ECILA

José Milbs

Capitulo XIII

Ninguém, nenhum de seus filhos e ouvintes tinham coragem de dizer como se encontra hoje a praia de Imbetiba de sua infância bravia. Nunca,e disto, alguns dedos foram erguidos até a boca em sinal de não fale nada . Para que dizer para Ecila que sua linda Praia de coloração pura e cristalina tinha virada uma podre e fedorenta Praça Mauá? Para que dizer que as areias estavam podres e nunca mais se poderá ver as Estrelas e Conchas vindo ate ao final do espraiamento das ondas. Não era bom mexer nesta beleza intocada. Vamos deixar que ela leve, em sua viagem pelo universo, ao se desprender da matéria, uma imagem de uma Cidade e de uma Praia bela . Jamais alguém lhe disse que, ao invés de Caramujos, Conchas, Estrelas do Mar, Ouriços, Àguas Viva e Àgua Cristalina agora é detritos e feses internacionais vindas de terríveis destruidores da natureza que fizeram da ex- Praia de Imbetiba seu habitat.

Ecila nunca saberá que domesticaram as ondas com milhares de pedras monstruosas que não deixam mais o Por do Sol fazer seus raios Cor de Ouro brilharem por entre pingos de água no vai e vem de ondas inexistentes. Não, Ecila vai continuar em São Paulo, como Luiz Lawrie Reid e Nicla , vendo a Macaé que eles viram nas suas infâncias puras de uma cidade Pura.

O tempo não passa quando se esta perto de tanta beleza que flui das conversas de Ecila. A rua Direita para ela ainda tem as Cadeiras nas Calçadas espalhadas por todo seu curso. Não sabe das destruições dos Casarões que dariam lugar a uma cidade fria, violenta e triste. Para Ecila ainda tem a casa de dr. Abílio de Souza, pai de seus amigos de corridas de piques Ronald de Souza, Abilinho, Ivonildes e Barenice. Não sabe que hoje lá está um Banco e que a Palmeira que o dr. Abilio plantou está expremida num canto na fronteira do quintal do velho seu Monclar pai de Nelito.

Ainda pergunta pelo casarão do Faustino Marciano e de dona Maria Castro, mãe de Nilo e therezinha. Ecila acha que a casa do tabelião Otto existe onde hoje uma loja de eletro faz do mármore a substiuiçao do jardin onde dalhas, margaridas e roseiras eram pedido mudas para replante.Era alí que morava o Julio Olivier, pai do seu amigo Julinho Maximiliano Olivier Filho que virou General em Sampa.

Ecila nao sabe que a Nova Aurura foi dividida ao meio e nem que os dois leões que tinham ao lado da casa de seu Ximenes não estejam mais na beirada do muros.

Esta cidade ela tem na mente, tem na cabeça de Luiz Reid, de Nicla e de muitos paulistas que a escutam em seu relato das coisas lindas da Macaé dos tempos deles.

Ecila ainda acha que a praça Verisisimo de Mello, a rua da Praia e a praça Washintgon Luiz ostentam as árvores frondosas, Tamarindus, Oitis (até que ainda tem) e que lindos patos passeiam alegres nas piscinas naturias que eram seu habitat natural.

A própria descaracterização do interior da Igreja Matriz de São João Baptista onde ia nas ladainhas e missas em companhia de sua mãe, não é-lhe contado. O correr de casas, na rua paralela a Igreja, onde moravam as senhoras doApostolado da Oração , mães de Waldyr, Wilson, Inês, Lucia, isto ela falava e recontava detalhes. O depósito de Cloves Mello, filho de Cezar, contemporâneo de seu Pai Mathias, de Julio Olivier e Washington Luiz. Tudo, detalhe por detalhe e até as roupas rendadas, com fios brancos que os cachecóes de dona Marietta Peixoto, esposa do juiz Benedito Peixoto usava, ela não esquecia. As alegres conversas com Dona Rina, os jogos de baralho nas salas, tudo ela se recorda e conta com detalhes. Até os palavrões em Italiano que a meiga dona rina falava ela se lembra e os repete.

vafanculo e filio de la minhota são suavisados pela vóz alegre que Ecila põe aos que lhe escutam os fatos.

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