OBAMA, BRASIL E AS ELEIÇÕES DE 2010

Todo esse foguetório armado em cima da vitória de Barak Hussein Obama nas eleições presidenciais norte-americanas tem um objetivo implícito e outro explícito, falo da mídia brasileira, fiel representante de nossas elites colonizadas. Reflete o pensamento e o desejo dessas elites. É preciso manter a "boiada" mansa e dentro dos currais à espera da hora do abate, ou de pastar.

O implícito acontece em médio prazo e se volta para as eleições de 2010. Um novo presidente será eleito no Brasil e o governador de São Paulo, José Serra, além de favorito é o preferido de onze entre cada dez democratas ou republicanos nos EUA. Obama é vaselina, ao contrário de Bush que é areia. Na essência não existem diferenças entre um e outro. O futuro presidente já disse e repetiu que a grande ameaça ao "mundo livre" é o Irã e não Israel em sua política de genocídio contra palestinos. 

O objetivo explícito é o de  acentuar em cada brasileiro a condição de colonizado num mundo globalizado, onde cada de um nós é responsável pelo todo, crises inclusive e a partir de fogos que espocam em estrelas das mais variadas cores nos tornar felizes diante de condição de subcidadãos "norte-americanos". Assim do tipo se a General Motors vai à falência ou a Ford, ou a Chrysler, vamos ratear a conta para que cidadãos (sem o sub, lógico) norte-americanos possam continuar a comer hambúrguer e se fartar de catchup e maionese na presunção que isso é símbolo de civilização superior.

Nessa medida governos como o de Chávez, Evo Morales, Rafael Corrêa e Fernando Lugo não interessam nem a Bush e nem a Obama porque contrariam interesses dos eleitos divinos. Tampouco Ortega ou Castro, na Nicarágua e Cuba respectivamente.

O Brasil entra aí no mesmo espírito daquela frase de Nixon, dita na década de 60 no século passado: "para onde inclinar-se o Brasil vai se inclinar a América Latina". Foi dita ao embaixador do seu país em Brasília, logo após ter sido advertido de sistemáticas violações de direitos humanos pelo governo ditatorial do general Médice. Pouco se cita o resto da frase: "são lamentáveis essas violações, mas ele é um bom aliado".

É esse pragmatismo cínico dos governos republicanos ou democratas que leva Barak Hussein Obama a imaginar que a eleição de José Serra em 2010 vai permitir que mais rápido e mais cedo do que se possa imaginar a Colômbia possa se transferir para o Brasil. Vale dizer, o Plano Colômbia possa virar o Plano Brasil.

Uma ação política, econômica e militar voltada para subordinar governos hostis, promover golpes de estado, manter a antiga América Latrina como quintal de Washington. O Brasil, historicamente, tem se prestado a esse papel e Lula não chega a ser diferente. Aceitou colocar tropas brasileiras no Haiti (promovem sistemáticas violações de direitos humanos naquele país). Segue à risca as regras do mundo globalizado na ótica dos Estados Unidos, insere-se no contexto do modelo político e econômico e nas poucas divergências reflete apenas o que de forma precisa Ivan Pinheiro chama de "capitalismo a brasileira". Ou seja, vender um subproduto do modelo criando um sub-imperialismo.

O que o atual presidente brasileiro fez, na prática, foi descobrir o neoliberalismo populista, permitindo que ao redor de seu governo e em poucos setores do governo e do seu partido, alguns avanços se façam sentir concretos, mas ainda insuficientes para nos permitir abandonar o status de colônia de luxo.

José Serra cai como uma luva no desenho político dos democratas norte-americanos, assim como FHC foi "amigo" de Bil Clinton e isso facilitou a compra do Brasil por grupos econômicos dos EUA, algumas vezes entrelaçados a grupos europeus, mas todos na mesma matriz neoliberal.

