Peru: em defesa do Presidente Gonzalo

Em 24 de setembro completam-se 20 anos da prisão do Dr. Abimael Guzmán Reynoso, o Presidente Gonzalo. Vinte anos encarcerado, condenado a prisão perpétua pelos tribunais do velho Estado peruano, separado do povo e do Partido Comunista do Peru – PCP, que dirigiu até sua prisão em 1992.

O Presidente Gonzalo segue absolutamente incomunicável desde sua prisão e, durante esses vinte anos, uma infinidade de artifícios vem sendo utilizados contra sua memória, seu pensamento e obra, bem como para aplastar a própria guerra popular dirigida pelo PCP a partir de 1980. Assim, em 1993, apareceram as chamadas "Cartas de paz", que semearam confusão nas fileiras do PCP e do Movimento Comunista Internacional.

Porém, devido a seu isolamento e incomunicabilidade, não é possível atestar que o Presidente Gonzalo seja o autor das "Cartas de paz", bem como de outros documentos a ele atribuídos depois de sua prisão. Portanto, segue sendo tarefa dos democratas e revolucionários seguir lutando pela liberdade do Dr. Abimael Guzmán.

Abaixo, AND publica o último discurso feito pelo Presidente Gonzalo em uma de suas últimas aparições públicas, já preso, em 24 de setembro de 1992, quando foi exibido como um troféu em uma jaula no pátio da prisão. Nesse, que ficou conhecido como o "discurso da jaula", o Presidente Gonzalo chama a continuar a guerra popular até a vitória, sendo, portanto, sua última palavra com autenticidade comprovada.


Discurso de Abimael Gúzman Reynoso

http://www.anovademocracia.com.br/96/16a.jpgCamaradas do Partido Comunista do Peru!

Combatentes do Exército Guerrilheiro Popular!

Povo peruano!

Vivemos momentos históricos, cada um sabe que assim é, não nos enganemos. Nesses momentos, devemos tensionar todas as forças para enfrentar as dificuldades e seguir cumprindo nossas tarefas. E conquistar as metas! Os êxitos! A vitória! É isso que deve ser feito.

Estamos aqui como filhos do povo e estamos combatendo nessas trincheiras, que são também trincheiras de combate, e o fazemos porque somos comunistas! Porque defendemos aqui os interesses do povo, os princípios do Partido, a Guerra Popular! É isso que fazemos, estamos fazendo e seguiremos fazendo!

Estamos aqui nessas circunstâncias. Uns pensam que é uma grande derrota. Sonham! E lhes dizemos: sigam sonhando. É simplesmente uma curva, nada mais, uma curva no caminho! O caminho é longo. Através dele chegaremos e triunfaremos! Vocês o verão! Vocês o verão!

Devemos dar prosseguimento às tarefas estabelecidas pelo III Pleno do Comitê Central. Um glorioso pleno! As resoluções já estão em marcha e isso prosseguirá. Seguiremos aplicando o IV Plano de Desenvolvimento Estratégico da Guerra Popular para Conquistar o Poder. Seguiremos desenvolvendo o VI Plano Militar para Construir a Conquista do Poder. E isso vai prosseguir! É Essa é a tarefa! Faremos isso pelo que somos e pela obrigação que temos com o proletariado e o povo!

Dizemos claramente que o caminho democrático hoje se desenvolve como um caminho de libertação, como um caminho popular de libertação. Essa é a circunstância em que estamos desenvolvendo. Devemos pensar com muito sentido histórico. Não devemos andar de olhos fechados. Vejamos a realidade, vejamos a história do Peru. Vejamos os três últimos séculos do Peru. É nisso que devemos pensar. Vejam o século XVIII, vejam o século XIX, vejam o século XX e os entendam! Quem não entender estará cego e o cego não serve ao país, não serve ao Peru!

Pensamos que o século XVIII foi uma lição bem clara. Pensem nisso: havia um dominador, era a Espanha. Essa dominação chupava o sangue. Para onde ela levou? A uma crise profundíssima. Como consequência, o Peru foi dividido. Daí vem o começo da atual Bolívia. Não é porque estamos dizendo, são fatos.

