Ontem e hoje, o linchamento dos negros no USA

Um relatório intitulado Linchando na América: Confrontando o Legado do Terror Racial é o resultado de quase cinco anos de investigação feita pela Iniciativa para Justiça e Igualdade (EJI, sigla em inglês), com sede em Montgomery, Alabama, que pesquisou linchamentos ocorridos em 12 estados do sul entre 1877 e 1950. O relatório apura décadas de violência contra negros — homens, mulheres e crianças — no USA mortos por “linchamentos de terror”.

Os locais onde ocorreram quase todas essas mortes, no entanto, permanecem sem identificação no que o relatório chama de “surpreendente ausência de qualquer esforço para reconhecer, discutir ou abordar” a violência que ocorreu. Os autores afirmam que o país não poderá cicatrizar-se completamente deste capítulo doloroso de sua história até que seja  reconhecida a devastação feita e os efeitos residuais desses atos.

Bryan Stevenson, diretor do EJI, disse que a organização planeja erguer monumentos e memoriais nas comunidades onde ocorreram os linchamentos como uma maneira de romper o silêncio e iniciar uma discussão a respeito.

“É importante começar a falar sobre isso”, disse Stevenson, continuando: “Esses linchamentos eram de uma tortura e violência extremas. Eles foram, por vezes, feitos com a participação de toda a comunidade branca. Outras vezes, não foi suficiente apenas linchar uma pessoa que era o alvo, mas era necessário também aterrorizar toda a comunidade negra, queimar igrejas e atacar as casas dos negros. Eu acho que esse tipo de história realmente não pode ser ignorada”.

“Eu também acho que a época do linchamento criou uma narrativa de ‘diferença racial’, uma ‘presunção de culpabilidade’; a presunção de periculosidade que foi atribuída aos negros em particular. E essa é a mesma presunção de culpa que pesa sobre crianças e jovens que vivem em áreas urbanas, que são, às vezes, ameaçados ou baleados e assassinados por agentes da lei.”

A EJI planeja arrecadar fundos e erguer monumentos em honra à memória dos negros linchados e assassinados nessas comunidades como forma de homenageá-los e para que sua história não caia no esquecimento.

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