Um povo, dois destinos

 

coreia do sul coreia do norte

A possibilidade de a Coreia do Norte participar, em fevereiro, dos Jogos de Inverno de PyeongChang, na Coreia do Sul, mesmo que não se concretize, abre uma perspectiva para a retomada do diálogo entre dois Estados que abrigam o mesmo povo. É algo a ser buscado, mesmo se tratando de avanço ainda tênue, muito distante de corrigir os equívocos verificados nos antecedentes históricos que levaram à cisão do país asiático e suas graves consequências.

A separação da Coreia, perpetrada pelos Estados Unidos e a então União Soviética, no contexto do final da Segunda Guerra, teve o pretexto, politicamente correto, de libertá-la do jugo japonês, que remontava ao Século 19. Liberdade, contudo, não definiu a nova condição da península, cuja divisão atendeu à disputa imperialista entre as duas grandes potências militares emergentes do grande conflito mundial. Norte-americanos e soviéticos, sem perguntar aos coreanos, decidiram separar um povo, sua cultura, costumes, espiritualidade e até famílias, com a instituição de dois estados com regimes políticos diferentes e ambos divergentes da base sociológica contida no confucionismo, que, independentemente de religião, é — ou foi... — a essência da organização social do povo coreano.

A sequência da história, todos conhecemos: desenvolvimento do Sul, com democracia e capitalismo moderno, mas sempre com a presença de pesada força militar dos Estados Unidos, com bases fortemente armadas e continente numeroso de soldados, que jamais abriram mão de sua presença e vigilância na Península da Coreia; deterioração política e econômica no Norte, onde uma ditatura hereditária, hoje comandada pelo inconsequente Kim Jong-um, tira o pão e oferece armas nucleares à sociedade, como símbolo de um nacionalismo ufanista, unicamente destinado a sustentar uma estrutura anacrônica de poder. A União Soviética já não existe, a Rússia não tem mais qualquer interesse no regime norte-coreano e a China preocupada com sua inserção econômica global, mantém o discurso de apoio, mas se mostra cada vez menos disposta a bancar o “aliado” num eventual conflito bélico.

O ditador da Coreia do Norte tem agora a obsessão de tornar o país uma potência nuclear. Megalomania que encontrou respaldo à altura após a posse de Donald Trump na Presidência da República. Um choque de egos que ressuscitou o fantasma de uma guerra atômica, que há muito não assustava a humanidade.

Com certeza, a presença militar dos Estados Unidos, a marcante influência desses país na democracia do Sul e sua permanente interferência nas relações entre os dois estados da península dificultam a retomada do diálogo. É certo que a ditadura do Norte justifica permanente atenção, mas na medida certa, para que o entendimento entre os dois lados tenha mais chance. A Coreia do Norte está isolada do mundo, distanciando-se até mesmo dos antigos aliados; a Coreia do Sul está totalmente alinhada à civilização global, mas segue submetida a uma forte influência de seu protetor Tio Sam, por mais que se tente disfarçar isso.

A divisão do país foi um erro resultante do braço de ferro da Guerra Fria. É chegada a hora de corrigir esse equívoco histórico, permitindo que o povo coreano, jamais cindido em sua alma, essência e cultura, possa dialogar com mais autodeterminação. Sem a lógica ocidental nas negociações, quem sabe predomine a sabedoria de Confúcio e se possa chegar a um entendimento, mesmo tendo em um dos lados a insanidade de Kim Jong-um. É preciso “dar uma chance à paz”, como cantou o imortal John Lennon nos anos 60, clamando pelo fim da Guerra do Vietnã, resultante, aliás, da mesma disputa imperialista que separou povos e lhes impôs diferentes destinos.

publicidade
publicidade
Crochelandia

Blogs dos Colunistas

-
Ana
Kaye
Rio de Janeiro
-
Andrei
Bastos
Rio de Janeiro - RJ
-
Carolina
Faria
São Paulo - SP
-
Celso
Lungaretti
São Paulo - SP
-
Cristiane
Visentin

Nova Iorque - USA
-
Daniele
Rodrigues

Macaé - RJ
-
Denise
Dalmacchio
Vila Velha - ES
-
Doroty
Dimolitsas
Sena Madureira - AC
-
Eduardo
Ritter

Porto Alegre - RS
.
Elisio
Peixoto

São Caetano do Sul - SP
.
Francisco
Castro

Barueri - SP
.
Jaqueline
Serávia

Rio das Ostras - RJ
.
Jorge
Hori
São Paulo - SP
.
Jorge
Hessen
Brasília - DF
.
José
Milbs
Macaé - RJ
.
Lourdes
Limeira

João Pessoa - PB
.
Luiz Zatar
Tabajara

Niterói - RJ
.
Marcelo
Sguassabia

Campinas - SP
.
Marta
Peres

Minas Gerais
.
Miriam
Zelikowski

São Paulo - SP
.
Monica
Braga

Macaé - RJ
roney
Roney
Moraes

Cachoeiro - ES
roney
Sandra
Almeida

Cacoal - RO
roney
Soninha
Porto

Cruz Alta - RS