 Quem tiver boa memória vai se lembrar de imediato e quem não tiver basta consultar os jornais da época. Quando o ditador peruano Alberto Fujimori mudou na marra a constituição de seu país para permitir um terceiro mandato e foi reeleito pela segunda vez numa fraude que acabou resultando em seu afastamento. O único presidente a dar apoio a Fujimori foi FHC. Estava de olho, ele próprio, em sua ambição desmedida de poder e subserviência absoluta ao poder central (Washington), em fazer o mesmo.

Só não emplacou porque Clinton e os senhores do mundo perceberam que as reações negativas poderiam colocar em risco o processo como um todo e era preferível manter a farsa democrática. E avaliaram certo. Um levante popular varreu Fujimori e sua turma do poder. E o que é o Peru hoje? Um governo corrupto de Alan Garcia submisso às elites nacionais que, como as daqui, são submissas às elites internacionais. Nada diferente do tempo de Fujimori.

A importância do Brasil para os EUA é e sempre foi extraordinária. Nessa medida e dentro dessa ótica. O controle da América do Sul e por extensão da América Central. Se levarmos em conta que o México diluiu-se no NAFTA (tratado de livre comércio que envolve além do México, os EUA e o Canadá) e se refugia na luta de zapatistas, Obama mesmo refugiando-se no espetáculo chamado "obamania", não representa nada além de um novo enfoque para resolver da mesma maneira de Bush questões que dizem respeito a América Latina como um todo.

Trazer de volta a idéia de ALCA (Aliança de livre comércio das Américas) ainda que com outro nome. Tem governos submissos aqui como o do Chile, do Uruguai, do Peru, da Colômbia. Vender a idéia de democracia adjetivada, quer dizer, no espírito american way life como bem supremo para o gáudio e a felicidade de todos os povos, esses dissolvidos na crença que mascar chicletes ajuda a arranjar emprego, pois o hálito se torna fresco e perfumado.  

E um emprego implica em aceitar o tudo como normal, desejável para o sucesso, o triunfo e poder admirar vitrines de marcas fantásticas que produzem coisas iluminadas e brilhantes a partir de trabalho escravo na Índia, no Timor, na Indonésia, etc. Ou nos latifúndios do etanol de Lula. Ou dos transgênicos de Lula. Ou nos eucaliptos de Ermírio de Moraes com dinheiro dado por Lula. 

Há todo um processo bem pesado, bem medido, bem calculado na idéia de vender Barak Hussein Obama, eleito presidente dos Estados Unidos para defender interesses dos Estados Unidos, como novo profeta do chamado "mundo livre".

Permeia cada cidadão que William Bonner funcionário graduado do esquema por aqui chama de Homer Simpson, ou na falsa erudição de Arnaldo Jabor (tentaram fazer dele um Paulo Francis, mas falta inteligência e cultura) e se funde numa espécie de pasta maleável como toda pasta, na instituição chamada Estado. Têm um tubo para cada necessidade. Datena, a tal Abrão, receitas de Ana Maria Braga. Fica fácil explicar a exceção virando regra, algo como os assassinatos brutais de filhos por pais, pais por filhos, estupros, toda a sorte de violência gratuita e televisiva. O modelo do tudo é normal.  Do espetáculo. 

O Estado já foi privatizada. Doada por FHC. Serra é o sonho dessa gente. Vai passar a escritura do Brasil em alto estilo, no cartório dos acordos de livre comércio e no patriotismo nacionalista da vesgueira de vários chefes militares brasileiros, empenhados em garantir a soberania nacional e a integridade do território do País, mas com sede em Washington.

O verdadeiro caminho não passa por esse mundo institucional de suposta ordem, ou ordenamento onde um bandido como gilmar mendes preside o que chamam de suprema corte. Passa pela luta popular e essa é diferente da brincadeirinha de democracia. Bem diferente.   

Quando Lula assume o tom Bush/Obama em relação ao Equador está tão somente reproduzindo o modelo e acreditando (erroneamente) que as elites agradecidas vão manter o seu partido (tem algum?) no poder nas eleições de 2010.

Elites nem têm pátria e nem sabem o que é agradecer. Impõem e pronto.

Obama é isso, o Plano Colômbia virando Plano Brasil.
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