Pois bem. Século passado: dominação inglesa. A que levou em sua contenda com a França?  A outra grande crise na década de 70 do século passado. Consequência: guerra com o Chile. Não nos esqueçamos! O que aconteceu? Perdemos território. Apesar do sangue derramado por herois e pelo povo, nossa pátria sofre um abalo. Devemos tomar isso como lição!

Século XX: como estamos? Nesse século XX há um imperialismo que nos domina, principalmente o norte-americano. Isso é real, todos o sabem. E para onde ele nos tem levado? Sem levar em conta os anos 20, tomando aqui e agora, na pior crise de toda a história do povo peruano. Tomando lições dos séculos anteriores, em que se pode pensar? Outra vez a nação está em risco, outra vez a república está em risco, outra vez o território está em risco, pode ser perdido facilmente, e por interesses. Essa é a situação, a isso nos tem levado.

Mas temos um fato, uma revolução peruana, uma guerra popular que seguem e seguirão avançando. E onde chegamos com isso? A um Equilíbrio Estratégico. E isso temos que entender bem. Equilíbrio Estratégico que se concretiza em uma situação especial. Doze anos serviram para que? Para mostrar cabalmente para o mundo, principalmente para o povo peruano, que o Estado peruano é um tigre de papel, que está podre até o tutano. Isso está demonstrado!

Pensemos no perigo, no fato de que a nação, o país, possa ser dividido, que a nação está em risco. Querem despedaçá-la, querem dividi-la. Quem quer fazer isso? Como sempre o imperialismo, os que exploram, os que mandam. E o que devemos fazer? O que nos cabe agora? Pois bem, nos cabe fortalecer o Movimento Popular de Libertação. E faremos isso manejando na guerra popular porque o povo, sempre o povo, tem sido quem tem defendido a pátria, quem tem defendido a nação. Corresponde formar a Frente Popular de Libertação. Nos cabe formar e desenvolver, a partir do Exército Guerrilheiro Popular, um Exército Popular de Libertação. É isso que nos corresponde! É isso que faremos. É isso que estamos fazendo e vamos fazer! Vocês serão testemunhas, senhores.

Finalmente, agora, escutemos isso. Como vemos em todo o mundo, o maoísmo marcha irreprimível para comandar a nova onda da revolução proletária mundial. Entendamos e compreendamos bem! Os que têm ouvidos, utilizem-nos. Os que têm entendimento, e todos o temos, manejemo-lo! Basta de obscuridades! Entendamos isso! O que se desenvolve no mundo? De que necessitamos? Necessitamos que o maoísmo seja encarnado, gerando Partidos Comunistas que o manejem e dirijam essa nova onda da revolução proletária mundial em curso.

Tudo o que nos disseram, a conversa vazia e fútil de "nova etapa de paz", em que tem dado? O que é da Iugoslávia e outros lugares? Hoje em dia essa é a realidade: os mesmos contendentes da I e II Guerras Mundiais estão gerando, estão preparando a III nova guerra mundial. Devemos saber isso como filhos de um país oprimido. Somos parte do butim! Não podemos consentir! Basta já de exploração imperialista! Devemos acabar com eles! Somos do terceiro mundo e o terceiro mundo é base da revolução proletária mundial, com a condição de que os Partidos Comunistas a dirijam. E é isso que será feito!

Pensamos o seguinte: no próximo ano se completam cem anos do nascimento do Presidente Mao. Temos que celebrar os cem anos! Estamos organizando isso com os Partidos Comunistas. Queremos uma celebração de uma maneira nova, uma celebração que seja a compreensão consciente da importância do Presidente Mao na revolução mundial. Começaremos a celebração nesse ano e a retomaremos no próximo. Será um grandioso processo de celebração.

Quero aqui aproveitar para saudar ao proletariado internacional, às nações oprimidas da terra, ao Movimento Revolucionário Internacionalista.

Viva o Partido Comunista do Peru!

A Guerra Popular vencerá inevitavelmente!

Saudamos desde já o futuro nascimento da República Popular do Peru!

Dizemos: Glória ao marxismo-leninismo-maoísmo!

E dizemos finalmente: Honra e glória ao povo peruano!

24 de setembro de 1992

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