado e historiador Marlon Fabiano Seixas tinham mais informações sobre isso por que a gente sempre conversava sobre o enforcamento de Motta .
Ecila perdia horas falando na Praga de Motta Coqueiro, que segundo lhe passou seus avós Emilio e Adelayde ele praquejou quando subiu as escadas no patamar para ser enforcado. Todas as descencdencias dele, Motta e Coqueiro foram banidas dos Cartórios bem como toda e qualquer escritura de coisa em nome deste falecido. A praga, dizia ela, era que Macaé ficasse sem progredir durante 100 anos. Não é que agora, ria ela e afirmava, a cidade começou a crescer com a descoberta do Petroleo e, justamente uns 100 anos depois? Aos incrédulos e materialista ela concordava e, aos crentes dos disconjuros, ela balançava a cabeça como que dizendo: é, não acredito em duentes, mais que eles existem, existem...
Os anos que Ecila viveu em São Paulo tinham mesmo um parecimento com os de sua infância e juventude em Macaé. Se antes, nos meados dos anos de 1910, com 10 anos, tinha ficado órfã de pai, agora ela podia se sentir consolidada em sua longa existência humana. Tinha conquistado um pequeno mais lindo mundo de pessoas que a amavam. O Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro tinha feito jus ao seu trabalho lhe dando uma bela aposentadoria de equivalência de juíza. Seus filhos, netos, e marido lhe dedicavam afeto e vivia cercada de gente boa em todo lugar que ia.
Noras e maridos dos filhos de seu ex esposo Gama lhe faziam corte, visinhos lhe reverenciavam cumprimentos afetivos, porteiros a adoravam por que, quando Síndica lhes deu os direitos a que fazia jus. Enfim, estava mesmo orgulhosa de ver-se chegar aos 80 anos na plenitude de um dever cumprido.
Quando o assunto era seu casamento com Da Gama e pai de seus 3 filhoes, ela dizia que o
ex marido Djecyr Gama tinha deixado o Rio de Janeiro, onde com Motinha um modelista famoso do Rio, tinha modelados sapatos e lançado modas. Ela sempre mantinha contato com ele e este se tornou amigo de seu atual companheiro, o peruano Antero Americo.
Gama foi morar na Argentina onde se tornaria lider dos Trabalhadores em Curtiços e Couros. Sindicato de Sapateiros ligados ao ex presidente Peron. Com a queda do peronismo, Gama voltou ao Brasil, sempre tendo em Ecila seu pilar de entrada. Filhos de sua companheira tinham em Ecila uma segunda mâe como eles mesmos diziam. Djecyra e Djecyr Filho vinham da Argentina e com o apoio de Ecila tinham suas infancias acariciadas pelo seu calor humano.
O coração desta mulher nao tinha espaço para nada que nao tivesse o toque do carinho. Reiniciar uma nova batalha pelo pão de cada dia era o objetivo de seu ex marido que foi ter este início na cidade de Vitória do Espirito Santo. Gama constitui nova familia e desta união 3 lindos filhos chegam ao mundo.
De São Paulo, Ecila mantem contato com esta nova geração de filhos que iriam habitar seu mundo. Da Gama contrai doença terminal. Situação financeira ruim, mulher e 3 filhos. Ecila, sempre de plantão nas horas difíceis de todos que a cercam, abre o seu espaço finaceiro e vai em socorro do velho companheiro de namoro e feliz união nos anos de l937. Ata uma amizade com a companheira de seu ex esposo Djecyr e com seus 3 filhos. Viagens e mais viagens para Vila Velha, Maruibe e Vitória. Sempre com seu canhoto de cheque a postos ela ia realizando os ultimos desejos de seu ex namorado das ruas empoeiradas de uma Macaé distante. Nao é mais o soldado alegre, de olhar firme no horizonte de lindas histórias. Nao é mais o dançarino belo e conquistador dos anos 30. Nem estava ali um homem rico e poderoso. Estava ali o homem que ela amou e que sabia ter sido amada. Seus olhos, brilhando ainda apesar das dores do Cancerterminal ainda tinham forças para dizer o quanto ela tinha importante para a existencia dele.
Da Gama deixou este triste mundo e, numa tarde fria de novembro pude ver um lacrimejar ligeiramente sorridente em seus olhos. Ecila, com a certeza do dever cumprido, estava tento um momento de rara tristeza.Algumas lágrimas brilharam na face desta mulher que era só sorriso.
Devia estar relembrando as horas de encanto nas danças tocada a manivela; divia estar revendo o andar firme e de postura linda de seu namorado nas ruas de sua cidadezinha.
Era, talvez um momento unico nesta mulher de quase 80 anos. Um dia, se nao me falha a informação, ela foi achada rebuscando os seus vários arquivos de fotos e lá ela estava parada numa foto onde ela, o velho Da Gama se postavam, em frente ao obelisco da Praça Verissimo de Mello, em sua cidade. Ele, ainda de farda do Forte Marechal Hermes e ela com o uniforme do então Colégio Macaense que, situa-se nas imediaçoes da Praia dos Beijos, hoje Praia do Forte . Seus olhos estavam, como que espelhando brilho de uma forma que nunca foi visto.Parecia que estava mesmo com a idade da foto. Olhava, fixava os sobrolhos como se estivesse vendo aquela foto pela 1 a vez. Dai foi que ela, como num acordar de um sonho, sussurou, como se nao soubesse ser ouvida: “estranho esta vida. Jamais saberemos de onde viemos e nao sabemos para onde vamos”... Só que ela não sabia que este escritor que vós escreve ouvia atento este lindo momento. Ela, por sua vez, jamais poderia supor que este seu filho mais velho seria um cronista e retrataria para toda a posterida a sua vida simples, pura e humana. Que bom se todos os filhos se tornassem escritores das existencias de suas mães e país...anterior | índice | próximo |