Os jogos de buraco, as tardes de chás em sua sala, com uma cristaleira a direita de quem entra no apartamento, até a suntuosidade de um castiçal que ficava em frente a um oratório, tinham as histórias contadas. Uns eram de sua avó Adelaida que dizia quando partisse do mundo chato aos cem anos, seria dado para ela, Ecila;. o castiçal, era um presente da sobrinha de Padre Jason, Marlene, que tinha sido sua dama de companhia quando casou com Djecyr; um jarro de lindo cotorno de flores escrustados, tinha sido presente da esposa de seu “Gugu” Ribeiro de Castro, que, vindo de Quissama,morava na rua Direita em frente a Nova Aurora. As horas iam se passando e Ecila falava da simplicidade e da inteligência fuente de Rubens de Almeida Pereira, irmao de Chico Almeida e do casamento de sua mãe Nhasinha na Fazenda Santa Francisca. Seu avô Emilio era um lindo cigano e que, ao final de muita estrada tinha sido Capataz em Quissama onde criou filhos. Dai que estes nomes e pessoas estavam quardados em sua retina e os desfilavam com alegres gargalhadas ao recordar fatos, conversas e paisagens que tinha visto. A capela da fazenda Santa Francisca ela tinha recebido informes de seus avós mais falava como se dela tivesse participado no casamento de seus pais Mathias e Alice Lacerda.
A praça da Luz, onde hoje se encontra o Colégio Estadual Luiz Reid, era onde ia para visitar dona Yaiá Vieira, ou quando ia à casa de Filinha Tolisano. Era ali que descansava da longa jornada Rua do Meio/Fazenda.
Mangueiras, Jaboticabas, Goiabas, Tamarindo eram as frutas que esta praça, que antes tinha servido de palco para o enforcamento de Motta Coqueiro, tinham para ela se divertir. Diversão de seus 13, 14 e 15 anos no inicio dos anos de 1900.
Imaginar-se macaense, filha e netas de macaenses que tiveram suas origens nos anos de 1830 nos sertões de Carapebus e capelinha do Amparo não podia deixar que ficasse no esquecimento da historia de Macaé e sua gente. Assim como a família do escritor, poeta e benemérito Luiz lawrie Reid foi proprietária da Fazenda que ia da atual Cancela Preta até os confins do Mulambo e Vale Encantado, ela era descendente do sangue nativo de Macaé e filha do ex proprietário da Fazenda do Ayris.
Dai esta sublime ligação macaense/paulistana entre ela, Luiz Reid e dona Nicla nas nunca esquecidas recordações de suas origens. A presença, já nos anos de 1960 de Armando Reid, caminhando lenta e delicadamente pelas ruas, ainda empoeiradas de suas lembranças levando leite e queijo para revenda faz parte de um mundo imaginário/real que, as pessoas que estão longe, começam a sentir necessidade de por a fluir na fala.
Acho até que todas as pessoas nascidas em cidades pequenas , em qualquer parte do universo relembram alegres e felizes, quando lhes são tocados o sublime momento da fala e, sentir-se ouvinte, neste encanto que nasce da saudade .
As vezes poetas e escritores procuram situar-se no sublime momento em que a saudade é tocada em suas miltibras facetas. A saudade fica sendo motivos de longas e intermináveis poesias e poemas. Na verdade, penso eu, esta saudade esta muito bem perto da gente. Ela mora na pequena distancia que existe entre a fala de quem viveu momentos de saudades com a presença do ouvinte. Calar-se e ouvir as determinantes da vivencia de Ecila punha o ouvinte no patamar onde residia o divino das belas recordações de seu mundo imaginário. Dai, esta pequena distância do ouvido até aos lábios de quem faz da falácia sublime, o encanto de suas vivencias. Nicla reid, disse, no ULTIMO CONTO DE LUIZ REID, cuja integra pretendo ainda publicar, que seu velho companheiro assim se refere quando fala em sua cidade:”...O insucesso não me abatera. Quem nasceu na baixada fluminense, sabe que a teimosia, na certeza, a tenacidade, nas lutas, e a indiferença, na adversidade, são as virtudes que fizeram fortes todos os filhos de Macaé”.... Olhem a beleza do amor e do carinho que este lindo ser macaense faz questão de escrever em seu ultimo conto que tenho comigo o original onde Luiz Lawrie Reid pos o nome de “Porque saímos da vida sem entende-la e entramos na morte sem conhece-la .
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