ECILA

José Milbs

Capitulo XI

As tardes iam se transformando em aulas macaense. As vezes uma telefonada para Nicle Reid, outra para Mário que se tornou Desembargador, outra para Jarbas Gerente do Banerj onde ela recebia seus vencimentos como Aposentada do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Estes telefoneas eram longos como longos eram as lembranças.Ora das esticadas lembranças de Macaé outras com as recordações do Rio de Janeiro, de Copacabana, Botafogo, Flamengo, Vila Izabel e Del Castilho. Locais onde centenas de amigos lembram sua passagem quando trabalhava na Infância e Juventude do Tribunal e ia em casas e bairros ver menores infratores.

Ela e Elieser Rosa sabiam o quando era duro ver menores nas ruas do Rio de Janeiro. No Bairro do Jacarezinho e nas cercanias do Morro do Jacaré tinha dezenas de casas que ela ia e se fazia querida. Mulheres deste bairro como Marlene e Marilande eram tão amigas dela que comadres se tornaram de uma forma lindamente inesquecível. Era telefones quase diários destas moradoras mesmo morando em São Paulo. Ecila sabia das belezas do interior das pessoas. Sabia que o “sorriso puro abria s portas para o carinho” e dai que ela ao sorrir e falar sorrindo ia consolidando sua existência feliz num mundo cercado de belezas humanas.

Atenta aos netos e bisnetos, fiel aos filhos e amiga do ex marido Gama, reverenciada e amada pelos filhos dele com outras companheira ela ia, sem saber criando uma áurea de simplicidade e amor junto a este emaranhado de gente.

Era comum ver, em sua cama, já aos oitenta anos, filhos dela e filhos dele, seu ex marido, rindo com suas alegres histórias de uma vida vivida e amada. Ex mulheres de Gama ligavam e reclamavam de fatos corriqueiros ele aconselhava com alegres tiradas de interior as amargas conversas que vinham ate ele e eram transformadas em doces conversas. Dai em diante era conversa vem conversa vai com pessoas que ela sabia habitar o mundo de seu ex marido e sofriam o que ela, agora achava engraçado na vida comum do casal.

As presenças da infância sempre se fazia presente quando algum de seus filhos iam até São Paulo para visitas corrigueiras. Nestes momentos ela cruzava suas pernas, deixava fluir sua memória e perguntava por tudo. Os acorde do piano de dona Honorina, os deliciosos doces de Dona Arlete Pinto, As inteligentes aulas de Dinorah, Zizi de Ricardino, queria saber como estava Conceição Ramos, Heleosina Mattoso e dona Delzinha, se Pierre, Ilda, Mirsis e Jacyra ainda ministravam aulas e onde estava morando sua prima Taíra Tavares.

Não esquecia um só instante de suas infâncias e gente que habitavam Macaé em suas andanças infantis. Falava de sua ex mestra Ana benedita, de seu colega de colégio Miguel Ângelo e de Letícia a quem sempre “dizia conher tudo de musica de ouvido” A mente divavava entre alegres falas e reluzes de olhar. As pálpebras se transformavam em depositário de lembranças que fluíam na medida que ia perguntando e, de cada uma das pessoas dissecava a existência. Todas as perguntas e respostas tinham quase uma biografia completa dos seus conhecimentos. Dai se deduz o quanto foi proveitusos para Ecila as suas andanças infantis nas ruas esburadas e empoeiradas de sua Macaé nos anos 20. As perguntas iam se sucedendo na medida que sua mente ia revendo suas, vielas, becos, valas e matinhos nas ruas recordativas horas de encantamento. 
anterior índice próximo

Jornal O Rebate